Segunda, 11 de Novembro de 2024
   
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É Possível Concordar com os Irmãos?

Pastoral

“Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor” (Fp 4.2).

Pensar concordemente significa, em palavras mais singelas, “concordar entre si”. Trata-se de um conceito simples, porém, com aplicações largas dentro do propósito de quem escreveu tais palavras. Na verdade, o apóstolo Paulo queria que essas irmãs e os demais crentes de Filipos tivessem mais do que a mesma opinião, mas possuíssem algo como a “mesma mente” e o “mesmo coração”, ideia que pode ser vista na carta quando se diz: “Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento” (Fp 2.2).

Além da óbvia dificuldade de realizar tal ação — especialmente ao ver como a Carta aos Filipenses expande seu interesse por concordância —, outra questão a ser levantada é se há, de fato, possibilidade de se concordar uns com os outros. Qual será o significado e a implicação dessa ordem? Temos de pensar todos do mesmo jeito, nas mesmas coisas, ter a mesma opinião sobre tudo, os mesmos gostos e as mesmas aspirações? É preciso eliminar todas as diferenças e peculiaridades entre nós? É preciso concordar com os erros?

Bem, isso nem é possível, nem é esse o interesse do apóstolo. Paulo não quer que os irmãos sejam iguaizinhos, mas que vivam e trabalhem seguindo a mesma direção, conduzidos pelo mesmo guia, pelo que não somente escreve “pensem concordemente”, mas “pensem concordemente, no Senhor”. Há vários modos aceitáveis de se interpretar o complemento “no Senhor”, mas, a julgar pelos ensinos da carta, o apóstolo tem em mente que Deus não devia ser somente o alvo do pensamento daquelas irmãs e dos demais, mas o agente unificador dos objetivos dos filipenses a fim de servirem a Deus segundo seu desejo e ensino revelados. A ideia não é que todos abolissem suas distinções pessoais, mas que, “apesar delas”, todos participassem juntos da mesma obra, vida comunitária, testemunho, edificação e adoração.

Para tanto, é necessário haver entre nós alguns desejos comuns que unifiquem nossos pensamentos e, consequentemente, nossas ações:

1. Desejo de paz: “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.16-18). Ao apelar para um mesmo sentimento, Paulo quer apontar o amor operante que não somente sente, mas faz o necessário para promover a paz com os outros, pelo menos naquilo que depende de nós.

2. Desejo de unidade: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1Co 1.10). A unidade do corpo de Cristo deve ser tratada como algo de valor singular, de modo que o bem coletivo supere, em nosso modo de ver as coisas, o bem pessoal. Na verdade, quando se valoriza corretamente a unidade ensinada na Bíblia, o bem do povo de Deus se confunde com o bem pessoal.

3. Desejo de perdão: “Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança” (1Pe 3.8,9). Nesse caso, Pedro demonstra que é com uma disposição geral coesa que o perdão encontra sua melhor expressão entre os salvos, de modo que as falhas de relacionamento inerentes à atual condição humana vão sendo perdoadas à medida que convivemos entre nós com nossos defeitos e fraquezas.

4. Desejo de adoração: “Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15.5,6). Mais uma vez, o apóstolo Paulo apela ao amor, mas, dessa vez, apontando o resultado de lançar mão desse sentimento profundo e verdadeiro, que é o objetivo de glorificar a Deus e lhe render a devida adoração.

Se pensar concordemente já parecia difícil no começo do texto, a essa altura se tornou um desafio gigantesco que pode dar a impressão de ser inatingível. E essa impressão não está muito longe da realidade, pois as dificuldades são enormes. E é por isso mesmo que Paulo, depois de pedir aquele tão grande desafio em Filipenses 2.2 — e, depois, em 4.2, nomear duas irmãs, para que se esforçassem nisso —, ofereceu um exemplo de como colocar em prática esses atos complicados.

Em Filipenses 2.5-11 há o exemplo de Jesus que, não se apegando aos seus direitos, usou de uma humildade surpreendente para promover o bem dos perdidos que ele salvaria e, com isso, promover a glória de Deus Pai. Esse foi o exemplo e encorajamento que Paulo usou para que os filipenses não fizessem nada “por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3). Esse é o único modo de superar diferenças de personalidade, gosto e opinião, colocando-nos lado a lado na obra do nosso Deus. Só assim é possível pensar concordemente, no Senhor! Pense...

Pr. Thomas Tronco

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