Sábado, 20 de Abril de 2024
   
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Estudo 43 - Os Tipos de Governo da Igreja

Apesar de a Igreja ser uma assembleia de fiéis onde quer que esteja e de o Novo Testamento não definir exatamente a organização da igreja local, desde o início as igrejas tiveram um sistema organizado e uma liderança (At 14.23; 20.17; 21.18; Fp 1.1; Tt 1.5).

Mesmo demonstrando claramente a existência e função dos líderes na igreja e de sua organização, a Bíblia não especifica como isso deve ser nos mínimos detalhes, fazendo com que diversos tipos de organização eclesiástica existam atualmente. Vamos analisar alguns tipos de governo eclesiástico:

 

1 – GOVERNO MÍNIMO

Trata-se de igrejas lideradas por um pequeno grupo de presbíteros, que enfatizam os dons espirituais e minimizam o conceito de membresia. São propensos a um sistema federalista de governo. Na história encontramos exemplos como os quacres e os irmãos de Plymouth. É normalmente o sistema de governo adotado nas atuais “comunidades” e igrejas “neopentecostais”.

 

2 – GOVERNO NACIONAL

É um grupo de igrejas organizadas sob a liderança do Estado ou limitada às fronteiras de um país. O Estado pode ou não permitir a existência de outras igrejas no país e sua influência sobre a igreja estatal varia de Estado para Estado. Exemplos são as igrejas Anglicana (Inglaterra) e Luterana (Alemanha e alguns países escandinavos).

Os argumentos em favor da separação entre igreja e Estado são:

a)     Cristo fez distinção entre eles (Mt 22.21);

b)    Os cristãos têm responsabilidades para com o Estado (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13-17; e Tt 3.1);

c)     Havendo conflitos entre o povo de Deus e o Estado, há exemplos bíblicos de desobediência civil (Dn 3.6; At 5.29) e resistência pacífica a fim de evidenciar uma injustiça (At 16.37);

d)    A ausência absoluta do Estado nos processos de disciplina dentro da igreja (Mt 18.17; 1Co 5; e 2Ts 3.11-15).

 

3 – GOVERNO HIERÁRQUICO

Nesse sistema, o clero que toma as decisões está dividido em ordens ou classes, cada uma subordinada a seu superior. Na Igreja Metodista, a hierarquia é menos absolutista. Na Igreja Episcopal, a hierarquia da autoridade é mais destacada. Enquanto na Igreja Católica Romana, a autoridade baseia-se totalmente na hierarquia tendo como autoridade máxima o papa, a Igreja Anglicana combina elementos dos governos nacional e hierárquico.

A ideia se baseia na suposta linha ininterrupta de sucessão dos apóstolos. Entretanto, a Bíblia ensina que os apóstolos tiveram lugar apenas na “fundação” da igreja (Ef 2.20), não existindo mais apóstolos hoje, nem sucessão apostólica. No NT os oficiais da Igreja são apresentados como “bispos” e “diáconos” e fica nítido o fato de as palavras “bispo” e “presbítero” apontarem para a mesma pessoa. Apenas no 2º século o bispo surge como um pastor que supervisiona outros pastores e igrejas. O Didaquê, manual de doutrinas da igreja antiga, instruía cada congregação a escolher seus próprios “bispos” e “diáconos” (Didaquê 5.1).

 

4 – GOVERNO FEDERATIVO

O governo federativo ou conciliar se refere a uma unidade que “entrega sua soberania individual a uma autoridade central, mas retém poderes residuais de governo”. Em outras palavras, os membros delegam parte do seu poder aos líderes. Em relação às igrejas locais dentro de uma denominação, significa que elas abrem mão de alguns aspectos da sua autonomia em favor de uma estrutura. O melhor exemplo desses sistemas de governo é a Igreja Presbiteriana, além de alguns grupos reformados que adotam esse sistema. Normalmente envolvem presbitérios, sínodos e assembleias gerais. Na prática da igreja local, as igrejas com governo federativo e congregacional são muito parecidas.

 

5 – GOVERNO CONGREGACIONAL

Basicamente, no governo congregacional, a autoridade maior de governo da igreja está sobre os próprios membros. Além disso, cada igreja local é autônoma. Portanto, além de Cristo, não há nenhuma autoridade acima da assembleia da igreja local formada por seus próprios membros. A responsabilidade de cada decisão não precisa ser da assembleia. Ela delega responsabilidades a seus oficiais e líderes, embora eles possuam apenas um voto nas decisões da congregação. Apesar da autonomia, as igrejas podem se unir a fim de cooperarem com um objetivo comum. Exemplo de igrejas de governo congregacional são as igrejas Batista e Congregacional.

Os argumentos de apoio para essa visão são:

a)     Embora os apóstolos e seus auxiliares exercessem autoridade sobre mais de uma igreja local, o mesmo não acontecia com os presbíteros e diáconos. Na inexistência atual de apóstolos, cada igreja local é autônoma;

b)    A igreja inteira recebeu o poder de exercer a disciplina e não somente os líderes (Mt 18.17; 1Co 5.4,5; 2Co 2.6,7; 2Ts 3.14,15);

c)     A igreja inteira estava envolvida na escolha dos líderes (At 1.23,26; 6.3,5; 15.22,30; 2Co 8.19);

d)    Várias passagens comissionam a igreja toda e não apenas os líderes (Mt 28.19,20 [1]; 1Co 11.2,20);

e)     O sacerdócio de todos os cristãos colabora para o conceito de um governo democrático e congregacional (1Pe 2.5,9).

 

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[1] Note que, apesar de a ordem ter sido pronunciada diante dos apóstolos, a menção de que a validade da promessa de estar com eles é até a “consumação dos séculos” e que a ordem devia ser cumprida em todo o mundo, demonstra que a ordem foi dada à igreja em geral.

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