Sábado, 27 de Abril de 2024
   
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Atravessando o Inverno Espiritual (Parte 2)

Pastoral

Retomando as medidas práticas que o crente pode tomar para aquecer sua vida espiritual em meio a um rígido inverno, creio ser importante cultivar hábitos espirituais singelos, mas poderosos. Com isso, quero dizer o seguinte: muitas vezes, olhamos para os grandes homens da história e ficamos maravilhados com a quantidade de vezes que liam a Bíblia ou o tempo que permaneciam em oração. Daniel mesmo é um exemplo disso (Dn 6.10).

O fato é que, quando traçamos um objetivo grandioso como ser igual a Daniel, por exemplo, e, eventualmente, falhamos em algum ponto da jornada, fracassamos em tudo o mais. Nossa meta vai-se pelo ralo e nos sentimos completamente incapazes.

Não estou dizendo, é claro, que não devemos ter tais homens como exemplo e pensar de modo grandioso, já que nosso padrão é altíssimo: a perfeição do próprio Deus (1Pe 1.15,16). Mas eu creio que, muitas vezes, esquecemo-nos de que o processo de santificação é vagaroso e “... de glória em glória” (2Co 3.18).

Estabelecer hábitos singelos é um caminho simples para que possamos sempre estar firmes. Ler uma pequena porção da Bíblia diariamente, por exemplo, é algo que mantém nossa mente irrigada pelo Espírito Santo, ainda que, muitas vezes, não percebamos isso. Esqueça, por enquanto, aquelas metas de ler a Bíblia em xis dias ou ainda achar que uma leitura curta não é uma leitura edificante. Leia um trecho menor e se debruce sobre ele, reflita naqueles poucos versículos e retire alguma aplicação, por menor que seja, levando aquilo à campo no seu dia a dia.

Outro hábito que muito tem a ver com a nossa rotina corrida é a oração. Preciso concordar com você que orar é algo difícil. Não se trata de não sentir falta disso, pois sentimos! E muito! Mas trata-se de sempre achar que oramos pouco. Para isso, podemos até pensar naquele famoso texto do “orar sem cessar” (1Ts 5.17), mas tendemos a nos acomodar também.

Orar a todo tempo pode ser mais simples do que parece. Quando você recebe uma boa notícia e isso lhe enche de gratidão, faça uma oração breve, em sua mente, naquele exato momento. Quando você está em alguma tensão, por menor que seja, ore a Deus naquele exato momento. Quando lhe compartilharem algum motivo de oração, não espere para fazê-lo quando chegar em casa. Ore naquele exato momento. É isso que Jesus fazia (Lc 10.21; Jo 11.41,42) e é isso que precisamos fazer!

Devemos recordar sempre que a Escritura é um livro sobrenatural e a oração constitui um veículo de transformação de nosso próprio coração, já que é quando oramos que reconhecemos Deus como nosso Pai, demonstramos nossa dependência dele, expomos nossas angústias e nos submetemos à sua vontade, como Jesus fez em Mateus 26.39. Além disso, quando nutrimos tais hábitos, especialmente o da oração, começamos a perceber mais a atuação de Deus em cada detalhe de nossa vida, o que nos enche de constante gratidão e alegria (1Ts 5.16-18).

Outro fator que julgo ser essencial para uma vida espiritual mais vigorosa é o trabalho constante na igreja. Isso, talvez, seja o fator que menos nos preocupa, mas é contra o qual que precisamos lutar para não negligenciarmos.

Trabalhar na igreja não significa fazer tudo que nos pedem. Até mesmo por que Jesus não fez isso (Mc 1.35-39). Mas implica detectarmos as reais necessidades e prioridades de nossa comunidade da fé e nos empenharmos para solucioná-las. Isso pode ir desde o varrer do salão de cultos até assumir a liderança de um grupo, por exemplo. O fato é que, quando estamos trabalhando na igreja, estamos em comunhão. E a ausência de brechas muito prolongadas e constantes em nossas agendas nos impede de usar nossa criatividade para o ócio pecaminoso.

Por fim, gostaria de lhe dizer que nosso coração também precisa ser trabalhado constantemente, pois, caso contrário, jamais faremos o que descrevi acima com a real disposição de um adorador “em espírito e em verdade” (Jo 4.23).

Não quero dizer que você já não conheça tais verdades. Aliás, tenho grande convicção de que tudo que foi dito já está em sua mente. Mas, infelizmente, o pecado tornou o homem um pouco esquecido, o que é ilustrado pelo livro de Juízes e pelo próprio livro de Deuteronômio, que é a repetição da Lei (afinal, por que repetir algo se lembrássemos com facilidade?).

Desculpe pelo texto grande, mas muitas verdades me vieram à mente enquanto pensava no que você me escreveu. Espero que essas palavras tenham sido de real valia para você e minha oração é que a nossa vida espiritual caminhe novamente para um verão quente e aconchegante.

Forte abraço, amigão!

Níckolas Ramos

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