Javali
Era uma ação trabalhista em que o reclamante pleiteava danos morais porque, sendo um antigo empregado de uma empresa, recebeu dos seus superiores o apelido de “javali”.
A princípio, não entendi a razão de tanta encrenca, até que, lendo mais o acórdão, descobri que o apelido não era, na verdade,“javali”, mas sim “já vali”! Tratava-se, assim, de um epíteto realmente maldoso e humilhante que, para envergonhar o empregado, sugeria a todos que, no passado, ele tinha tido algum valor para a empresa, mas agora não prestava mais pra nada. Por isso, o tribunal julgou o recurso procedente e o empregado ganhou a indenização que queria.
Eu achei esse caso muito engraçado, mas ri durante pouco tempo. Pra mim a graça acabou quando lembrei que no serviço do Reino muitos crentes bem que merecem a alcunha de “Já vali”.
De fato, há irmãos que, em outros tempos, deram tudo de si para a Causa do Mestre. Com o passar dos anos, porém, por causa de pecados, frustrações e ressentimentos, se recolheram, passaram a fazer “corpo mole”, perderam o embalo e ficaram apagados. Geralmente, quando conversamos com essas pessoas, elas dizem: “Hoje estou meio parado, mas já trabalhei muito pelo evangelho”, ou seja, “Já vali”!
Minha expectativa é que, no ano que está para começar, nossa igreja não tenha ninguém assim. Espero que, se houver algum bicho que nos sirva de apelido, que não seja o javali. Que seja talvez o castor, aquele animalzinho que trabalha muito, fazendo diques, e permanece útil ao grupo a que pertence. Espero que seja assim em 2009, para o bem da igreja e para a glória do nosso Senhor que só dispensa do trabalho aqueles que ele chama para as férias celestes.
Castor Marcos Granconato
Soli Deo gloria