Cuidado com suas Experiências!
Particularmente, sempre que ouço falar do surgimento de novos movimentos, procuro me cercar de cuidados, sobretudo quando envolve experiências ocultas de seus líderes. Sabemos de muitas organizações heréticas que surgiram a partir do envolvimento de seus fundadores com certos “mistérios”. Em 1820, por exemplo, um jovem chamado Joseph Smith disse ter sido surpreendido em seu quarto por um ser angelical que se apresentara pelo nome de Morôni. Esse “anjo” teria lhe entregado placas de ouro onde constava, escrito em egípcio antigo, as últimas revelações de Deus para a humanidade. Joseph Smith disse ter traduzido tais planas, dando origem ao Livro de Mórmon. Assim, afirmando receber autoridade divina, ele organizou a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Por volta do século 5, Maomé, um pastor de cabras, contou que, ao entrar em uma gruta a procura de um animal de seu rebanho que havia se desgarrado, presenciou a aparição de um anjo que lhe disse ter sido enviado por Deus e que trazia uma revelação especial. Surgiu ali o islamismo.
Há, ainda, várias outras religiões e movimentos que poderiam ser mencionados aqui e que surgiram a partir de revelações e experiências ditas espirituais, mas que, na verdade, em muitos casos, foram apenas fruto de larápios gananciosos e imorais.
A hipervalorização da experiência é uma espécie de ópio que priva o indivíduo do contato com a realidade à sua volta. Em casos assim, questões como certo e errado costumam se tornar secundárias, pois o que realmente importa para essas pessoas é “dar lugar ao Espírito”. Todas essas coisas têm afetado muitas igrejas. Sob um pressuposto de espiritualidade, alguns evangélicos têm cometido uma série de exageros e — o que é pior — apontam o Espírito Santo como o grande protagonista de seus atos.
Aprendi desde cedo que minhas experiências pessoais não são, de modo algum, doutrina bíblica e que, portanto, não devem ocupar o lugar da santa Palavra de Deus em minha vida. Homens de Deus me ajudaram a compreender a relevância de conhecer a Sagrada Escritura, visto que somente ela tem condições de tornar o indivíduo apto e preparado para toda boa obra (2Tm 3.16-17).
Em sua oração pelos crentes de Colossos, o apóstolo Paulo clama a Deus para que seus leitores sejam “cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda sabedoria e entendimento espiritual”, pois somente assim seria possível viver “de maneira digna do Senhor de modo que em tudo pudesse agradá-lo”, inclusive “por meio de suas obras” (Cl 1.9-10).
Minha oração — tomando emprestadas as palavras de Paulo, em Efésios 4.14-15 — é “que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.
Que Deus nos livre do erro e abra os olhos daqueles que têm dado mais valor às suas experiências do que à preciosa Palavra da Verdade.
Robson Maciel Alves
IBR Pinheiros