Provérbios 10.20
Provérbios 10.20
“A língua dos justos é prata escolhida, mas o coração dos ímpios quase não tem valor” (Pv 10.20 NVI).
Um especialista em odontopediatria disse certa vez: “Em meu consultório o que é caro não são meus equipamentos, mas aquele que trabalha neles”. O que ele quis dizer foi que, apesar de ser um dentista como os outros, sua especialidade e habilidade o tornavam não somente a peça mais valiosa da sua clínica, mas também um profissional que se sobressaía em meio à sua classe. Desse modo, podemos extrair o princípio de que o valor de cada um não é apenas intrínseco, mas é também derivado daquilo que ele pode produzir.
Seguindo esse raciocínio, as palavras de uma pessoa podem torná-la alguém mais ou menos valiosa. Segundo Salomão, aquilo que o justo diz é tão caro quanto a prata mais refinada, aquela que não se acha em todo lugar e cujo valor supera o de suas concorrentes. Isso se dá não apenas porque tal pessoa é justa, mas porque suas palavras, marcadas também pela justiça, produzem coisas excelentes. Nesse caso, não é possível separar o valor dessas palavras do valor da própria pessoa que as diz. Por outro lado, o coração dos ímpios carece do mesmo valor. Interessante notar como nada é dito da boca do tolo, mas sim do seu coração, fazendo eco ao dito de Jesus de que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34b). Além de esclarecer que palavras sem valor vêm de corações sem valor, isso reflete ainda mais sobre o caráter do tolo tornando-o cada vez mais inútil.
Que poder têm as palavras, não apenas sobre as pessoas a quem o de quem elas são ditas, mas sobre aquele que as diz! Por isso, como um homem que encontra e guarda riquezas selecionadas, o sábio tem de escolher o que fala, pois suas palavras também dirão que tipo de homem ele é: “O homem bom, do seu bom tesouro, tira coisas boas, e o homem mau, do seu mau tesouro, tira coisas más” (Mt 12.35).
Pr. Thomas Tronco