Provérbios 23.10,11
Provérbios 23.10,11
“Não mude de lugar os antigos marcos de propriedade, nem invada as terras dos órfãos, pois Aquele que defende os direitos deles é forte. Ele lutará contra você para defendê-los” (Pv 23.10,11 NVI).
Ao longo de toda uma longa geração nós temos ouvido notícias vindas do Oriente Médio sobre o conflito entre israelenses e palestinos. Mais do que um simples conflito por terras, trata-se de uma luta por existência e sobrevivência nacional. Israel teve de se impor sobre cinco nações árabes, mas acabou prevalecendo. Golda Meir, ex-primeira-ministra de Israel, disse: “Nós, os judeus, temos uma arma secreta na nossa luta com os árabes — não temos para onde ir”. Por conta disso, o exército israelense é um dos mais bem treinados e equipados do mundo. Infelizmente, nem todo mundo tem a possibilidade de defender seus domínios e seus direitos.
Salomão, ao escrever esse provérbio, não estava preocupado com conflitos entre nações com exércitos armados, mas com o abuso e a exploração dos pobres incapazes de se defender, pelo que diz “não mude de lugar os antigos marcos de propriedade, nem invada as terras dos órfãos”. Na verdade, ele já havia batido nessa tecla de modo mais sucinto (Pv 22.28). Sua insistência, entretanto, não se deve à falta de assunto, mas à recorrência desse pecado no meio da sociedade. Esse foi um problema sério em Israel, pelo que muitos profetas, depois do rei sábio, alertaram o povo a respeito do desagrado de Deus com relação a esse tipo de injustiça. O profeta Isaías, por exemplo, revelou a ira de Deus contra Israel por, em vez de promover justiça para as pessoas indefesas, criar nelas motivo de choro e gemidos, dizendo: “Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição” (Is 5.7b).
Para que o ensino não passe em branco, o escritor oferece a razão pela qual ele deveria ser aprendido e praticado, explicando que o Senhor pune os injustos que exploram os indefesos. Quando o texto diz que Deus é quem “defende os direitos deles”, Salomão utiliza um termo que todo israelita reconheceria muito bem, cujo significado é “resgatador”. Trata-se da mesma palavra usada para descrever a ação de Boaz ao receber Rute como esposa, resgatar as terras da família de Noemi e tirá-las da pobreza e da humilhação. Por isso, a lição dupla se dirige, em primeiro lugar, àqueles que desejam tomar aquilo que é direito dos fracos, desencorajando-os a prosseguir com seus planos, e, em segundo, aos aflitos em pessoa, para que esperem em Deus por sua justiça. Entretanto, a melhor justificação que os homens podem esperar e desejar é aquela promovida por Jesus Cristo, o resgatador daqueles que nele creem. Busque-o e ele o protegerá!
Pr. Thomas Tronco