Quinta, 25 de Abril de 2024
   
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Eclesiastes 4.1-6 – Os Desvios Causados pelo Egoísmo

O Pregador levou o olhar, até agora, a recônditos da existência humana aos quais poucas pessoas costumam prestar atenção ou compreender e o que ele vê é que a vida, em si mesma, pode ser uma fonte de cansaço, sofrimento e falta de sentido. Contudo, os olhos do sábio escritor são mais penetrantes do que podem parecer e ele nota que o sofrimento não vem apenas de coisas que não controlamos, como o tempo, a mesmice e a morte. Ele percebe que o sofrimento e as tristezas também são produzidos por situações que controlamos — ou que deveríamos controlar. Assim, nesse trecho ele percebe pelo menos três desvios da conduta sábia motivada pelo egoísmo, ou seja, por amor próprio, algo muito comum a quem crê que tudo que se pode obter da vida está “debaixo do Sol”, almejando toda felicidade que puder agarrar aqui e agora.

É certo que o trecho entre os capítulos 4 e 10 segue um curso menos linear do que o que escritor seguiu até então, o que faz muitos comentaristas e críticos da Bíblia verem nisso certa descontinuidade que — segundo dizem — tira qualquer sentido ou mensagem central do livro e põe em dúvida até mesmo a data e a autoria salomônica que o próprio livro afirma ter. Mas nada disso é verdade. Devemos ter em mente que o Pregador anunciou sua proposta e trabalho de “estudar e investigar com sabedoria tudo que acontece debaixo do céu” (1.13). Para tanto, depois de iniciar suas reflexões sobre os temas mais marcantes da existência, ele passa a focalizar pontos isolados dentro do quadro geral, como se usasse um binóculo para ver detalhes que se perdem a olho nu, na larga visão sobre o mundo. E quanto à acusação de falta de unidade no livro, o que os críticos não veem — ou não querem ver — é que, independente de que área da vida o escritor analise e trate, há uma constante contraposição entre a tristeza, a tolice e a futilidade nas coisas e propósitos puramente “debaixo do Sol” e a fé e temor do Senhor, os quais não apenas conferem sabedoria ao homem, mas dão sentido a todas as coisas que seriam fúteis, finitas e sem significado para ele.[1] As conclusões e aplicações dos dois últimos capítulos não apenas comprovam tal visão como dão o acabamento final de uma peça única, linda e valiosa.

Assim, em um capítulo que aborda diversos aspectos das relações humanas, o autor consegue perceber alguns desvios sérios de conduta que as pessoas assumem simplesmente por verem a vida e os valores da perspectiva que se limita às coisas e ao tempo “debaixo do Sol”. Tais pessoas creem que o que elas têm a viver e aproveitar da vida só pode ser alcançado aqui e agora. Essa perspectiva exerce grande impacto sobre o ser humano. Afinal, se ele perder qualquer oportunidade em função do bem alheio, jamais poderá recuperar o que deixou de adquirir, sentir, viver ou aproveitar e sairá perdendo. Sem qualquer sombra de dúvida, esse é um modo de pensar que gera, inevitavelmente, um terrível egoísmo. Portanto, segundo tal visão, só o próprio homem pode garantir seu sucesso e apenas ele pode sentir sua felicidade. Na busca insana por alcançar tais coisas, esse trecho mostra três desvios da sabedoria causados por esse egoísmo, além de oferecer uma visão alternativa equilibrada, ao final, a fim de reprovar tais desvios.

O primeiro desvio da conduta sábia apontado pelo escritor é a “opressão” (v.1a) “Então, voltei a considerar sobre toda a opressão que ocorre debaixo do Sol”. Havia — e sempre há — vários modos de oprimir as pessoas. Mas os dois principais, tratados e acusados no Antigo Testamento, são a usura e a injustiça. Por “usura” queremos dizer que os judeus abonados se valiam das necessidades financeiras de alguns de seus irmãos compatriotas para lhes emprestar dinheiro ou recursos cobrando altos juros (Pv 28.8), algo que era proibido na lei mosaica (Êx 22.25; Lv 25.36,37; Ez 18.12,13), resultando na privação de terras e até da liberdade pessoal dos devedores (Ne 5.1-5; Jr 22.13,14), os quais perdiam tudo que tinham e eram reduzidos à servidão, ou seja, ao trabalho imposto obrigatoriamente a fim de saldar seus débitos com o credor. Em alguns casos, tal condição não era muito diferente da própria escravidão, também proibida para compatriotas (Lv 25.35-39; Ne 5.8-12; Jr 34.8-22). Por outro lado, ao dizer “injustiça”, apontamos para os conluios feitos entre homens ricos e as autoridades judiciais a fim de definir, por meio de pagamento, sentenças em favor dos poderosos (1Sm 8.3; 1Rs 21.5-16; Mq 2.1,2; 3.11) — o que chamamos de “corrupção” —, negando o direito e a proteção aos pobres indefesos (Is 1.23, Ez 22.29), algo também proibido duramente pelas Escrituras (Is 10.1; Jr 5.28,29).

