Provérbios 18.5
Provérbios 18.5
“Não é bom favorecer os ímpios para privar da justiça o justo” (Pv 18.5 NVI).
É dito que Jaime I, da Escócia (1394-1437), tentado exercer as funções de um juiz, ficou muito perplexo no decorrer de um processo. Depois de ouvir os dois lados, ele abandonou o julgamento em desespero, dizendo: “Eu estava muito bem ao ouvir apenas um lado, mas quando ambas as partes foram ouvidas, por minha alma, eu não soube dizer o que era o certo”. O que ele quis dizer é que não conseguiu descobrir quem tinha razão, nem tampouco a quem favorecer com seu veredito. Se ele não provou ter habilidade na apuração dos fatos, certamente demonstrou um grande senso de justiça ao se preocupar bastante com a possibilidade de ser injusto com as partes.
Não sei que nível de conhecimento bíblico Jaime I tinha das Escrituras, mas sei que ele conhecia pelo menos o conceito expresso nesse provérbio, que é a proibição de favorecer um em detrimento de outro, ou seja, beneficiar uma pessoa com o prejuízo de outra. Como se não bastasse, Salomão olha para um tipo de favorecimento dado a quem não merece, tirando o direito de quem deveria ser o alvo do benefício, dizendo que “não é bom favorecer os ímpios para privar da justiça o justo”. Mas, por que alguém faria algo assim? Normalmente, por dois motivos. Um deles é o interesse pessoal, de modo que ajudar o injusto seja um meio de ajudar a si mesmo. Outro motivo é o vínculo com a pessoa beneficiada, seja um familiar, um amigo ou um parceiro. Nesse caso, aquele que deveria agir de modo justo, abre exceções e cria novas regras para pessoas que usufruam de vantagens indevidas a eles. É um tratamento que merece a expressão “dois pesos e duas medidas”.
Se alguém é beneficiado por algo a que não tem direito, o que ocorre com a pessoa que deveria receber o benefício? A resposta é simples: ela é prejudicada. Isso está errado, Deus reprova tal atitude e nós devemos reprová-la também. Por isso, não podemos compactuar com nenhum tipo de favoritismo que torça o direito e a retidão que o Senhor nos ensinou. Favorecer um parente ou um amigo quando eles merecem o oposto é algo que não podemos fazer. Apesar de parecer ser nossa obrigação ajudar os nossos, custe o que custar, ao fazê-lo contra a orientação divina causamos mais males que bens, tanto para as pessoas que sofrem a injustiça como para nossos amados e nós mesmos. Nem tampouco devemos tomar decisões parciais simplesmente porque irão nos beneficiar mais adiante. Devemos proteger o justo e repreender o rebelde, seja quem for. Isso é difícil e custoso. Mas temos um grande encorajamento: o justo Deus, que é imparcial em suas decisões, estará ao nosso lado.
Pr. Thomas Tronco