Provérbios 23.17,18
Provérbios 23.17,18
“Não inveje os pecadores em seu coração; melhor será que tema sempre ao Senhor. Se agir assim, certamente haverá bom futuro para você, e a sua esperança não falhará” (Pv 23.17,18 NVI).
Certa vez, eu voltava de um treino de voleibol com um companheiro de time que fez todo o nosso trajeto até a rodoviária da cidade reclamando de termos de andar a pé. O motivo da sua frustração era não ter dinheiro para comprar uma moto como um rapaz que conhecíamos e que praticava esporte em outra modalidade — não que tivéssemos idade para ter habilitação. Mesmo assim, ele estava revoltado com a vida por uns terem tanto e outros não. O rapaz que tinha a moto não era bom jogador, nem tampouco alguém muito agradável e fácil de conviver. Na verdade, ele utilizava sua moto para participar de corridas ilegais, acrobacias perigosas e zombar de outras pessoas. Ainda assim, meu companheiro de equipe queria ser ele para ter a moto que ele pilotava. No dia seguinte, a reclamação e a inveja acabaram quando ficamos sabendo do acidente fatal de moto que aquele rapaz sofreu disputando um racha.
A tentação de invejar pessoas que têm dinheiro, fama, influência e admiração não é pequena. Por isso, Salomão trata dela aqui e em outros textos adiante (Pv 24.1,2,19,20). Para introduzir o assunto, ele diz “não inveje os pecadores em seu coração”. A menção ao “coração” pode ser um pouco redundante e desnecessária, a não ser que ele queira mostrar, como parece ser o caso, quão profundo esse sentimento pode se instalar em alguém. Uma pessoa pode ser consumida pela inveja deixando de viver sua vida como deveria. Em um caso assim, mesmo as mais simples bênçãos se tornam lembretes de que nada disso é suficiente para o invejoso. Ele não vive com o que tem, mas lamentando o que não tem. A esses, Salomão diz que “melhor será que tema sempre ao Senhor”, primeiro contendo os impulsos e desejos pecaminosos por temor a Deus e depois infundindo gratidão pelo que a graça divina tem providenciado a cada dia.
Se a inveja é tão ruim e a inveja de um ímpio, pior ainda, por que, então, o crente iria ser levado por um sentimento como esse? A resposta é algo que transcende o simples desejo de possuir bens. O que todos os homens parecem almejar é a sensação de segurança baseada na possibilidade de controlar as circunstâncias — algo para o qual o dinheiro é fundamental. Mas quem disse que o servo de Deus tem de controlar tudo? Em lugar disso, o escritor lhe orienta a “agir assim”, ou seja, de modo que “tema sempre ao Senhor”. Se isso for feito, o rei sábio diz que “certamente haverá bom futuro para você e a sua esperança não falhará”. Ele tira da equação o dinheiro como agente de garantia do bem-estar e da segurança dos servos de Deus e coloca o próprio Senhor como provedor e protetor em tudo. Portanto, seja grato por tudo que Deus lhe deu, pelo sustento diário e pelo contexto em que ele o colocou, lembrando que seu futuro é ao lado do trono celeste, enquanto o futuro dos ímpios é o inferno.
Pr. Thomas Tronco