Vida Santa no Lar
Depois de certo tempo de pura dedicação, a menina, outrora tão empolgada, começou a faltar às consultas com seu psicólogo e, na sequência, aos treinos. Quando questionada, ela simplesmente dizia que não estava se sentindo bem de saúde. Chris Powell, então, resolveu contratar um espião para descobrir se a garota falava realmente a verdade. Não demorou até que se descobrisse que ela estava mentindo sobre seu estado de saúde. O problema foi que aquela participante, mesmo depois de todo o progresso que alcançara, havia se entregado novamente ao sedentarismo e à má alimentação. Perplexo, Chris perguntou a ela: “Como você pode fazer isso, como pode regredir tanto?”.
A cena que acabei de narrar me faz pensar na frustação que muitos maridos e esposas sofrem em seu casamento. Assim como Chris Powell, cônjuges observam atônitos a mudança de comportamento de seus companheiros, não sabendo exatamente como alguém que havia começado tão bem na relação matrimonial acabou se tornando apático, indiferente e egoísta. Casais que buscam santificação devem estar atentos aos comportamentos pecaminosos de seus cônjuges, ainda que em estágio embrionário. Além disso, precisam se relacionar entre si de modo santo, como Deus espera que seja. Em Gálatas 5.13-15, embora não seja um texto que trata exatamente de relação conjugal, é possível extrair pelo menos duas lições sobre como deve ser o trato de casais que buscam espelhar a glória de Deus em seus relacionamentos.
A primeira lição é que devemos amar nosso cônjuge de modo servil (v.13-14). Ao longo de toda a carta, Paulo exorta seus leitores a não voltarem às práticas da lei. Judaizantes buscavam influenciar os crentes daquela região e desacreditar os ensinos do apóstolo. Nos versículos 13 e 14, Paulo deixa claro que a liberdade de seus leitores não dava a eles licença para viver em pecado. Pelo contrário, uma vez livres da escravidão deveriam servir uns aos outros em amor.
E como isso se aplica aos casais? Em uma sociedade como a nossa, em que o mundo tenta deturpar o sentido de liberdade, é muito comum ver cônjuges, conhecedores da verdade, voltando à podridão em que viviam nos tempos de ignorância. Enquanto o mundo caído diz “satisfaça todos os seus desejos egoístas”, Deus nos exorta orientando: “Sirvam uns aos outros mediante o amor”, e ainda, “ame o próximo com a si mesmo”. Em outras palavras, é como se Paulo dissesse: não sejam egoístas, mas altruístas. Sirvam uns aos outros! Uma família bem ajustada se preocupa com o bem-estar e com as necessidades uns dos outros.
A segunda lição está no versículo 15. Depreende-se desse versículo que marido e esposa devem cultivar a unidade. O texto deixa claro que havia, entre os crentes da Galácia, um problema seriíssimo de relacionamento. Ao que tudo indica, toda religiosidade imposta pelos falsos mestres fazia deles e de seus seguidores religiosos mecânicos que observavam vários rituais, mas davam pouca atenção à vida em comunidade. O resultado não podia ser outro: divisão e discórdia.
Aqui está um erro que muitos cônjuges cometem. Muitas vezes, sem se dar conta, alguns casais acabam se tornando meros religiosos. Vão à igreja, cantam músicas e até ajudam em algum ministério, mas é somente isso. Em casa vivem em um verdadeiro campo de batalhas, em que não há unidade, nem o menor traço de afetividade. Quando Paulo diz “vocês se mordem e se devoram uns aos outros”, ele tem em mente a ideia de dois animais selvagens brigando e buscando de modo insano estraçalhar um ao outro. Tem sido assim em seu lar? Deus espera que os casais vivam em amor e unidade, verdadeiramente comprometidos em refletir a glória da imagem de Deus em seu casamento (Gn 1.27).
Sobre aquela jovem do reality show, ela acatou os conselhos de seu treinador. Perdeu bastante peso e mudou seus hábitos. E você? Está disposto a, com a força que Deus supre, viver um casamento digno do Senhor?
Robson Alves