Provérbios 24.27
Provérbios 24.27
“Termine primeiro o seu trabalho a céu aberto; deixe pronta a sua lavoura. Depois constitua família” (Pv 24.27 NVI).
Quando Leonardo da Vinci tinha 43 anos de idade, o duque Ludovico de Milão lhe pediu para pintar a cena da última ceia de Jesus com seus discípulos. Trabalhando de forma lenta e cuidadosa nos mínimos detalhes, ele passou três anos nessa tarefa. Ele agrupou os discípulos em grupos de três, dois grupos de cada lado da figura central de Cristo. Na pintura, os braços de Jesus estão estendidos. Na mão direita, ele segurava um cálice pintado lindamente, com realismo maravilhoso. Quando a obra foi concluída, o artista disse a um amigo: “Observe-o e dê-me sua opinião sobre a pintura!”. “É maravilhoso!”, exclamou o amigo. “O cálice é tão real que eu não consigo desviar meus olhos dele!”. Imediatamente, Leonardo pegou uma escova e apagou o cálice, explicando: “Nada deve prejudicar a figura de Cristo”. Pelo jeito, Leonardo da Vinci conhecia muito bem o conceito de “prioridade”.
Estabelecer prioridades sob critérios verdadeiros e justos é uma das marcas da sabedoria. Nesse sentido, Salomão apresenta um exemplo mais que prático para o dia a dia dos seus leitores. Ele ordena: “Termine primeiro o seu trabalho a céu aberto”. Esse “trabalho” se refere à produção rural, fonte de sustento naqueles dias, pelo que completa dizendo: “Deixe pronta a sua lavoura”. Esse é, por si só, um conselho sábio. Porém, ele não figura sozinho no provérbio. Ao dizer “termine primeiro”, o escritor pretende colocar outra responsabilidade ou objetivo de seus ouvintes que, em comparação com a responsabilidade de garantir seu sustento, deve vir em segundo lugar. Colocando desse modo, tendo garantido primeiro o sustento, ele diz: “Depois constitua família”. O sentido literal do original é “depois edifique sua casa”.
Esse modo literal deve ser preferível na tradução, como o faz a versão Almeida, entre outras, pois deixa a interpretação aberta tanto à formação de uma família como aos afazeres domésticos, seja da construção da casa em si, ou da sua manutenção diária. O que o escritor quer dizer é que os interesses que visam ao conforto, à segurança e à felicidade só podem ser efetivados se as condições de sustento da família estiverem garantidas. Portanto, nunca julgue como desperdício de tempo o esforço gasto com estudo e trabalho duro, enquanto outras pessoas se divertem. Diversão não é ruim, mas se ela ultrapassa as prioridades corretas, pode se transformar em uma grande armadilha prestes a abater sua vítima. O sábio consegue colocar suas prioridades em ordem ao mesmo tempo que aproveita sua vida em medida justa e saudável. Pensando desse modo, você tem sido um sábio ou um tolo?
Pr. Thomas Tronco