Provérbios 20.17
Provérbios 20.17
“Saborosa é a comida que se obtém com mentiras, mas depois dá areia na boca” (Pv 20.17 NVI).
Li a respeito de um político que comandou seu município com muita desonestidade. Foram oito anos de descaso com a população. A saúde não tinha recursos e as ambulâncias estavam caindo aos pedaços. A única escola não tinha a menor condição de receber os alunos. As ruas não tinham calçamento. A pequena infraestrutura do município já existia antes do início daquele mandato. A verdade é que o prefeito tinha um esquema de contratações e licitações irregulares por meio do qual ele desviava boa parte da verba municipal. Depois de muito tempo no poder, ele se tornou arrogante e prepotente. Vivia muito tranquilo com todo o dinheiro público do qual se apropriou até que a empresa que lhe vendia notas frias foi desmascarada. O nome de quase trinta prefeitos foi parar em todos os telejornais, classificados corretamente como corruptos. A alegria acabou para dar lugar ao desespero até o fim da sua vida.
Esse tipo de história se repete ao longo de toda a existência humana. Basta lembrar que “nos dias de Noé [...] o povo vivia comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio e os destruiu a todos” (Lc 17.26,27). Do mesmo modo, Salomão afirma que “saborosa é a comida que se obtém com mentiras”, apontando para pessoas corrompidas que alcançam seus objetivos por vias tortuosas. É claro que, ao dizer isso, o enfoque é amplo e engloba tanto atividades criminosas como ações em que o lucro não é financeiro, mas relacional. Nesse último caso, as ferramentas do mentiroso não são falcatruas, faturas falsas ou lançamentos financeiros em caixa dois, mas fofocas, intrigas e aparências enganosas. Seja como for, enquanto o plano do mentiroso funciona e ele atinge seus objetivos, os resultados são saborosos como um delicioso banquete, dando muito prazer ao homem falso.
Porém, vivemos em um mundo corrompido que existe sob um Deus justo. Por isso, ainda que a justiça plena não esteja programada para nossos dias, frequentemente os planos ocultos são revelados e as mentiras são desmascaradas. Quando isso ocorre, aquele que se deleitava nos resultados do engano sofre grande dissabor. Utilizando a figura de Salomão, o que era “saboroso” ao paladar, agora é como “areia na boca”. Significa que as consequências fazem com que os benefícios obtidos com a mentira não valham a pena. Por isso, o servo de Deus jamais pode utilizar os expedientes corrompidos desse mundo, nem tampouco desejar prevalecer sobre outros agindo com falsidade. As diretrizes de santidade e justiça dadas pelo Senhor não são enfeites nas Escrituras, nem um tipo de sugestão que seus servos podem ou não seguir. Se Deus pune os injustos deste mundo, certamente não fecharia os olhos para desvios de seus próprios filhos.
Pr. Thomas Tronco