Por mais incrível que possa parecer a alguns, as acusações dos profetas contra essas injustiças sociais são muito mais numerosas do que a acusação contra a adoração a outros deuses por parte dos israelitas. O resultado não podia ser outro, além de sofrimento e choro dos indefesos oprimidos (v.1b) “Vi as lágrimas dos oprimidos e não havia quem os consolasse. Vi a violência das mãos dos seus opressores e não havia quem os aliviasse”. A expressão “lágrimas dos oprimidos” é muito fácil de compreender, mas a expressão “violência das mãos dos seus opressores” precisa de alguma explicação, pois ela pode ser simplesmente traduzida como “poder dos opressores”. Entretanto, o fato que o escritor está apontando não é o poder no sentido de capacidade, mas seu mau uso contra outros, agindo com as diversas formas de violência que o poder possibilita, seja física, social ou financeira.

Outra observação importante é que as frases traduzidas como “não havia quem os consolasse” e “não havia quem os aliviasse” têm formas idênticas em hebraico, mas o espectro de significados da última palavra permite que ela se ajuste de modo peculiar aos contextos de “lágrimas” e de “violência”. Entretanto, é importante notar que, em ambos os casos, o autor utiliza a mesma forma de escrever a fim de enfatizar a total falta de proteção e alívio que era vivenciada diariamente por tais pessoas, a quem ele chama de “oprimidos”. Outra observação necessária de se fazer é que as “lágrimas dos oprimidos”, descritas na primeira cláusula desse trecho, são explicadas claramente pela “violência dos opressores” da segunda cláusula, em uma relação mais que óbvia de causa e efeito.

Essas implicações não são tão difíceis de perceber ou compreender no texto. O mais difícil de entender é porque essas injustiças ocorriam diante dos olhos do rei de Israel sem que houvesse quem impedisse tal opressão, nem ele mesmo. Se ele foi sábio para notar a opressão, por que não foi sábio para impedi-la? A primeira possibilidade é que ele tenha testemunhado tais abusos por parte de reis e comitivas oficiais de outros países sobre os quais ele não tinha jurisdição para interferir em ações desse tipo. A segunda possibilidade — mais provável — é que esse tratamento fizesse parte da organização social da época e estivesse dentro dos limites do sistema legal, ainda que fosse moralmente condenável. Talvez, como rei, ele tenha interferido em alguns casos extraordinários, mas não tinha como mudar toda a estrutura social dos seus dias, tendo apenas de observá-la e meditar sobre tal condição. Além do mais, não podemos isentar o próprio Pregador desse desvio, já que instituiu, a certa altura do seu governo, pesados impostos e um sistema de trabalhos forçados que oprimiram seus súditos (1Rs 12.1-4 cf. 1Rs 11.28).

A conclusão que o sábio rei chega, diante das injustiças e opressões que percebeu entranhadas no seio da sociedade, chega a ser, além de intrigante, um pouco chocante para o leitor (v.2) “Então, eu concluí que aqueles que já haviam morrido eram mais felizes que aqueles que ainda viviam”. O trecho traduzido como “mais felizes que aqueles que ainda viviam” quer literalmente dizer “mais vivos que aqueles que ainda viviam”. Com o uso de uma preposição comparativa,[2] o escritor não está pensando na vida após a morte, mas utilizando uma expressão ou um trocadilho a fim de mostrar que a condição do morto, que vivia antes em opressão, era melhor que a daquele que ainda era oprimido em vida. Nós usamos uma expressão parecida quando reclamamos de certa condição, dizendo “isso não é vida!”. É claro que quem diz isso está vivo, mas está se queixando das circunstâncias negativas a que está sendo exposto. O mesmo ocorre quando alguém, ao contrário, desfruta bons momentos e se regozija, dizendo “isso é que é vida”. Por isso, a tradução “felizes” — ou “afortunados” — transmite bem a ideia que o escritor pretende produzir na mente do leitor. 

