Provérbios 16.30
Provérbios 16.30
“Quem pisca os olhos planeja o mal; quem franze os lábios já o vai praticar” (Pv 16.30 NVI).
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão lançou mão de um artifício pelo qual, no futuro, pediu perdão. Entre suas táticas, tentou estabelecer a hegemonia no Pacífico destruindo a frota americana ancorada em Pearl Harbour, o que aconteceu em 7 de dezembro de 1941. A fim de garantir a surpresa do ataque, o embaixador japonês nos Estados Unidos, o almirante Kichisaburo Nomura, negociou a paz até pouco tempo antes da ofensiva, tranquilizando os americanos quanto à possibilidade de uma guerra iminente. A falsidade dessa demonstração fez com que o ataque não provocado à frota americana no Havaí, sem que houvesse uma declaração formal de guerra, fosse considerado um ato traiçoeiro tremendamente repreensível — vale lembrar que o final dessa guerra não foi mais nobre que seu início, dessa vez por conta dos bombardeios nucleares americanos sobre as populosas cidades de Hiroshima e Nagasaki.
O fato é que não é raro vermos demonstrações de falsidade e tramas ocultas com a intenção de destruir. Sobre essa disposição de tramar e efetuar o mal de modo oculto e traiçoeiro, Salomão diz que “quem pisca os olhos planeja o mal”. Piscar os olhos significa dar sinais codificados aos comparsas no planejamento de ações destruidoras contra outros. Se o versículo anterior diz que os maus recrutam parceiros, esse texto mostra como os planos desse conluio são levados a cabo. A comunicação secreta é a arma para pegar desprevenidos seus alvos e derrotá-los de um só golpe, sem que possam se defender. O texto segue e acrescenta que “quem franze os lábios já o vai praticar”. Nesse caso, o gesto não é tão claro quanto piscar os olhos. Comprimir um lábio contra o outro pode significar a reprovação secreta da vítima ou a comemoração prévia de um triunfo pelo qual se está trabalhando por meio da conspiração.
O fato é que ainda se trata de gestos que somente os conspiradores entendem e que os tornam mais perigosos. Por isso, se você notar que pessoas o procuram em segredo para criticar quem não está perto ou pede segredo de coisas que deveriam ser reveladas para o bem alheio, desconfie de que você pode ser alvo do recrutamento dos perversos, conforme ensinado no versículo anterior, para fazer parte de uma conspiração contra alguém indefeso. Nesse caso, não participe de algo assim e traga o mal à luz, onde ele é desfeito, pelo que Paulo diz: “Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz. Porque aquilo que eles fazem em oculto, até mencionar é vergonhoso. Mas, tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas” (Ef 5.11-13).
Pr. Thomas Tronco