Sexta, 26 de Abril de 2024
   
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Heróis, Super-heróis e... Deus

Pastoral

Quando menino, tive meus heróis e super-heróis. Quase todos eram frutos da mídia: tevê, cinema, histórias em quadrinhos. Na idade adulta, foram personagens da literatura ou gente de carne e osso que viveu e atuou na história.

Ainda quando criança, admirava o Vigilante Rodoviário, seriado nacional que ia ao ar diariamente e retratava as aventuras do Vigilante Carlos e seu fiel cachorro, Ringo. Um pouco mais velho, passei a admirar o Capitão Kirk, comandante da USS Enterprise, e seu imediato, Dr. Spock, do seriado Jornada nas Estrelas. Já na adolescência, meus heróis começaram a mudar: Ernesto Che Guevara, Victor Jarra, Mercedes Sosa, Milton Nascimento e Chico Buarque.

Contudo, quando aceitei Cristo como meu Salvador e Senhor, encontrei novos heróis, como:

§         Martin Luther King: pastor batista e principal líder do movimento de luta pela igualdade racial nos Estados Unidos, nas décadas de 1950 e 1960. Lutou pelos direitos dos cidadãos americanos negros, que, em alguns Estados, sequer tinham direito a embarcar nos ônibus com brancos ou votar em eleições.

§         Dietrich Bonhoeffer: viveu na Alemanha de Hitler, foi teólogo e pastor luterano e membro da resistência alemã antinazista. Ao lado de outros pastores, fundou a Igreja Confessante, ala da igreja evangélica alemã contrária à política de Hitler de extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Rejeitando desafiadoramente o Estado nazista, proclamava: "Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador".

§         Corrie Ten Boom: serva de Deu, durante a Segunda Guerra Mundial, ajudou a salvar a vida de judeus, escondendo-os em sua casa. Foi presa pela Gestapo junto com sua irmã e pai. Depois da guerra, contou sua vida no livro O Refúgio Secreto e rodou o mundo em cruzadas evangelísticas proclamando o amor de Deus demonstrado em seu Filho Jesus.

Todas essas pessoas não desejavam ser heróis. Antes, eram conscientes de suas responsabilidades e comprometidas com a justiça. Tiveram uma vida marcada pela luta em prol dos desfavorecidos e foram fiéis às suas convicções – ainda que estas pudessem ser questionadas. No caso dos três últimos, “eram crentes fiéis comprometidos com Deus”.

Olhando para todos os “heróis” que conheço, se eu tivesse de apontar apenas um, diria sem vacilar: o profeta Habacuque. Em seu livro, Habacuque questiona Deus buscando respostas para suas dúvidas e temores. Ele se sentia inconformado ante a violência de seu próprio povo e os desvios praticados contra a Palavra de Deus (1.1-4). Mas quando Deus anuncia que o juízo – que redundaria na destruição completa de Jerusalém – viria por meio da “cruel” Babilônia (1.5-11), Habacuque se enche de mais dúvidas e conflitos que antes. Porém, ele ora e espera pacientemente a resposta às suas orações (1.12-17).

Quando Deus lhe responde (2.1-20), o profeta proclama sua total “dependência” e “confiança” na justiça e no amor do Criador, dizendo: “Mesmo não florescendo a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor, o Soberano, é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; faz-me andar em lugares altos” (Hc 3.17-19).

Quão completo paradoxo é se apoiar na “Força”, sem ter força; no “Poder”, desprovido de poder; no “fazer com Deus”, sem nada fazer sem ele!

Será que, além da admiração sentida por heróis como Habacuque, aceitaríamos ser esse “herói” que Habacuque e outros servos foram? Será que teríamos a mesma dependência de Deus, declarando e vivendo as mesmas convicções bíblicas diante das adversidades?

Ivan Venturini
Membro da IBR-SP
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