O Pregador avalia a vida desses oprimidos como uma subexistência — não uma sub-humanidade, pois sua condição humana não era afetada, mas sim sua condição de vida, o que torna a situação ainda mais terrível. Isso ocorria por lhe serem negados certos aspectos fundamentais da vida, como respeito e dignidade, e lhes ser imposta uma carga injusta que somente o egoísmo e a insensibilidade dos seus opressores podiam explicar. O fato é que a indignação do Pregador com a crueldade da estrutura social é tal que faz com que ele sinta que a morte é preferível à vida. É claro que ele não está ensinando os oprimidos a buscar o suicídio, mas ter na morte — na vida após a morte, na verdade —, como ensina em 3.15c-17, a esperança do fim das opressões, pois é “nela” que Deus julga o opressor.[3]

A conclusão do escritor continua, mantendo certo caráter hiperbólico, com a intenção de destacar o sofrimento pelo qual os oprimidos passam (v.3) “Porém, melhor que os dois é aquele que ainda não nasceu, que não viu os feitos ruins que ocorrem debaixo do Sol”. O termo traduzido como “ruins” pode, nesse contexto, e de acordo com seu significado léxico, ser substituído por “maldosos”. Isso quer dizer que o egoísmo pode levar os homens a níveis de maldade com os quais eles jamais sonharam, nem nunca planejaram fazer. Ainda assim, o homem que se deixa dominar pelo exclusivismo e preeminência sobre todos ao redor acaba se transformando em alguém deformado pelo mal. Por isso, a intenção do escritor, ao dizer que melhor é aquele que “ainda não nasceu”, não é apoiar o aborto ou algo assim. Ele também não quer dizer que a vida seja um erro que nunca deveria ter sido cometido, pois ele mesmo, ao longo do livro, valoriza a existência vinda das mãos do Deus criador. Na verdade, o que ele deseja enfatizar nesse trecho é o sofrimento gerado quando o homem, em meio à vida em sociedade, sente o peso e as dores vindas dos “feitos ruins que ocorrem debaixo do Sol”. É isso que o texto pretende destacar. Por isso se menciona a boa condição dos que ainda não nasceram, não porque não tenham vida, mas simplesmente porque “ainda” não conheceram as dores da vida, muitas delas causadas por outros homens motivados por maldade e egoísmo.[4]

O segundo desvio descrito pelo autor é a “inveja” (v.4a) “Então, eu percebi que todo trabalho e todo êxito ocorrem por causa da inveja que o homem tem do seu próximo”. A frase “todo trabalho e todo êxito” também pode ser traduzida, se compreendida como uma hendíadis,[5] como “todo trabalho habilidoso”. Entretanto, o efeito da frase permanece o mesmo. Aponta para o esforço exagerado que o homem faz para ser o melhor em tudo e sobrepujar seus pares. Para o homem egoísta, que vive de acordo com os valores “debaixo do Sol”, não basta ter o necessário para sua sobrevivência e conforto. Ele tem de ser o melhor, tem de ocupar o cargo mais alto, tem de morar na melhor casa e dirigir o melhor carro, tem de ser o centro das atenções em todo lugar que vai e ter as pessoas ao redor servindo-o e se esforçando para agradá-lo. Trata-se de uma competitividade não motivada por razões positivas e edificantes, mas pela inveja dos outros e por valores distorcidos que fazem com que a pessoa pense que ela só é boa o bastante se superar os demais.[6]

Um homem tomado por esse tipo de egoísmo não consegue se alegrar com o sucesso dos seus próximos, não torce por eles, não os ajuda a avançar e chega até a atrapalhá-los, se tiver a chance. Alguns tipos de egoístas sentem e fazem tais coisas até mesmo com seus familiares. É terrível! Por isso, se outra pessoa ocupar uma posição superior à dele ou acumular mais bens, a inveja que sente do seu próximo o faz trabalhar e se esforçar mais ainda, não dando valor a mais nada na vida, nem para o descanso, família, amigos e, principalmente, para Deus. Ele age como quem quer agarrar com as mãos o mundo todo enquanto sente que tudo lhe escorre entre os dedos, o que faz com que nunca se satisfaça ou pense já ter ou ser o bastante. Em nossos dias, uma pessoa assim, chamada em alguns círculos de workaholic — uma espécie de viciado ou compulsivo por trabalho —, é muito bem-vista, elogiada e imitada por vários outros, mas Salomão entende muito bem o que está por trás disso e aonde, de fato, essa pessoa vai chegar, dando sua conclusão ao leitor (v.4b) “Isso também é futilidade e correr atrás do vento.

