O Crime do Padre Amaro
A história é interessante. Tudo gira em torno do padre Amaro, o jovem pároco da cidade de Leiria que revela um caráter absolutamente livre de escrúpulos. Amaro mente, calunia, manipula, abusa da boa-fé dos fiéis, seduz uma jovem e até participa do assassinato de um bebê indesejado. E o que mais impressiona é que Amaro sempre encontra santas e piedosas justificativas para essas práticas, sendo incapaz de reconhecer o quanto é sujo e até pensando em como o mundo seria melhor caso nele imperassem religiosos “respeitáveis” como ele.
O crime do padre Amaro é uma obra de ficção. Porém, sabe-se que o escritor a produziu baseando-se no quadro religioso reinante em seu tempo. Assim, o padre Amaro existiu, só que com nomes diferentes e isso deve preocupar os cristãos de todos os tempos.
O retrato de Amaro mostra que alguém pode se refugiar numa religião de aparências e, às escondidas, viver como o canalha mais vil. E isso não é um mal que pertenceu exclusivamente ao catolicismo português do século 19. Há Amaros, ainda hoje, apresentando-se como pastores, missionários e evangelistas, ganhando a admiração de todos, mas sendo, na verdade, pessoas perversas, com vidas e intenções duplas.
É por isso que o crente deve ter cuidado. Não se pode avaliar alguém pela aparência ou pelos jargões que pronuncia. É preciso conhecer a vida dos ministros (Hb 13.7) e só então honrá-los. Do contrário, muitos Amaros vão tirar proveito da nossa credulidade cega.
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria