Provérbios 20.15
Provérbios 20.15
“Mesmo onde há ouro e rubis em grande quantidade, os lábios que transmitem conhecimento são uma rara preciosidade” (Pv 20.15 NVI).
Uma das coisas que gosto de fazer, quando estou descansando, é assistir a alguns vídeos curtos, pois exigem pouca atenção. Recentemente, recebi vários por e-mail. O primeiro deles continha uma moça muito bonita, concorrente de um concurso de beleza, que respondia a uma pergunta sobre a condição educacional do seu país. A resposta foi inacreditavelmente fora de qualquer padrão de lógica e realidade. Então, assisti aos outros vídeos de conteúdo semelhante. Até certo momento, eu ri um bocado. Mas, a partir de então, a graça acabou, pois fiquei perplexo com o grande contraste entre a beleza das pessoas e a falta de noção das suas respostas. Era um grande choque, como se eu visse um gato latindo ou uma lagartixa cantando. É claro que nem todas as pessoas bonitas falam bobagens, nem tampouco as mulheres monopolizam tais experiências. Porém, eu tive de refletir sobre os valores do mundo atual, extremamente centrados na beleza e totalmente desinteressados do conhecimento e da sabedoria. A conclusão a que cheguei foi aterradora.
Salomão, ainda que em uma época tão distante e em uma cultura tão diferente da nossa, conseguia vislumbrar o mesmo disparate de valores. Assim, para introduzir o assunto, o escritor pinta um pano de fundo “onde há ouro e rubis em grande quantidade”. O primeiro valor que salta aos olhos é a riqueza. Porém, se comparado a outros textos que apresentam a mesma dinâmica, é possível perceber que esse se preocupa em apresentar adornos mais do que riquezas. O enfoque não está sobre o dinheiro, mas sobre a beleza das joias feitas de ouro e pedras preciosas e da formosura que elas emolduram. Tal aparência não é ruim, mas desejável. Por isso, todos nos esforçamos para nos arrumar e para usar adereços que tornem nossa aparência melhor. Todavia, ainda que tais adornos sejam bonitos e valiosos, o escritor aponta algo mais caro e belo que muitas joias, dizendo que “os lábios que transmitem conhecimento são uma rara preciosidade”. Em resumo, é muito melhor ter uma boca que fala coisas sábias do que usar muitas joias lindas e preciosas. Na verdade, os ouvidos das pessoas devem ficar mais impressionados conosco do que seus olhos.
Isso deve nos fazer refletir muito. As pessoas dos nossos dias se tornaram reféns da aparência. Seu tempo é gasto em aparelhos de academias e não em páginas de livros. Seus objetivos envolvem roupas, músculos e aparelhos eletrônicos em vez de qualidades de caráter, conhecimento amplo e procedimento sábio. Seus perfis na Internet contêm fotos muito bonitas, mas frases que ignoram a educação, a lógica e principalmente a gramática. As pessoas se parecem mais com estátuas bonitas de interior vazio, completamente oco. Por isso, as Escrituras se dedicam tanto a nos fazer entender o que tem valor perene e quais são as consequências de ignorar a verdadeira sabedoria, tanto a do conhecimento secular como a do conhecimento de Deus, por meio de Cristo. O tipo de beleza que o mundo preza fica bem apenas em pinturas e esculturas que, sendo atraentes aos olhos, nada têm a dizer. Quanto às pessoas, é bom que sejam bonitas, mas é essencial que sejam sábias.
Pr. Thomas Tronco