Provérbios 20.21
Provérbios 20.21
“A herança que se obtém com ganância no princípio, no final não será abençoada” (Pv 20.21 NVI).
Vi na televisão uma reportagem sobre um milionário que fez fortuna por meio de golpes e trapaças. Ele prejudicou muita gente, mas nunca foi preso porque aprendeu a fazer amizades nas altas rodas e entre pessoas influentes na política e na justiça — obviamente, comprando tais amigos. Ele deixou uma fortuna para seus filhos, os quais eram muito conhecidos na sociedade, mas não tinham a mesma articulação do pai. O resultado é que os crimes do milionário começaram a ser investigados e cobrados dos seus filhos, os quais perderam a paz e todos os bens adquiridos por meios ilícitos. No final, o que esses rapazes herdaram do pai foi uma posição na classe média baixa e um estigma que os acompanhou por toda a vida.
O provérbio anterior fala do trato que os filhos devem ter com seus pais. Contudo, relacionamentos nunca são unilaterais, razão pela qual Salomão encaixou em um lugar muito apropriado o que ele tem agora a dizer aos pais a respeito do legado que deixam para sua prole. Seu tema é a “herança” paterna. Sendo assim, o escritor se preocupa com a qualidade daquilo que os pais deixam aos seus e quer que eles também se preocupem. Por isso, a herança deve ser sólida, não apenas no seu montante, mas na sua fonte, não sendo nada bom que o legado aos filhos seja obtido por meio da “ganância”. Dizer isso quer dizer que os bens foram obtidos de modos ilícitos e desonestos, movidos por maior amor ao dinheiro que à honra e à honestidade. Mas o que os filhos têm a ver com o modo como seus pais acumulam seus bens? Segundo Salomão, essa herança “no final não será abençoada”, atingindo frontalmente os herdeiros.
Vários podem ser os males resultantes de uma situação como essa, como, por exemplo, o caso narrado no início. Muitas vezes, os filhos amargam os erros que herdaram junto com seus bens. Entretanto, o maior legado que os pais podem deixar aos filhos é o exemplo de vida. Por isso, vemos muitos problemas em filhos que imitam os maus hábitos de seus pais. A verdade é que o ensino exercido durante a infância é duradouro, pelo que o sábio rei orienta os pais nesses termos: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles” (Pv 22.6). Se a boa educação acompanha os filhos como uma boa herança, os maus exemplos têm o mesmo efeito. Coisas como gênio ruim, desrespeito pelas autoridades, mentiras, tratamento duro, egoísmo, preguiça, imoralidade e inversão de valores são consideradas normais por filhos que testemunham seus pais agindo desse modo. Por isso, pense bem que tipo de pessoa você quer que seu filho seja e faça de tudo para ensiná-lo a ser, por seu próprio exemplo. Nenhuma herança é mais valiosa.
Pr. Thomas Tronco