Provérbios 15.3
Provérbios 15.3
“Os olhos do Senhor estão em toda parte, observando atentamente os maus e os bons” (Pv 15.3 NVI).
O conceito de um Deus perfeito realmente revela sua existência, pois os homens imperfeitos jamais conceberiam uma imagem extremamente diferente deles e daquilo que conhecem. Digo isso por causa, entre outras coisas, da dificuldade que os homens — mesmo os crentes — têm de entender e conviver com a ideia de um Deus onisciente. Como ninguém neste mundo o é, os homens frequentemente se sentem inseguros e solitários (como se Deus não os pudesse ver), fazem orações didáticas (como se o Senhor precisasse de um relatório detalhado da situação e das possibilidades) e cometem loucuras (como se os olhos do soberano juiz não as pudesse ver em suas mazelas).
Nesse texto Salomão revela ter um conceito teológico bem diferente, além de conhecer as implicações práticas do conhecimento ilimitado de Deus. Ele ensina que “os olhos do Senhor estão em toda parte”. Isso, obviamente, não quer dizer que Deus tem olhos e que está limitado ao campo de visão deles. Deus é Espírito (Jo 4.24) e não tem nossas limitações físicas. Essa linguagem utilizada por Salomão e por muitos escritores bíblicos se chama “antropomorfismo”, o que quer dizer que as qualidades de Deus são expostas em uma figura didática na qual suas ações são descritas por partes do corpo humano que nós utilizamos para realizar atividades semelhantes. Assim, falar dos “olhos do Senhor” é se referir ao seu conhecimento das coisas. Quando diz que “estão em toda parte”, significa que ele conhece plenamente tudo que existe e tudo que está ocorrendo a todas as pessoas do mundo.
Outro conhecimento que Salomão revela ter é o fato de a onisciência de Deus interferir diretamente nos rumos da história e na vida, em especial, dos seus servos. Segundo os escritos, Deus está constantemente “observando atentamente os maus e os bons”. Isso é mais que uma declaração da onisciência de Deus. A ideia é fazer com que os maus temam e que os bons confiem no Senhor e esperem dele a proteção dos males e dos ataques inimigos. É o efeito parecido com aquele em que a professora vê um aluno batendo em outro e, chamando-os, lhes diz: “Estou de olho em vocês”. A intenção é conter o ímpeto do brigão e dar segurança e tranquilidade ao fraco. Basta você descobrir agora quem é você: o brigão ou o fraco? O mau que recebe a reprovação divina ou o bom — crente no Senhor Jesus — a quem ele protege?
Pr. Thomas Tronco