Provérbios 17.23
Provérbios 17.23
“O ímpio aceita às escondidas o suborno para desviar o curso da justiça” (Pv 17.23 NVI).
Há mais ou menos uma semana, li uma matéria na Internet que me deixou estarrecido. A ex-mulher de um promotor de justiça o acusou de receber propina para arquivar casos em que estava trabalhando. Segundo ela, houve um pagamento mensal de 6 mil reais por mês, ajuda financeira para uma cara reforma de casa e uma bolsa de estudos para garantir o arquivamento de um processo contra uma fundação. O promotor também foi acusado de encerrar um caso contra uma empresa, recebendo 500 mil reais em duas parcelas, uma em 2010 e outra em 2011. Nada disso foi provado ainda, mas o promotor está sob investigação. Ainda assim, é estarrecedor! Quantos homens responsáveis por manter a lei e nos proteger dos poderosos e dos bandidos têm vendido nosso bem-estar e nossos direitos a pessoas que pagam por isso?
Salomão conhecia essa prática vergonhosa já em seus dias. Segundo suas palavras, “o ímpio aceita às escondidas o suborno”. Significa que o suborno, em certas ocasiões, consegue tomar o lugar da justiça, a qual deveria ser tratada como algo sagrado, não por ela em si, mas pelo Deus que a ordenou e que lhe serve de padrão. Porém, ao contrário do que deveria ocorrer, o corrupto aceita propina “para desviar o curso da justiça”. Ele não se importa com o que é correto, mas prioriza e valoriza apenas seus interesses pessoais. Se perguntarem se homens assim sabem que estão fazendo algo errado ou se para eles isso é normal, basta ver que o que fazem é “às escondidas”, prova de uma consciência do erro. Ainda assim, decidem de bom grado cometer a injustiça, o perjúrio, a falsidade e o engano. Por isso, o texto chama o homem que age assim de “ímpio”.
O provérbio se limita a expor essa verdade — uma triste verdade. A lição vem da conclusão que tiramos a partir da nossa reação a esse quadro. Se não somos um desses homens infames, temos extrema repugnância por tal prática. Quando a vemos, clamamos a Deus por justiça e pela vinda do seu reino de paz e de retidão. Portanto, de modo algum podemos nos permitir pequenas práticas injustas ou modestos engodos. A injustiça não tem um limite aceitável e qualquer corrupção que seja salpicada sobre a justiça a contamina e deforma. Assim, o crente tem de assumir uma postura radicalmente honesta, ainda que isso lhe seja sofrido e custoso. Se temos horror à injustiça dos homens que se vendem por propina, o Senhor sente o mesmo por qualquer desonestidade, inclusive se vier de nós. Não aceite suborno para desviar o curso da sua comunhão com Deus.
Pr. Thomas Tronco