Sábado, 12 de Outubro de 2024
   
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Os Pés do Curupira

A lenda mais antiga documentada do folclore brasileiro é a do curupira, pelo padre jesuíta José de Anchieta (1534-1597), estabelecido em São Vicente (litoral de São Paulo), que escreveu em uma das suas cartas, em 1560: “É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios que os brasis [indígenas brasileiros] chamam curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhes açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles”.  

Outros relatos semelhantes se seguiram em 1584 (jesuíta Fernão Cardim), em 1663 (padre Simão de Vasconcelos) e em 1797 (padre João Daniel), demonstrando como a lenda era consistentemente conhecida em todo o território brasileiro. 

O curupira é retratado frequentemente como um ser de estatura pequena, corpo cabeludo, cabelos vermelhos, grande força física e pés com os calcanhares voltados para a frente do corpo para despistar — e fazer se perder na floresta — quem porventura buscasse persegui-lo.  

Os indígenas acreditavam que o curupira era implacável em aterrorizar e matar qualquer pessoa que entrasse na floresta para caçar animais ou derrubar árvores. O pavor decorrente do curupira impelia os indígenas a deixar presentes de reconciliação como fumo e cachaça para esse ativista violento do “Greenpeace” colonial.  

Todavia, não inesperado para nossos padrões, a lenda não atravessou os séculos sem ser maculada pela malícia brasileira que fez do curupira um ser sexualmente imoral que ludibriava jovens indígenas para dar vazão à sua luxúria, como é pintado sensualmente em O Curupira (1926), por um dos maiores pintores brasileiros impressionistas, Manoel Santiago (1898-1987). 

Dizer que os pés do curupira eram voltados para trás e que ele ainda era capaz de se locomover rapidamente na floresta cai muito bem para uma lenda! Por mais de 50 anos, a robótica tem tentado com extrema dificuldade desenvolver um pé robótico ideal que possa mimetizar a perfeição do pé humano, o qual possui um calcanhar flexível para absorção do choque, a flexão dos dedos dos pés com eficiência energética e um arco plantar de enrijecimento dinâmico em pontos críticos durante cada passada, com captação e liberação de energia elástica e muscular nas mais diversas circunstâncias, inclusive esportivas!  

Se compreender o pé humano já é tarefa demasiadamente difícil para os melhores engenheiros biomecânicos do mundo, imagine como é conciliar o pé com o movimento do tornozelo, joelho, quadril, abdome, tórax, coluna vertebral, cabeça e membros para a linda capacidade que Deus nos deu para andar, mas também para dançar ou praticar impressionantes modalidades esportivas. 

O evolucionismo, como se despistado pelos pés do curupira, perde-se na floresta das evidências da criação buscando atribuir a certos fósseis — ignorando largamente a complexidade que possuímos em nossa locomoção — “evidências” de hominídeos bípedes, como o que ocorreu com “Lucy” (AL 288-1), um fóssil (Autralopithecus asfarensis), encontrado na Etiópia, com cerca de 40% do esqueleto original que, embora seja montado em museus de história natural no mundo todo como bípede, tem sido questionado por cientistas sem qualquer viés religioso. 

A arqueologia e a robótica não são os únicos interessados no tema relativo aos “pés”. A Bíblia também os aborda no que tange ao uso deles ao longo da vida. Sendo assim, o apóstolo Paulo, em 1Coríntios 10, elenca uma série de pecados muito atuais para nossa geração: cobiça (v.6), idolatria (v.7), fornicação (v.8), questionar a bondade de Deus (v.9) e murmurar (v.10). E encerra essa lista tão atual dizendo que “aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” (1Co 10.12).  

Nós, cristãos, devemos estar atentos a esses pecados que podem nos fazer cair em nossa caminhada com Cristo. Ao mesmo tempo, temos de tomar cuidado com os pés dos ímpios, já que, nessa jornada de graça, acabamos encontrando “pés ligeiros para derramar sangue” (Rm 3.15). Diferente desse mau uso dos pés, nosso objetivo deve ser fazer jus ao recompensador elogio para os pés dos discípulos verdadeiros de Jesus: “Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas” (Rm 10.15). 

Ev. Leandro Boer

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