Provérbios 31.8,9
Provérbios 31.8,9
“Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados” (Pv 31.8,9 NVI).
Horace Gray (1828-1902), juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, disse, certa vez, a um homem que foi julgado em sua corte e escapou da condenação por um detalhe técnico: “Eu sei que você é culpado e você sabe disso. Eu quero que você se lembre de que um dia estará diante de um juiz melhor e mais sábio que eu e que lá você será tratado de acordo com a justiça e não de acordo com a lei”. Para esse juiz, a omissão da justiça não era algo aceitável ou normal, mas algo a ser corrigido pelo eterno Deus.
Ao que tudo indica, a mãe de Lemuel pensava do mesmo modo. Seu último conselho ao filho é: “Erga a voz em favor dos que não podem defender-se”. Quando ela diz “erga a voz”, sua intenção não é apenas que ele fale a respeito, mas que faça algo, deixando de se omitir. Erguer a voz está em um contexto em que o rei, que também era o supremo juiz humano da nação, tinha de se pronunciar no tribunal, proferindo sentenças justas. Para que não restem dúvidas, a mãe sábia explica ao filho quem são os maiores necessitados de sentenças justas por parte de quem tem a prerrogativa de decidir entre litígios, orientando-o a ser “o defensor de todos os desamparados”. Citar os “desamparados” é apontar para aqueles que sofrem e são explorados nas mãos de pessoas mais ricas e influentes da sociedade, as quais não podem ser enfrentadas ou detidas, a menos que alguém, mais forte ou munido de autoridade para decidir em contrário dos objetivos egoístas e mesquinhos, faça algo.
É claro que erguer a voz em favor dos que não podem se defender não significa fechar os olhos para as injustiças deles. Não é uma luta em favor de uma classe social, mas em favor da verdade e da retidão, pelo que ela também diz: “Erga a voz e julgue com justiça”. Isso significa que a decisão do juiz reto deve doer nos injustos, sejam eles quem quer que seja. Contudo, a experiência mostra que é mais comum que pessoas desamparadas sofram mais por terem menos recursos, de modo que a sábia mãe lembra o dever que o filho tem, dizendo-lhe que deve defender “os direitos dos pobres e dos necessitados”, já que os poderosos têm quem lhes defenda. Por isso, não cabem na vida do servo de Deus ações parciais e interesseiras que desprezam o direito dos fracos e o conceito de justiça. Temos de ser porta-vozes da retidão e da moral divina em tudo que fazemos, seja em um grande tribunal, ou em uma pequena negociação comercial. Afinal, um dia, todos estaremos diante do mais justo juiz que já existiu.
Pr. Thomas Tronco