Provérbios 20.2
Provérbios 20.2
“O medo que o rei provoca é como o do rugido de um leão; quem o irrita põe em risco a própria vida” (Pv 20.2 NVI).
Setembro de 2014 será marcado como o mês em que o Estado Islâmico, uma autoridade religiosa autoproclamada sobre todos os muçulmanos e que aspira tomar o controle das regiões de maioria islâmica, provocou de maneira drástica a maior potência militar do mundo. Seu líder, depois de incutir terror no Oriente Médio por meio de ações cruéis que incluíram a morte de cidadãos locais e de jornalistas estrangeiros, conclamou seus asseclas a atacar os Estados Unidos com decapitações de americanos em solo norte-americano. O governo americano que, até então, vinha mantendo uma política de “não podemos nos envolver nesse conflito”, imediatamente respondeu com um ataque no qual 47 mísseis Tomahawk e 14 bombardeios aéreos mataram mais de 70 integrantes do Estado Islâmico somente no primeiro dia. O resumo é que o Estado Islâmico vinha se dando muito bem até provocar alguém muito mais poderoso.
Salomão foi um tipo de imperador regional em seus dias e, por isso, sabia que poder tem um rei sobre seus súditos e sobre os reinos vassalos. Por isso, sabia que “o medo que o rei provoca é como o do rugido de um leão”. O leão sempre foi e sempre será um animal temido. No passado era mais temido que hoje porque era de fato mais perigoso, seja porque as armas para se defender dele eram menos letais, ou porque não estivesse limitado a zoológicos, sendo uma ameaça real em algumas regiões. Portanto, ao utilizar essa base de comparação, o escritor trouxe à mente do leitor que seu medo das feras selvagens era pequeno perto do terror que sentiriam diante da fúria de um rei. E por que um rei ficaria furioso com alguém a esse ponto? O mesmo trecho explica que isso se dá quando alguém o “provoca”. O texto não explica como se dá tal provocação, mas não é preciso, pois o que está em foco é a postura desobediente, rebelde e irreverente diante de quem tem poder para punir.
É claro que em dias como os nossos, sempre que uma autoridade exerce seu poder, a opinião pública a acusa de abuso de poder e excesso de força. Contudo, Salomão não era ingênuo a ponto de ignorar a fonte real de cada mal. Assim, no caso da provocação da autoridade, o escritor rende a responsabilidade pela punição exatamente sobre quem foi punido, dizendo que, ao provocar o rei, o provocador “põe em risco a própria vida”. É como se dissesse: “Se você for tolo o suficiente para atrair a ira das autoridades, não adianta chorar depois por algo que você mesmo provocou”. Portanto, a melhor política ainda é a do apóstolo Paulo, que diz: “Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal” (Rm 13.3b,4).
Pr. Thomas Tronco