Provérbios 13.7
Provérbios 13.7
“Alguns fingem que são ricos e nada têm; outros fingem que são pobres, e têm grande riqueza” (Pv 13.7 NVI).
Há uma música de raiz que conta a história de um boiadeiro empoeirado que entra em um estabelecimento chique onde estão homens de grande fortuna e posição social. Diante de um homem de aparência simples como a do boiadeiro, um jovem se levanta e reclama a respeito da presença de alguém que ele julgava ser de uma classe social que não combinava com a frequência local. Que surpresa quando todos vêm a saber que o boiadeiro sujo da viagem era um pecuarista cuja fortuna superava em muito a de todos ali presentes!
Salomão deve ter testemunhado surpresas como essa nos dois lados da moeda. Um lado envolve pessoas que “fingem que são ricos”. Se essa é a aparência vista pelos observadores, a verdade por trás dos panos é que ele eles “nada têm”. O sábio rei não está dizendo que é errado ser pobre ou que pessoas que não têm recursos são inferiores. O que ele está tratando é de uma atitude falsa em que tais pessoas “fingem” ser o que não são. Por outro lado, ele também se refere a pessoas que “têm grande riqueza”, mas que, apesar disso, “fingem que são pobres”. Nosso primeiro impulso é ver os primeiros como mentirosos e esses como homens humildes e modestos. Entretanto, o texto não elogia nem um, nem outro, mas diz que ambos “fingem” ser pessoas que não são. É possível que um rico finja ser pobre por uma razão que envolva a modéstia, mas sabemos de muita gente que finge pobreza para burlar impostos e obter vantagens vetadas aos ricos.
Se o texto não elogia nem o pobre que finge ser rico, nem o rico que finge ser pobre, que lição será que Salomão quis transmitir? Parece-nos que o alvo do seu ensino, nesse texto em si, não são os homens que fingem, mas aqueles que os observam. Em outras palavras, a lição seria não julgar as pessoas por sua aparência, pois ela pode ser fruto de um fingimento deliberado. É necessário conhecer a pessoa mais a fundo para emitir um julgamento mais acurado e, a partir daí, saber como lidar com cada um, sem se deslumbrar com a aparência vistosa, nem desprezar a aparência humilde. O dito popular moderno também serve para nos lembrar dessa preciosa lição: “Não se deve julgar um livro pela capa”.