Provérbios 13.25
Provérbios 13.25
“O justo come até satisfazer o apetite, mas os ímpios permanecem famintos” (Pv 13.25 NVI).
Completei recentemente 24 anos de vida cristã, depois da minha conversão pela fé ao Senhor Jesus. Nesse tempo todo, testemunhei muitos casos de pecado e de arrependimento, muitos deles feitos publicamente. Já vi crentes contritos confessando sua imoralidade, suas mentiras, sua violência, seu rancor, seu apego pelo mundo, suas desonestidades e seu desvio dos caminhos de Deus. Mas algo que eu nunca vi foi alguém chorando arrependido pelo pecado da glutonaria. Ao contrário, sempre que esse pecado é citado, há uma risada geral como que dizendo: “Isso aí todo mundo faz e não é mesmo um erro” — eu mesmo já fiz isso muitas vezes, como também sofria as consequências de não levar esse ensino a sério. Com sorrisos, parecem até mesmo aprovar o que a Bíblia reprova com dureza (Is 56.11; Rm 16.18; Fp 3.19). Ao contrário disso, Agostinho de Hipona se preocupava em comer o que lhe bastava, desejando evitar a todo custo a garfada que o conduziria ao pecado.
Salomão ensina algo que deve tirar esse tipo de sorriso dos nossos lábios. O assunto não é apenas comida, mas, de modo geral, o domínio próprio — uma das virtudes fruto do Espírito, segundo Paulo (Gl 5.22,23). Por isso, ele compara o justo com o ímpio começando a falar do modo de agir do “justo”. Em uma refeição — diz o rei — ele “come até satisfazer o apetite”. Não quer dizer que ele não tem prazer no alimento ou que é errado se deliciar com uma boa comida. Salomão até diz que aproveitar a comida é algo bom (Ec 5.18). Mas para tudo há limites, não só no que diz respeito ao alimento, mas a todos os apetites da carne, ou seja, todos os desejos que o homem tem. O homem justo não se deixa dominar por eles e não perde seu controle diante dos impulsos da carne (1Co 6.12).
A falta de domínio próprio não é uma característica exclusiva dos “ímpios”, mas pode-se ver neles, pois, apesar de comerem o que basta e o que lhes é saudável, “permanecem famintos”. Isso significa que o gosto pelo alimento é maior que a necessidade do alimento e, ainda que saiba que não deve, ele se entrega à gula. É claro que, apesar de tratar de algo pontual, o rei sábio sabia que o mesmo problema escraviza o homem em diversas áreas de sua vida. Ao que parece, esse impulso comum do homem não é mera questão de gosto, mas algo a ser tratado por Deus e por sua Palavra. Afinal, se um cristão não pode se conter diante de um prato, como se conterá diante das tentações da vida?
Pr. Thomas Tronco