Provérbios 17.9
Provérbios 17.9
“Aquele que cobre uma ofensa promove amor, mas quem a lança em rosto separa bons amigos” (Pv 17.9 NVI).
Conheci dois amigos quase inseparáveis. Eles tinham uma sintonia impressionante, como se um soubesse o que o outro estava pensando. Infelizmente, um acabou fazendo algo que magoou o outro. O amigo ferido, irritado, ligou para a casa do outro a fim de lhe dizer coisas terríveis, mas ele não estava. Foi sua noiva quem atendeu ao telefone, ouvindo toda a mágoa do outro junto com o pedido de retransmitir tais palavras assim que o noivo chegasse. Esse relatório não foi transmitido, pois a noiva resolveu não lhe dizer nada. Mais tarde, os amigos se encontraram e tiveram uma conversa amena, pondo fim ao dissabor — algo que nunca ocorreria se o recado fosse entregue. Lembrei-me desse caso quando li Provérbios 17.9.
O sábio rei Salomão disse que “aquele que cobre uma ofensa promove amor”. Analisando de modo grosseiro, foi o que aquela moça fez em meio ao desentendimento dos amigos. Mas olhando bem para o versículo, seu sentido parece apontar mais para ofensas dentro da experiência pessoal que alheia. Ou seja, não se trata de esconder das pessoas o erro de outro homem ou mulher, mas sim, de perdoar uma ofensa feita a você mesmo. Porém, há, sim, um sentido em que o perdão de um pecador envolve não espalhar por aí o pecado já resolvido e perdoado. Isso permite que os relacionamentos continuem fluindo bem, sem mágoas, desconfiança, reservas e fofocas. Não se trata de acobertar males, mas de considerar de fato resolvidos aqueles erros para os quais houve arrependimento e perdão.
O oposto disso causa muitos males, pelo que o escritor afirma, sobre a ofensa alheia, que “quem a lança em rosto separa bons amigos”. Trata-se da atividade do mexeriqueiro, também conhecido como fofoqueiro. Ele parece ter muito prazer em desenterrar problemas já resolvidos a fim de que voltem à pauta das conversas. O resultado é que, mesmo as feridas mais bem tratadas, podem voltar a sangrar, renovando-se o mal. Portanto, o servo de Deus deve pensar muito antes de falar algo sobre os outros. Os males que ele pode causar podem ir muito além da sua imaginação e os danos podem ser irreversíveis. Erros alheios jamais podem ser tema para preencher conversas sem assunto. A conversa acaba, mas a desarmonia e a desunião resultantes, essas perduram.
Pr. Thomas Tronco