Provérbios 22.13
Provérbios 22.13
“O preguiçoso diz: ‘Há um leão lá fora!’. ‘Serei morto na rua!’” (Pv 22.13 NVI).
Quando as escolas de Montgomery County, no Estado norte-americano Maryland, foram fechadas por causa de uma greve, um pai sugeriu que seu filho adolescente dedicasse cinco horas por dia para estudar. “Eu estou mantendo minha mente vazia”, o menino respondeu, “porque eu não quero ser um fura-greve”. Se ouvíssemos alguém falar algo assim, certamente diríamos: “Que desculpinha fajuta!”. Mas para o preguiçoso que quer fugir do trabalho, qualquer pretexto serve.
Essa tática não é nova, nem foi forjada pelos instrumentos tecnológicos dos nossos dias. Para mostrar que isso é bem antigo, Salomão menciona o “preguiçoso” dizendo frases curiosas como “há um leão lá fora” e “serei morto na rua”. Tendo em vista o contexto urbano em que o ensino foi dado, é improvável que o escritor tivesse em mente alguém no meio da savana ou da floresta correndo risco de ser atacado por um felino desse porte. Como o texto é breve, há pelo menos duas possibilidades de interpretar tais afirmações. A primeira é que o preguiçoso considera o trabalho um inimigo que pode destruí-lo. Seu medo dele é tão grande como o de encontrar uma fera solta na rua que o possa matar. Por isso, foge dele e o evita com todas as forças do seu ser. Infelizmente, a ironia é que ele não é atingido pelo trabalho, mas por sua negligência. No final das contas, o leão que ataca o preguiçoso é a própria preguiça.
A segunda possibilidade de interpretação, um pouco mais provável que a anterior, por causa da falta de conexões ou explicações que favoreçam a primeira, é que essas afirmações do preguiçoso não passam de desculpas para que ele possa evitar suas responsabilidades — por razões que são ligadas à primeira possibilidade, de modo que as duas não são concorrentes, mas complementares. Assim, por medo de ter de se esforçar e cumprir seu papel na família, na sociedade ou na igreja, o preguiçoso inventa desculpas para nunca se envolver, mesmo quando suas justificativas não passam de desculpinhas fajutas. Ainda assim, ele insistentemente se agarra a elas até que manchem sua honra, inutilizem seu valor no meio de uma comunidade e afetem fundamentalmente sua identidade. Por isso, sempre que pensar em dar uma desculpinha para evitar seus deveres, lembre-se de que as consequências são muito maiores que o simples cansaço de um trabalho honrado e relevante.
Pr. Thomas Tronco