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Provérbios 21.13

  

Provérbios 21.13

“Quem fecha os ouvidos ao clamor dos pobres também clamará e não terá resposta” (Pv 21.13 NVI). 

Jesus contou, certa vez, uma parábola — ou uma história — de um rico que vivia em grande regalo. Em contraste à sua abastança e conforto, havia um mendigo que se assentava à sua porta, um homem chamado Lázaro (Lc 16.19-31). Lucas conta que o mendigo “ansiava comer o que caía da mesa do rico. Em vez disso, os cães vinham lamber as suas feridas” (Lc 16.21). Esse texto nos dá a nítida ideia de que, apesar da fortuna daquele homem e da premente necessidade de Lázaro, o rico não se importava com o necessitado e ignorava seu clamor. A partir de então, a história dá uma grande virada e ambos morrem. Mortos, Lázaro é levado aos céus, para a presença dos santos do Senhor, e o rico é punido com o inferno, “onde estava sendo atormentado” (Lc 16.23). Ele, então, clamou por socorro e alívio, mas não obteve o que desejava. Recebeu somente punição e sofrimento.

Esse trecho do ensino de Jesus é, em parte, uma exemplificação dramática de um ensino transmitido por Salomão cerca de um milênio antes. O rei sábio fala justamente daquele que “fecha os ouvidos ao clamor dos pobres”, algo que foi realizado pelo homem rico da história de Jesus. Mas essa ação pode ter contornos diferentes, mesmo com formas mais sutis. O que é constante, independente dos detalhes específicos de cada caso, é o egoísmo do tolo e seu apego aos bens e ao bem-estar pessoal. Também é constante seu desprezo pelos outros, como se cada pessoa ao seu redor fosse alguém destinado a lhe servir ou lhe atrapalhar, razão pela qual ele se aproveita do primeiro e ignora o segundo. Homens assim só costumam ajudar a terceiros se isso, de algum modo, lhes trouxer benefícios pessoais. A ironia é que essa busca egoísta por benefícios pessoais constitui justamente a razão de ele se tornar alvo do sofrimento que impingiu a outros.

Isso é expresso na afirmação de que o tolo que ignora insensivelmente a necessidade alheia “também clamará e não terá resposta”, um modo irônico de ver a injustiça voltar ao injusto. O responsável por essa virada não é o destino, mas o próprio Deus justo. Essa verdade, que fica implícita no provérbio, é declarada claramente tanto no ensino de Jesus sobre o rico e Lázaro (Lc 16.19-31), como na previsão do juízo futuro em que o Senhor separará os justos dos injustos, uns à sua direita e outros à esquerda (Mt 25.31-46). Portanto, nenhum homem que almeja ser sábio pode ignorar o ensino de que é responsável por socorrer pessoas ao seu redor. Ele deve saber que, apesar de a obra de Deus não se limitar à ação social, há punição para o egoísmo. Porém, também há bênçãos para uma vida que imita a graça do Senhor. Olhe com atenção ao seu redor e veja se Deus tem enviado a você pessoas que precisam do seu auxílio. Mantenha sempre os seus olhos e o seu coração bem abertos.

Pr. Thomas Tronco

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