Sábado, 12 de Outubro de 2024
   
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O que é um teólogo ou um pastor liberal?

Pastoral

O que é um teólogo ou um pastor liberal? Sem muito lero-lero, o liberal é um teólogo que rejeita, a rigor, qualquer proposta bíblica que represente uma “afronta” à razão. Os liberais geralmente não aceitam, por exemplo, o relato da Queda, a narrativa do dilúvio universal, os eventos do Êxodo, os milagres de Jesus, a historicidade da ressurreição de Cristo ou o ensino sobre as penas eternas. Eles são filhos do racionalismo que vigorou nos séculos 18 e 19. Como naquele tempo a cabeça das pessoas foi tomada pela ideia da autoridade absoluta da ciência, os liberais tentaram “salvar” o cristianismo do descrédito propondo uma nova leitura das Escrituras em que os relatos e as noções que contradizem a razão fossem lidos como mitos dotados apenas de valor moral ou como historinhas que refletiam a mentalidade das sociedades antigas, úteis apenas para a análise sociológica dos povos do passado.

O liberalismo teológico não teve lá o sucesso que esperava. Isso porque, entre outras coisas, uma das maiores conquistas da ciência foi descobrir que ela própria não é senhora absoluta da verdade, estando muito longe de ser inerrante ou infalível como pensaram ingenuamente os grandes teóricos do passado. Na prática, suas conclusões não são de modo nenhum seguras e objetivas. A grande verdade é que essas conclusões não decorrem direta e objetivamente dos dados disponíveis, mas sim da leitura subjetiva desses dados feita pelo cientista que sempre impõe seus pressupostos e preconceitos à interpretação deles. Em outras palavras: a ciência se mostrou mais um acúmulo de conclusões pessoais sujeitas a erros grosseiros do que a lente segura que revela a verdade pura e inquestionável. Mas esse é outro papo... Nosso assunto são os teólogos e pastores liberais.

Mesmo com o fracasso do racionalismo, os liberais continuaram existindo, mostrando que, na verdade, seu trabalho não decorre do amor pela razão, mas sim do desejo de negar a fé — algo próprio de todos os inimigos de Deus, de gente que não gosta da sua Palavra. E esses liberais estão por aí, pastoreando igrejas, dando aulas em seminários, escrevendo livros ou promovendo teorias “modernas” que, na verdade, já foram superadas há décadas.

Por que os liberais são perigosos? Obviamente, os liberais são perigosos porque promovem a incredulidade. Ora, isso os ateus também fazem. Entretanto, os liberais são uma ameaça maior porque promovem a incredulidade desfrutando da posição de mestres da igreja. Por exemplo: por causa deles, jovens crentes que ingressam em seminários com o desejo de se preparar para servir melhor o Mestre são lançados em imensos abismos de dúvida e, afinal, caem na inutilidade, pois não veem sentido em passar a vida ensinando mitos. Isso quando não passam a viver como descrentes, contaminados pela ideia de que o pecado é só um conceito primitivo e o juízo de Deus uma velha superstição que a mente sofisticada do homem de hoje não pode levar a sério.

Os liberais também são perigosos porque agem como parasitas. Eles nunca fundam uma igreja ou uma escola teológica. Em vez disso, apropriam-se de igrejas e seminários fundados no passado por pastores e líderes conservadores. Sob o pretexto de realizar “avanços”, assenhoreiam-se de tudo que outrora pertenceu a agências promotoras da fé bíblica e as transformam em entidades a serviço do racionalismo, da incredulidade e da negação/ridicularização da ortodoxia.

Finalmente, os liberais são perigosos porque transformam as igrejas locais em meras instituições assistencialistas. Negando a realidade da Queda, do túmulo vazio e do juízo eterno, os liberais percebem que a igreja fica sem uma mensagem para proclamar. Sua existência perde o sentido e, então, para não fechar as portas (e para não ficarem desempregados), os pastores liberais (geralmente flertando com a esquerda política) transformam sua comunidade num centro de apoio social em que os membros agem como voluntários tirando piolhos de mendigos, distribuindo sopa para vagabundos e ensinando as crianças a não maltratar as árvores e os animais, sempre ao som do papo batido de que a igreja tem que cumprir uma missão social (ou “integral”).

Tudo isso é muito lindo, mas a missão precípua da igreja não é social. Sua missão é proclamar e proteger a verdade do evangelho que, se for aceita, terá um tremendo impacto não somente social, mas em todos os campos da vida. Isso porque o evangelho não tira só piolhos da cabeça; tira também valores errados, pensamentos malignos, vazios existenciais e propósitos insanos. Ao que parece, porém, para os liberais os problemas maiores são os piolhos.

Em face disso tudo, os crentes devem fugir do liberalismo. Devem se afastar de igrejas cuja liderança é liberal e se proteger das propostas dos intelectuais da incredulidade. Em tudo que fizerem, precisam seguir “a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2Tm 2.22).

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria
 

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