Provérbios 2.1-5
Provérbios 2.1-5
“Meu filho, se você aceitar as minhas palavras e guardar no coração os meus mandamentos, se der ouvidos à sabedoria e inclinar o coração para o discernimento, se clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá o que é temer ao Senhor e achará o conhecimento de Deus” (Pv 2.1-5 NVI).
Um camponês, certa vez, descreveu a fome na Rússia, nos anos de 1932 e 1933, da seguinte forma: “Nós comemos tudo aquilo em que pudemos pôr as mãos: gatos, cães, ratos do campo, pássaros. Pela manhã, era possível ver que as árvores estavam despidas de sua casca, pois elas tinham sido comidas. Nós comemos até estrume de cavalo, pois, às vezes, havia nele grãos inteiros”. Que descrição terrível! Só podemos concluir que o homem faminto faz qualquer coisa para saciar sua fome.
Salomão conhecia outro tipo de fome e sabia que somente uma busca verdadeira para saciá-la poderia sanar tal necessidade. Já me perguntaram muitas vezes o que exatamente significa temer a Deus. Essa dúvida não é nova, pois o escritor diz que, quem buscar a sabedoria, “entenderá o que é temer ao Senhor e achará o conhecimento de Deus”. Esse é objetivo máximo do homem. É o tesouro no final do arco-íris. É, também, a maior necessidade que as pessoas têm, superando a própria necessidade de alimento. Desse modo, Salomão, mais uma vez, oferece a chave para a sabedoria, apontando a condição de “aceitar as minhas palavras e guardar no coração os meus mandamentos”. Com isso, a sabedoria é descrita como algo que, ainda que promovida pelo Senhor, não se recebe sem uma busca pessoal que implica ouvir seus conselhos e aceitar seus caminhos. Entretanto, mais que uma aceitação passiva de conselhos dirigidos a si ou a simples anuência educada a discursos alheios, o texto revela que é preciso uma busca como de alguém que tem fome e que precisa comer para sobreviver.
Por isso, o escritor afirma que é necessário dar “ouvidos à sabedoria e inclinar o coração para o discernimento”. Ele diz mais ou menos a mesma coisa, porém, com uma ênfase toda colorida, quando afirma que quem deseja ser sábio tem de “clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto”, acrescentando que ele deve “procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido”. A intenção de Salomão não é se repetir à toa ou “encher linguiça”, mas ser enfático, utilizando todos os recursos da sua pena para mover seus leitores a uma busca voraz pela sabedoria vinda de Deus e expressa na sua Palavra. A verdade é que, se alguém não sente fome da Palavra de Deus, há alguma coisa errada com ele. É claro que ter fome não é gostoso quando ela não é saciada, mas, ao se sentar à mesa de um banquete, a busca por alimento é recompensada, sendo seguida de uma deliciosa sobremesa. Busque a Deus com todas as suas forças e receba como sobremesa a vida eterna e o céu.
Pr. Thomas Tronco