Provérbios 24.7
Provérbios 24.7
“A sabedoria é elevada demais para o insensato; ele não sabe o que dizer nas assembleias” (Pv 24.7 NVI).
Certo ex-presidente, em visita à cidade de Windhoek, capital da Namíbia, disse em um de seus discursos improvisados o seguinte: “Estou muito surpreso, porque quem chega a Windhoek não parece que está em um país africano. Poucas cidades do mundo são tão limpas, tão bonitas arquitetonicamente e têm um povo tão extraordinário quanto tem esta cidade”. É claro que, em sua simplicidade, ele nem se apercebeu de que acabara de ofender todo o continente africano. Algumas pessoas têm de seguir anotações prévias para suas declarações públicas.
Esse problema é tão antigo que Salomão já falava sobre ele três milênios atrás. Na verdade, o rei sábio observou que “a sabedoria é elevada demais para o insensato”. Isso é um tema bastante enfatizado ao longo de todo o livro. Entretanto, o escritor tem um quadro bem específico em mente ao tratar esse provérbio. Ele não trata da tolice na vida privada, familiar ou trabalhista, mas diz que o tolo “não sabe o que dizer nas assembleias”. Para entender o que ele tem em mente é preciso compreender o que eram as “assembleias” nos dias antigos. Quando era preciso tomar decisões que envolviam toda uma cidade ou realizar julgamentos públicos, o povo se reunia em assembleia na porta da cidade e ali todo o caso era tratado. Era o lugar e a ocasião em que a população podia se manifestar e em que as testemunhas eram ouvidas. Eram reuniões da mais alta importância e seriedade.
A preocupação de Salomão é que em ocasiões tão importantes como essas, momentos de decisões importantes, o tolo resolva colocar para fora sua insensatez, seja para chocar os ouvintes, para criar alvoroço ou para destruir em vez de ajudar a resolver problemas. O pior de tudo é que mesmo sem reuniões desse tipo hoje em dia, os tolos continuam pondo o pior de si para fora quando são chamados a decisões importantes e a um ajuntamento que visa a encontrar soluções para problemas. Nesse caso, há duas coisas a fazer. A primeira é o tolo buscar sabedoria por meio do estudo da Palavra de Deus, por meio do tratamento íntimo ministrado pelo Espírito Santo a quem a ele se sujeita e por meio de aconselhamento com pessoas sábias. A segunda solução é não falar do que não entende e daquilo que não pode ajudar. Fazendo isso, ele seguirá outro ensino que diz que “até o insensato passará por sábio se ficar quieto, e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento” (Pv 17.28).
Pr. Thomas Tronco