Sexta, 29 de Março de 2024
   
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Salmo 8 - Uma Profunda Destruição

 

Quem nunca recebeu, por e-mail, aquelas mensagens que correm a Internet nos fazendo rir com “pérolas” da educação moderna? Recebi, certa vez, uma dessas mensagens que sempre me fazem rir quando as releio. Segundo quem enviou, trata-se de frases retiradas de uma redação, requisitada na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2008, sobre o “aquecimento global”. Entre as pérolas há frases como estas: Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar o planeta”; “Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas”; “A Amazônia tem valor ambiental ilastimável”; “Os dismatamentos é a fonte de inlegalidade e distruição da froresta amazônia” (sic). Parece até piada...

Absurdos – e risadas – à parte, uma das frases me deixou pensativo: “A Amazônia está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo desmatamento devastador, intenso e imperdoável”. Esse é um exemplo de redundância em grau máximo. Entretanto, ele reflete um pouco da realidade das nossas matas e da nossa fauna. Quando observamos o tamanho da destruição da natureza, essa frase, uma aberração para a língua portuguesa, não nos parece tão distante da verdade em termos da geografia e biologia. A destruição tem sido, sim, profunda, devastadora e intensa.

Isso é muito triste, principalmente quando nos recordamos da fonte da natureza. Ela não é produto do acaso; não é consequência de uma explosão; não é efeito colateral de um caos no Universo. Ela é obra das mãos criativas do Senhor. Um salmista escreveu: “Sede benditos do Senhor, que fez os céus e a terra” (Sl 115.15). Não obstante, o Criador de tudo colocou o homem à frente de tudo o que há na terra: “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl 115.16). O verbo “dar”, do hebraico natan, significa também “entregar” ou “consignar”. Assim, ainda que toda a terra pertença ao Senhor, ele cedeu aos homens o direito de usufruir dela e o dever de cuidar da propriedade divina.

Olhando para a relação entre Deus e homens e entre os homens e a natureza, o Salmo 8 tem coisas interessantes a nos dizer. Em primeiro lugar, o homem, diante de Deus, nada é. Davi, vendo a criação divina, olha para o homem e diz: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?” (vv.3,4). Parece que Davi considerava a grandeza da criação de Deus como algo tão maravilhoso a ponto de nublar a própria existência do homem. Entretanto, de maneira surpreendente, Davi afirma, sobre a condição do homem: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste” (v.5). A conjunção adversativa wa (w^), traduzida aqui por “no entanto”, demonstra a distância entre a dignidade do homem como criatura e a dignidade conferida por Deus a ele. É a enorme distância entre o que deveríamos ser e o que somos.

Em lugar de sermos meras criaturas como o restante, fomos revestidos de dignidade e responsabilidade tal que nos separou do restante da criação. Quanto a ela, foi-nos dada a fim de termos “domínio”: “Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar e tudo o que percorre as sendas dos mares” (vv.6-8). A palavra mashal não significa apenas “dominar”, mas “reger” e “reinar”. É possível que a tradução “domínio” nos faça imaginar o uso cruel e egoísta da natureza. Mas esse não é o caso. O homem não recebeu de Deus o direito de usar a natureza como bem entender, mas, sim, o dever de, como um rei, reger o que lhe foi posto como direito de usufruir e dever de zelar. E a história está cheia de bons reis que chegaram a abrir mão dos seus direitos e até do seu bem-estar pelo bem do seu reino. Esses foram consagrados como bons reis. Como dominantes da criação de Deus, temos o dever de cuidar do que pertence ao Senhor e que nos foi confiado.

Portanto, o desvio do comportamento humano no sentido de destruir a natureza, em lugar de conservá-la, se deve ao fato de ser pecador. Somente quando o homem é transformado da sua condição de pecador para a condição de filho da Luz é que, também, pode haver mudança nos seus atos em relação ao restante da criação de Deus. Assim, em última instância, não é do Green Peace ou do Sea Shepherd que precisamos a fim de proteger o planeta, mas de missionários e evangelistas comprometidos em causar transformação, por meio da pregação do Evangelho, nos corações dos pecadores. Desse modo, por meio da atuação do Espírito Santo, pode haver, de modo completo e abrangente, a formação de novos seres, cujas vidas darão frutos dignos das mais belas árvores criadas por Deus.

Pr. Thomas Tronco

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