Mas ainda há o terceiro desvio da conduta sábia abordado pelo Pregador, que é a “preguiça” (v.5) “O tolo cruza os braços e come sua própria carne”. Apesar de essa atitude ser diametralmente oposta à do homem do caso anterior, a motivação que a rege ainda é o egoísmo, mas com visões e aplicações práticas bem diferentes. Esse homem parece notar que, além das dificuldades e cansaços ligados ao trabalho duro e à competição com outros, há também um triste sentimento de um vazio que jaz por trás de seus resultados,[7] conforme o escritor já afirmou antes. Assim, tal homem, distintamente nomeado de “tolo”, crê que o amor por si mesmo deve libertá-lo imediatamente de todas as coisas de que ele não gosta e que tornam sua vida difícil e sofrida. Ele também não se importa com os outros, nem com seus mais próximos e queridos familiares, deixando-os à própria mercê, simplesmente por colocar seu desejo desmedido por descanso em primeiro lugar.

O resultado, anunciado pelo autor, é que uma pessoa assim “come sua própria carne”. Essa é, majoritariamente, uma figura de linguagem que pretende dizer que o preguiçoso dissipa e perde todos os seus bens, como se destruísse, por vontade própria ou por necessidade, seu próprio corpo. Mas a consequência física, em muitos casos, é inevitável. Quando o preguiçoso deixa de trabalhar para “aproveitar sua liberdade”, segundo pensa, ele deixa também de obter as coisas necessárias para seu sustento e subsistência, assumindo, muitas vezes, uma aparência de subnutrição mais frequentemente vista entre famintos de guerra que em pessoas que vivem em uma sociedade pacífica e com oportunidades de trabalho.

Salomão, no livro de Provérbios, se preocupou bastante em falar sobre a preguiça e seus males. Ele explica que as dificuldades naturais que todos têm de enfrentar para trabalhar e sustentar os seus são utilizadas como desculpas para que o preguiçoso fuja da dureza dos afazeres, sofrendo, posteriormente, por causa disso: “O preguiçoso não lavra por causa do inverno, pelo que, na sega, procura e nada encontra” (Pv 20.4). Entretanto, o Pregador tem uma visão tão grave da pessoa indolente que lança mão de provérbios, que ele propositalmente leva ao exagero, a fim de descrever o que a preguiça pode fazer a alguém e explicar a razão de ter afirmado que esse homem “come sua própria carne”. Assim, ele escreve que, por um lado, “o preguiçoso não assará a sua caça” (Pv 12.27a) e que, por outro, “o preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca” (Pv 19.24). O amor egoísta que pretende dar a si mesmo apenas descanso, diversão e tranquilidade é um desvio terrível, bem característico de um “tolo”.

Em contraposição a esses três tipos de gente — um que oprime os outros para ser servido como não deveria e ter o que nunca teria honestamente, outro que se mata de trabalhar para ser melhor que outras pessoas e outro, ainda, que deixa a preguiça tomar conta da sua vida —, o Pregador apresenta agora o raciocínio e o modo de viver de um homem sábio e equilibrado neste mundo (v.6) “Melhor é encher uma mão de descanso que encher as duas de trabalho e correr atrás do vento”. Algumas versões supõem que o versículo 6 faça parte da motivação do tolo, do versículo anterior, a fim de não trabalhar e, para indicar isso, acrescentam à tradução algum trecho como “dizendo ele” ou “ele pensa assim”. Quem opta por essa interpretação o faz, provavelmente, motivado pela primeira ocorrência da palavra “encher”, palavra que outras traduções, que discordam desse ponto de vista, costumam omitir, mas sem razão. Uma versão alternativa diria que é “melhor um punhado de descanso que dois punhados de trabalho”, mas a ideia do escritor ficaria reduzida, sem a ênfase do verbo “encher”. O problema é que, quando você associa a palavra “encher” ao “descanso”, a impressão que se pode ter é a de preguiça e ausência de trabalho, algo semelhante ao exposto no versículo anterior. Mas esse não parece ser o caso, pois o que caracteriza a ação da primeira parte é que ela se dá apenas sobre “uma mão” e não sobre “as duas” da segunda parte. Seria uma frase proverbial parecida com outra que conhecemos e utilizamos, a qual diz que “é melhor um pássaro na mão que dois voando”.

