Onde Deus Está quando Você Chora?
Estes conselhos foram dados por Rosana à sua filha, a menina Vitória, de apenas doze anos, alguns dias antes do seu desaparecimento. Na última vez que a viram, a adolescente brincava de patins perto de sua casa, em Araçariguama (SP). Vitoria só foi encontrada dias depois... morta.
O País inteiro tem acompanhado esse triste episódio de violência. Eu poderia mencionar inúmeros casos desumanos que envolvem jovens e crianças que sequer tinham condições de defender de seus agressores. Senti-me chocado, dias atrás, quando vi uma multidão de mulheres irlandesas chorando de alegria após receberem a notícia de que o aborto seria uma prática legalizada na Irlanda. Em uma consulta popular, cerca de 1,4 milhão de pessoas se posicionaram a favor do assassinato de bebês indefesos, enquanto apenas 724 mil votaram contra.
Diante disso tudo, alguns dizem: onde está Deus quando o mal nos sobrevem? Se Deus é bom, por que o mal existe? Deus não atende as orações que são feitas a ele? Deus não se importa com os que sofrem? Bem, ao longo dos anos essa questão foi largamente discutida, mas, mesmo assim, o debate continua acalorado até os dias de hoje. No afã de encontrar uma resposta que se enquadre na realidade da coexistência do mal e de um Deus justo, bom e todo-poderoso, vários eruditos, até mesmo alguns teólogos renomados, têm feito declarações confusas que não se ajustam com as doutrinas bíblicas.
A resposta mais popular entre os evangélicos diz respeito àquilo que os estudiosos chamam de permissivismo. Os adeptos dessa linha argumentativa dizem que Deus apenas permite que o mal suceda, respeitando o livre-arbítrio do homem. O Senhor não decreta o mal, mas apenas age de modo permissivo, dando curso às decisões de suas criaturas. Com essa justificativa, os adeptos do permissivismo buscam “inocentar” Deus da acusação de ter criado e decretado o mal.
Por mais difícil que seja admitir, o fato é que Deus não apenas permite que o mal ocorra, mas também o decreta e ordena. Em Jó 42.11, a Palavra de Deus diz: “Então, vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro”.
O mal que sobreveio a Jó foi enviado por Deus. Isso pode parecer chocante aos que não conhecem o poder que o Senhor dos exércitos tem. O nosso Deus é quem controla as tempestades e os ventos que destroem cidades inteiras (Sl 148.8). Nosso Pai celeste destruiu o mundo por meio do dilúvio. Foi ele quem endureceu o coração de Faraó e enviou as pragas do Egito. O Senhor elegeu alguns para salvação e outros para a destruição eterna. Todas essas coisas se deram de conformidade com os desígnios daquele a quem as Escrituras chamam de justo, bom e misericordioso (Sl 145.8-9).
“Que diremos pois”, indaga Paulo, “há injustiça da parte de Deus?”. A resposta que ele oferece coloca-nos de joelhos. O apóstolo, que sofreu terríveis agruras por causa do evangelho, diz: “De modo nenhum! [...] Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz” (Rm 9.14,18).
Assim, entendemos que nem sempre nossas orações serão respondidas. E nossas petições poderão não ser atendidas mesmo depois de muitas súplicas. As lágrimas que eventualmente lavam nosso rosto podem não ser enxugadas. Contudo, do seu alto e sublime trono, Deus governa soberano sobre tudo. E ele continuará sendo nosso refúgio, fortaleza e socorro na hora da angústia.
Robson Maciel Alves
IBR Pinheiros