Provérbios 21.6
Provérbios 21.6
“A fortuna obtida com língua mentirosa é ilusão fugidia e armadilha mortal” (Pv 21.6 NVI).
Marcelo Nascimento da Rocha é uma pessoa ímpar. Entre suas várias habilidades aeronáuticas, seu maior feito foi se passar por outra pessoa. Em 2001, ele foi para Recife e curtiu lá o carnaval fora de época patrocinado pela Gol Linhas Aéreas. Ele se passou por Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea. Para convencer as pessoas de que ele era o milionário, chegou a Recife com um helicóptero emprestado e fez várias acrobacias no ar. A atuação funcionou tão bem que Marcelo foi tratado como o verdadeiro Henrique Constantino por quatro dias, usufruindo dos camarotes mais badalados do carnaval recifense. Ele chegou a conceder uma entrevista para Amaury Jr., o qual estava realmente convencido de que se tratava do herdeiro da Gol. É claro que, depois de toda essa aventura, Marcelo terminou preso, acusado de dar golpes em quatro Estados.
Essa história é um lembrete do alerta que Salomão dá aos trapaceiros de todos os tempos. Ele trata como assunto “a fortuna obtida com língua mentirosa”. Significa a prosperidade alcançada por meios ilícitos, seja enganando as pessoas para tomar-lhes o dinheiro, ou usando de artifícios para se livrar de compromissos e pagamentos devidos. Um homem assim, em um mundo como o nosso, seria até considerado como muito esperto e hábil, digno de admiração. Mas a verdade é que esses espertalhões conseguem prevalecer sobre outras pessoas, mas não são capazes fazer o mesmo sobre o justo Deus. Por isso, o escritor avisa que a fortuna feita por meio de tais expedientes é apenas uma “ilusão fugidia”. O adjetivo “fugidio” significa aquilo que costuma fugir ou escapar. Assim, o rei sábio diz, em primeiro lugar, que tal fortuna costuma ser perdida, provavelmente por causa da mão forte da justiça.
Se a prosperidade corrupta é uma ilusão que escapa ao mentiroso, também é verdade que o trapaceiro corre risco de vida, pelo que o escritor chama tal dinheiro de “armadilha mortal”. Nesse caso, ele parece apontar para outra ocorrência que não é tão frequente quanto o golpear da clava da justiça, mas que também não é raro, que é a vingança vinda de pessoas que foram lesadas. É claro que essa vingança pode assumir formas menos dramáticas, mas que, ainda assim, causam destruição e sofrimento. Não é preciso um alerta melhor ou mais severo que esse para que todos os servos de Deus repudiem completamente atitudes desonestas. Assim, o homem sábio, ao se afastar do lucro desonesto, demonstra sabedoria ao temer a Deus, obedecendo-lhe os preceitos, e ao evitar as consequências que não raro perseguem e abatem os trambiqueiros. Afinal, a nossa vida não é um jogo!
Pr. Thomas Tronco