Provérbios 18.13
Provérbios 18.13
“Quem responde antes de ouvir, comete insensatez e passa vergonha” (Pv 18.13 NVI).
Havia um funcionário de uma empresa de São Paulo que há muito tempo vinha se sentido injustiçado. Seu crescimento profissional se havia estancado enquanto via colegas de trabalho serem promovidos, inclusive a cargos que ele achava que deveriam ser seus. Ele passou a abrigar em sua mente pensamentos ligados às razões para toda aquela situação: “O chefe não gosta de mim”; “estão armando pelas minhas costas”; “ninguém me dá valor”. Certo dia, o chefe o chamou e lhe disse: “Seu rendimento nesses últimos meses não foram como esperávamos”. O funcionário, já nervoso há muito tempo, respondeu que tudo aquilo era perseguição e que ninguém ali valia nada. Então, o chefe completou: “Bem, eu ia dizer que seu rendimento foi bem melhor que o esperado e que você seria promovido... mas deixa prá lá!”.
Salomão, apesar de ter escrito seus provérbios há quase 3 mil anos, é surpreendentemente atual e relevante em suas observações. Nesse texto ele aborda um tema como se vivesse em nossos próprios dias, não porque fosse um profeta que previu o futuro, mas por tratar de um defeito humano que atravessa a história. Ele fala da atitude do mau ouvinte, ou seja, daquele que “responde antes de ouvir”. O defeito em questão é a precipitação, somado à impaciência de ouvir e a uma pitada de orgulho. Funciona assim: alguém está falando, mas o ouvinte, que julga saber tudo, não consegue ter a paciência de ouvir a conclusão do assunto e dá logo sua resposta. O problema é que o orgulho que leva à precipitação revela a “insensatez” do ouvinte, de modo que ele “passa vergonha”, a exemplo do caso que narrei no início.
Além de vergonha, essa atitude tola costuma trazer problemas mais sérios, pois são ditas coisas indevidas que não podem ser retiradas. O homem pode pedir perdão por palavras tolas, mas nem sempre consegue anular todos os efeitos causados por elas. Por isso, sempre é melhor deixar as pessoas falarem enquanto se ouve em silêncio, com muita paciência. Na verdade, mesmo depois de concluídos os pensamentos alheios, é bom que o homem reflita antes de responder, visto que a boca costuma criar mais problemas que as mãos. Um texto do Novo Testamento que é irmão desse provérbio nos dá uma boa dica de como agir, segundo ensina Tiago: “Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar” (Tg 1.19b). Ouça!
Pr. Thomas Tronco