Sábado, 12 de Outubro de 2024
   
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A Sobrevivência dos Peixes de Águas Doce e Salgada Durante o Dilúvio

Em Gênesis, encontramos a indicação de que Noé não teve de se preocupar em construir aquários em sua arca para salvar peixes. Apenas animais selvagens, de rebanhos domésticos, répteis e aves foram salvos na arca (Gn 7.14,15,21-23). Logo, como os peixes de água salgada e de água doce sobreviveram a uma catástrofe que inundou todo o planeta?

Não sabemos qual era a salinidade dos mares antes do dilúvio, mas antecipamos que, provavelmente, os oceanos tinham menor salinidade do que hoje. O texto diz que o dilúvio teve início com dois fenômenos simultâneos: as “fontes das grandes profundezas jorraram” e as “comportas do céu se abriram” (Gn 7.11). Ainda que não saibamos exatamente o que foram as “fontes das grandes profundezas”, sugere-se que tal fenômeno tenha se associado com intensa atividade vulcânica que levou à grande mortandade da vida marinha, visto que 95% dos fósseis que conhecemos hoje pertencem justamente a criaturas marinhas.

Os vulcões emitem grande quantidade de vapor, de modo que a lava, liberada na profundeza dos oceanos, aumentaria a temperatura da água, dissolvendo minerais e causando maior salinidade do meio aquoso. Ademais, a erosão dos continentes, na fase de escoamento das águas para os oceanos, pode ter carreado grande quantidade de minerais.

Muitos dos organismos marinhos de hoje, especialmente as espécies de estuário, conseguem sobreviver a grandes mudanças na salinidade das águas. Por exemplo, estrelas-do-mar conseguem tolerar concentrações baixas de sal (16% a 18% da salinidade do mar) e as cracas conseguem sobreviver em salinidades inferiores a 10% da do mar.

Espécies migratórias de peixes, como o salmão, o esturjão e a enguia, transitam, durante seu ciclo de vida, entre água doce e salgada. Também há evidências de especialização após o dilúvio, como o caso do esturjão. O esturjão do Oceano Atlântico é migratório (água doce e salgada), mas o esturjão siberiano vive apenas em água doce. E há também evidências de que a especialização tenha ocorrido com muitas outras famílias de peixes, pois o peixe-sapo, peixe-agulha, alcarraz, arenque, anchova, truta, peixe-porco, peixe-espada, peixe-escorpião e peixe-chato possuem representantes em água doce e água salgada.

A razão para a adaptação reside no impressionante funcionamento dos rins desses peixes. Os peixes de água doce excretam urina com menor quantidade de sal e os peixes de água salgada excretam urina com maior quantidade de sal. Por exemplo, o peixe-espada, quando transita da água salgada para a água doce, aumenta o volume de urina em vinte vezes e a concentração de ureia em seu sangue cai para menos de 1/3.

Aliás, muitos aquários no mundo, abertos ao público, sabendo da possibilidade de peixes se adaptarem a diferentes salinidades, desde que as mudanças sejam graduais, exibem peixes de água doce e salgada no mesmo aquário com singular beleza!

Outra possível explicação para a sobrevivência de peixes de água doce e salgada é que camadas de água doce podem permanecer sobre a água salgada por períodos prolongados. A turbulência das águas causada pela grande catástrofe do dilúvio pode ter sido menor em áreas de maior latitude, onde essas camadas abrigariam e preservariam a salinidade adequada tanto para os peixes de água doce como para os de água salgada.

Seja qual for a mudança de salinidade das águas que ocorreu durante o dilúvio, sabemos que Deus teve um cuidado maravilhoso na reversão da salinidade de águas que, dependendo do grau de salinização, podem impedir a proliferação da vida, como no Mar Morto, que é dez vezes mais salgado que os oceanos e que mata os peixes trazidos pelo rio Jordão assim que entram nessas águas.

O profeta Ezequiel nos revela um lindíssimo fenômeno que ocorrerá durante a restauração de Israel no reino milenar: a restauração das águas, inclusive do Mar Morto, que hoje não abriga vida devido à sua altíssima salinidade!

Ao contrário do que aconteceu com as águas mortais do dilúvio e seu impacto para os seres marinhos, como os peixes, as águas sofrerão uma nova transformação para trazer vida e abundância. Maravilhas nos esperam nesse reino de Cristo na Terra. Nosso Senhor, que um dia conquistou a morte, também conquistará a morte das águas salgadas criando mais uma ilustração de que a vida só pode prosperar debaixo da autoridade de Cristo.

“Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis. E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio. Será também que os pescadores estarão em pé junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande, em multidão excessiva” (Ez 47.8-10).

Ev. Leandro Boer


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