Quarta, 08 de Maio de 2024
   
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‘As Armas da Nossa Milícia’

Pastoral

Nessa semana, li uma notícia surpreendente sobre as Forças Armadas do nosso país. Segundo o artigo de uma respeitada revista, apesar do investimento anual de 1,5% do PIB – 28 bilhões de reais somente este ano –, as condições de defesa do Brasil são realmente precárias. O modelo de fuzil utilizado pelo Exército começou a ser produzido há 45 anos e pelo menos 120 mil exemplares têm mais de 30 anos de uso. Mais de 90% da comunicação é obsoleta. Cerca de 87% dos equipamentos estão sucateados. Boa parte da nossa artilharia e dos veículos militares é das décadas de 1970 e 1980. E o mais estarrecedor: em caso de uma guerra, a munição que as Forças Armadas têm estocada não seria suficiente para combater o inimigo nem por uma hora. Que Deus nos proteja de uma guerra ou de uma invasão militar!

Felizmente, esse não é o único armamento que nos protege. Como cristãos, há outro aparato militar para combater os inimigos – bem diferentes do dos exércitos terrenos: “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus” (2Co 10.3,4a). Diante dessa figuração, podemos – e devemos – fazer duas perguntas extremamente válidas: “Que armas são essas?” e “quem são os inimigos?”. Sobre quais são as armas “poderosas em Deus” que temos, basta olhar para o texto de Efésios 6.10-18, em que Paulo aponta a “verdade”, a “justiça”, o “evangelho da paz”, a “fé”, a “salvação” e o “Espírito”, em meio à constante “oração”, como armas espirituais descritas na figura de uma armadura militar romana dos dias do apóstolo – talvez porque ele vivesse com um soldado que o vigiava diariamente em seu período de prisão domiciliar em Roma.

A segunda pergunta pode ser respondida ao observarmos o contexto subsequente ao texto citado de 2Coríntios, no qual, fazendo referência às utilidades das “armas da nossa milícia”, o apóstolo nos indica os inimigos que temos de enfrentar: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão” (2Co 10.4-6). Segundo esse texto, dois inimigos devem ser enfrentados por nós com as armas que Deus nos dá.

O primeiro inimigo é o conhecimento arrogante. Paulo diz que os crentes, como parte da sua luta contra os exércitos inimigos, têm de entrar em seus refúgios e anular seus “argumentos” (sofismas). Esses não passam de apoios mentais vãos e falsos para que as pessoas não se dobrem ao conhecimento da verdade revelada na Palavra de Deus. São filosofias, teorias, sistemas, pensamentos, descobertas e visões – como se queira chamá-las – com as quais os perdidos se escondem de Deus e da sua revelação. Segundo o apóstolo, junto a tais argumentos corre um “sentimento orgulhoso” (altivez) que faz com que quem se esconde em tais filosofias se sinta como “dono da verdade”, uma pessoa privilegiada com um conhecimento que só uma parcela da humanidade atingiu.

O resultado dessa luta com Deus por meio de vãs filosofias faz com que o homem que as acolhe “se levante contra o conhecimento de Deus”. Nesse sentido, para a maioria dos incrédulos, qualquer conto da carochinha é mais plausível que o evangelho de Cristo – a mensagem que ensina sua divindade, sua encarnação, sua morte e ressurreição por pecadores e a salvação gratuita pela fé nele. Para esses, temas como criação, pecado, céu, inferno, e Escrituras inerrantes são coisas que somente ignorantes podem crer. Enquanto isso, esses “sábios” buscam descobrir seu futuro nas estrelas, expõem teorias sobre como a matéria veio a existir do nada e como a perfeição do universo se deu por acaso, fazem simpatias para obter sucesso, usam cristais para comandar o cosmos, pedem orientação a espíritos de mortos e afirmam a verdade a partir da sua negação. Diante de tanta tolice, nossa missão como soldados do Senhor é, pelo uso das nossas armas, levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo”.

O segundo inimigo é a atitude rebelde. O apóstolo dá sequência à ideia da batalha apontando para o objetivo que temos de “punir toda desobediência”. Fazendo isso, ele nos mostra que não é apenas na mente que estão as algemas que prendem os incrédulos, mas também no coração. A disposição rebelde que os mantém contra Deus e o prazer em fazer o que ofende o Senhor são a tônica no mundo perdido. Quanto mais o tempo passa, mais ficamos espantados com o tamanho do afastamento entre o homem perdido e os padrões bíblicos de valores e condutas. Nesse caso, a tática oferecida por Paulo é lutarmos a partir do que ele chamou de “vossa submissão”, de modo que façamos brilhar a luz de Cristo em um mundo imersos nas trevas.

Tudo isso significa que não podemos ser soldados relapsos. A dimensão e o ardor de tal guerra devem nos levar tanto ao estudo sério das Escrituras, a fim de lutar contra as soberbas filosofias, como nos levar à santidade que evidencia o mal no mundo e expõe o caráter do nosso Mestre. E na preparação para essa guerra não podemos nos acomodar, nem nos acovardar. Afinal, “nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer aquele que o arregimentou” (2Tm 2.4).

Pr. Thomas Tronco

 

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