A Conclusão do Livro de Gênesis
Os capÃtulos 48 a 50 de Gênesis englobam o final do livro. Neles vemos Jacó, já bem idoso, adotando para si os filhos de José (48.5). Ele também abençoou os dois meninos dando primazia a Efraim, o mais novo, sobre Manassés, o mais velho (48.13-20).
A seguir, Gênesis fala das palavras com que Jacó abençoou todos os seus filhos antes de morrer (cap. 49) e conta como, após dar algumas instruções relativas ao local de sua sepultura, o velho patriarca faleceu, sendo, em seguida, embalsamado por médicos egÃpcios, pranteado por setenta dias e levado para Canaã, onde foi sepultado com altas honras (50.1-14) .
Depois do sepultamento de Jacó, diz a história que os irmãos de José ficaram com medo que ele se aproveitasse da morte do pai para se vingar do mal que lhe haviam feito quando o venderam como escravo. Por isso, disseram a José que Jacó, antes de morrer, havia deixado orientações para que ele perdoasse os irmãos. Eles também se apresentaram a José dispondo-se a ser seus escravos. José, contudo, chorou ao ver isso tudo, tranqüilizou seus irmãos, prometeu sustentá-los e disse que Deus usara a maldade deles para preservar toda a famÃlia (50.15-21) .
O livro de Gênesis termina narrando como foi a morte de José, aos 110 anos. Antes de morrer, ele trouxe à lembrança de seus irmãos a promessa de que eles tinham uma terra como herança e que um dia Deus os levaria de volta para lá. Ele pediu que, quando isso acontecesse, seus ossos fossem levados dali. Em seguida, morreu e seu corpo foi posto num sarcófago, conforme o costume dos egÃpcios (50.22-26) . Há, assim, algo de lúgubre no final do livro de Gênesis. De fato, é triste ver o livro que fala sobre as origens do universo e da vida terminando com a menção de um caixão. Nesse horrÃvel contraste, porém, entre o inÃcio e o fim do livro, somos levados a ver quão grandes prejuÃzos o pecado trouxe à história humana e, assim, aprendemos a evitá-lo, considerando quão destruidor ele é.
Por outro lado, se há algo de sombrio no término desse livro, é também verdade que, no meio da escuridão da narrativa, há alguns lampejos de esperança. As próprias palavras de José em seu leito de morte são exemplos disso. Porém, a demonstração maior de que o livro também termina com belas expectativas está nas palavras de Jacó acerca de Judá.
Na bênção que o patriarca pronunciou em prol desse seu filho, ele disse, entre outras coisas, que um dia Judá seria louvado, venceria seus inimigos e reinaria sobre as nações. Ele seria como um leão que, depois de matar a presa, assenta-se e deita-se.
No Novo Testamento aprendemos que todas essas profecias se aplicam a Jesus de Nazaré, chamado de "o Leão de Judá" (Apocalipse 5.5) . Assim, ainda que haja no final de Gênesis várias notas de tristeza, no meio da melodia melancólica é possÃvel perceber as variações alegres da promessa de que um dia a humanidade seria visitada pelo Salvador.
Para nós, cuja vida é tantas vezes parecida com a conclusão do livro de Gênesis, cheia de sombras e nuvens escuras, fica a lição de que o Senhor Jesus Cristo pode fazer conosco o que fez com a narrativa: pode dar esperança de alegre redenção a todo aquele que o recebe pela fé.
"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." (Mateus 11.28-30).
Pr. Marcos Granconato