Provérbios 17.15
Provérbios 17.15
“Absolver o ímpio e condenar o justo, são coisas que o Senhor odeia” (Pv 17.15 NVI).
Rom E. Eaton passou dezesseis anos na prisão por um crime que não cometeu. Mais tarde, ele disse: “Eu não tinha um centavo no bolso ou um amigo no mundo quando eles me julgaram por assalto à mão armada. É por isso que eu passei dezesseis anos na prisão por um crime cometido por outros dois homens, enquanto eu estava a 1.700 milhas de distância. Estou livre agora e completamente justificado. A vida me pregou um truque sujo no tribunal de Rock Island, Illinois, em 1940!”. Quem dera esse fosse o único caso registrado de injustiça! Na verdade, há muitos deles, assim como também há muitos criminosos sendo inocentados.
Assim como nós, que temos completo horror por casos de injustiça, Salomão, o sábio rei de Israel, também tinha. Nesse provérbio, ele trata da injustiça presente tanto em “absolver o ímpio” como em “condenar o justo”. Esse problema, tão presente em nossa sociedade, existia no mundo antigo. Na verdade, o Antigo Testamento contém mais reprimendas de Deus a Israel contra injustiças sociais e jurídicas do que contra a idolatria do povo. A revolta dos judeus contra Roma entre os anos 67 e 70, que levou várias cidades da Galileia à queda — sob o comando de Vespasiano — e Jerusalém à destruição — sob o comando de Tito —, foi motivada pela insatisfação com respeito às injustiças que lhes eram feitas pelos governadores romanos da Judeia — o livro de Atos oferece como exemplo o caso de Félix que, estando inteirado da inocência de Paulo, o manteve preso por dois anos a fim de tentar obter suborno (At 24.25,26) e vantagens políticas das lideranças judaicas (At 24.27). Esse é um mal de todos os tempos.
Se os homens detestam as injustiças, Salomão também afirma que elas “são coisas que o Senhor odeia”. Isso significa duas coisas. A primeira é que Deus é o oposto disso, sendo justo em todos os seus julgamentos e garantindo o futuro dos que são justificados pela fé em Cristo, ainda que agora sejam injustiçados pelos homens. A segunda é que, odiando a injustiça, ele pune severamente os injustos, eventualmente nesse tempo e completamente no dia do juízo. Portanto, os ímpios devem temer o severo abatimento que os aguarda caso continuem em seus caminhos de corrupção, ao passo que os servos de Deus devem permanecer na busca da justiça, ainda que a maioria das pessoas faça o contrário. O que importa é chegarmos ao céu e dizermos — como disse Rom E. Eaton — “estou livre agora e completamente justificado”.
Pr. Thomas Tronco