Assim, ao dizer que é bom encher “uma mão de descanso”, a implicação é que a outra mão está se ocupando dos seus deveres laborais. Trata-se apenas da figura de uma pessoa que sabe dosar o trabalho com o descanso, a qual nem vive apenas para o trabalho, com as duas mãos plenamente ocupadas por causa da competitividade movida pela inveja alheia — como a do versículo 4 —, nem é preguiçosa, de braços cruzados — como a do versículo 5.[8] Em vez disso, o Pregador descreve o quarto tipo de pessoa que não está presa a nenhum dos três desvios causados pelo egoísmo descritos nesse trecho. Na verdade, trata-se de alguém que está no meio do caminho entre aquele que vive para adquirir coisas e o preguiçoso, uma posição muito boa para alguém assumir, mas difícil de manter por causa da inveja e do egoísmo que acometem o ser humano.[9] Desse modo, o Pregador parece ver que é possível alguém, mesmo com seus olhos voltados para as coisas e valores debaixo do Sol, viver de modo equilibrado, mas pelo modo breve que se refere a esse tipo de pessoa no texto, é muito provável que o escritor saiba como é difícil para o homem sem Deus se manter firme, por muito tempo, sobre essa corda-bamba, sendo puxado pelo egoísmo para todos os lados até que perca a estabilidade e caia.

Isso não quer dizer que essa visão equilibrada da vida e do trabalho seja errada. O problema com ela é a dificuldade de ser mantida enquanto é duramente pressionada pelo egoísmo de quem acha que tudo que pode obter da vida está agora diante dos seus olhos. A mesma postura equilibrada é tratada e motivada por outros pilares naqueles que, pela fé em Deus e no salvador Jesus Cristo, esperam o melhor da sua existência na vida acima do céu, não somente pelos valores presentes que lhes vêm de lá, por meio da Palavra de Deus, mas por sua esperança futura de vida eterna ao lado do seu Senhor. Quando o homem tem tal fé e visão, ele, como pecador, ainda é atiçado pelo egoísmo, mas sabe que “opressão”, “inveja” e “preguiça” são atos e sentimentos pecaminosos que ele não quer que dirijam sua vida, nem lhe dominem como feitores de um escravo. Olhando para as coisas desse modo, com qual tipo de homem você se identificou? Se você se viu em qualquer um dos três primeiros, pare de encontrar desculpas que justifiquem seu desvio e, pela fé, lance-se nos braços e na visão do salvador, tornando-se uma pessoa equilibrada nessa vida e completa na próxima.

Pr. Thomas Tronco

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[1] Eaton, Michael A; Carr, G. Lloyd. Eclesiastes e Cantares: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 96-97.

[2] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso Fundamentos para exegese do Antigo Testamento: Manual de sintaxe hebraica (2ª ed.). São Paulo: Vida Nova, 2013, p. 130-131 [§12.3].

[3] Garrett, D. A. Proverbs, Ecclesiastes, Song of Songs. The New American Commentary. Vol. 14. Nashville: Broadman & Holman Publishers, 1993, p. 306.

[4] Keil, C. F.; Delitzsch, F. Commentary on the Old Testament. Peabody: Hendrickson, 1996, Vol. 6, p. 697.

[5] O termo “hendíadis”, cujo significado grego é “um por meio de dois”, é usado para descrever um conceito único ou unificado formado por duas palavras expostas separadamente na construção da frase.

[6] Ogden, G. S.; Zogbo, L. A Handbook on Ecclesiastes. UBS Handbook Series. New York: United Bible Societies, 1998, p. 129.

[7] Spence-Jones, H. D. M. (Ed.). Ecclesiastes. The Pulpit Commentary. London: Funk & Wagnalls: 1909, p. 88.

[8] The NET Bible. First Edition. Biblical Studies Press: www.bible.org, 2006, [Ec 4.6 – nota 24].

[9] Winter, J. Opening Up Ecclesiastes. Opening Up Commentary. Leominster: Day One Publications, 2005, p. 62-63.

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