Provérbios 20.23
Provérbios 20.23
“O Senhor detesta pesos adulterados, e balanças falsificadas não o agradam” (Pv 20.23 NVI).
Conheci um professor que dava aulas para seu filho em uma das classes do colégio em que estudei. Era um professor bastante rigoroso, mas muito didático — aprendi muito com esse educador. Contudo, a maior parte dos alunos não gostava dele, alguns pela dificuldade da sua matéria e quase todos por causa do seu rigor desnecessário, do tipo vai muito além de simplesmente criar respeito e atenção nos alunos. Entretanto, quando as regras que ele inventou incidiam sobre o comportamento do seu filho, a história era outra. Ou as regras eram suspensas, ou a avaliação da conduta do filho era analisada sob outra óptica, enervando com isso toda classe. Buscando respeito, esse professor o perdeu completamente por agir com dois pesos e duas medidas.
Esse provérbio contém uma lição que já foi ensinada por Salomão em outro lugar (Pv 20.10). Entretanto, a ação de utilizar dois pesos e duas medidas — como dizemos no dia a dia — não é algo exclusivo do mundo comercial e dos negócios. É possível se relacionar com as pessoas de modo desigual, favorecendo uns em detrimento de outros. A história que contei no parágrafo anterior não só é um bom exemplo como também é algo que se repete todos os dias, por toda parte. Assim, a expressão “pesos adulterados” pode, por analogia, se aplicar a uma acepção pessoal que gere um favoritismo no tratamento e o desprezo dos direitos e necessidades de outras pessoas. O texto é claro em dizer que “o Senhor detesta” esses expedientes.
Ao mesmo tempo, guardada a aplicação primária do texto abordada no comentário a Provérbios 20.10, a figura das “balanças falsificadas” pode remeter à análise branda de atitudes graves nas pessoas que são tratadas com favoritismo, fazendo com que a correção e a disciplina deixem de ser aplicadas — mal esse que é tão pernicioso quanto premiar um homem imerecidamente. Colocando desse modo, essas ações nos parecem repugnantes e, por isso, não as praticamos. Mas essa é uma falha muito comum, inclusive naqueles que se acham isentos dela. Não enxergar os males dos filhos, por exemplo, e culpar outras pessoas pelos erros dos seus são tentações muito comuns e a taxa de queda nelas é altíssima. Portanto, saiba que o Senhor odeia pesos e balanças enganosas, inclusive quando servem para pesar nossos favoritos.
Pr. Thomas Tronco