Provérbios 21.14,15
Provérbios 21.14,15
“O presente que se faz em segredo acalma a ira, e o suborno oferecido às ocultas apazigua a maior fúria. Quando se faz justiça, o justo se alegra, mas os malfeitores se apavoram” (Pv 21.14,15 NVI).
Os últimos mandatos governamentais do nosso país têm sido maculados pela realização de golpes e negociatas que acabaram fazendo com que o povo até se acostumasse a ver nos meios de comunicação notícias constantes de corrupção. E, de modo surpreendente, a impunidade praticamente imperou nesse início de século. Denúncias e mais denúncias sem que houvesse a devida apuração das acusações ou das provas. A razão disso é que acordos obscuros foram forjados nos bastidores do cenário político nacional para evitar que corruptos pegos com a mão na massa fossem punidos. A exceção a essa regra se deu quando, entre 2012 e 2014, o presidente do Supremo Tribunal Federal foi Joaquim Benedito Barbosa Gomes. Em seu exercício no cargo, diversos corruptos foram julgados e punidos, ainda que, depois da sua saída, seu sucessor tenha abrandado várias penas. Isso mostra que subornos e propinas algumas vezes perdem sua eficácia e cedem lugar à justiça de verdade.
O início do v.14 traz um trecho que pode ser malcompreendido. A expressão “presente que se faz em segredo” tem uma forma que parece, a princípio, ser positiva. Ela dá a impressão de ser uma dádiva concedida de modo humilde, sem que se faça qualquer alarde para autopromoção. Contudo, cada expressão obscura deve ser interpretada dentro do seu contexto. Desse modo, a expressão citada corre em paralelo com “o suborno oferecido às ocultas”, o qual, indubitavelmente, carrega uma conotação bastante negativa que esclarece a primeira. Assim, essa propina — seja chamada de “presente” ou de “suborno” — dada por debaixo dos panos, “acalma a ira” e “apazigua maior fúria”, ou seja, desvia o devido impulso de punir o mal e de promover a justiça. Significa que, por mais cara que a justiça seja, para muita gente, o dinheiro e os presentes são mais caros que o juízo, razão pela qual muitos desonestos lançam mão desse artifício para torcer o direito e permanecer na impunidade.
Porém, ainda há muitos que valorizam a retidão, de modo que não se deixam subornar por dinheiro, presentes ou vantagens. Quando isso ocorre, o juízo realmente vem à tona. Nesse caso, as falsas aparências e os acordos secretos são desmascarados, fazendo com que ambos — justos e injustos — ajam de acordo com sua real condição. Assim, o v.15 diz que “quando se faz justiça”, a primeira consequência é que “o justo se alegra”. Por outro lado, sem mais poder mascarar sua impiedade, “os malfeitores se apavoram”, pois se tornam alvos do juízo que merecem. Nossos dias não parecem ser de grandes juízos e temos a impressão de que a injustiça, a corrupção e a desonestidade imperam soberanas. Mas Deus é o dono do nosso mundo e, ainda que tenha reservado uma data futura para julgar e punir todo o mal, ele costuma dar provas da sua justiça e santidade derrubando aqueles que amam o suborno. Por isso, escolha de que lado você quer ficar, mas saiba que as consequências são maiores que os vereditos de qualquer tribunal que conhecemos hoje em dia.
Pr. Thomas Tronco