E se o Seu Bichinho de Estimação for “Gay”?
Em 2006, o Museu de História Natural da Universidade de Oslo, na Noruega, organizou uma exposição chamada “Against Nature?” (Contra a Natureza?) que focou a ocorrência de casos de homossexualidade entre os animais. A exposição se estendeu até 2007 passando pelas cidades de Berga, Trondheim (Noruega), Maastricht (Holanda), Gênova (Itália) e Estocolmo (Suécia) — nesta última sob o título “Rainbow Animals” (Animais do Arco-Íris). A exposição baseada majoritariamente nos trabalhos de Dr. Bruce Bagemihl — biólogo canadense e autor dos livros “Biological Exuberance: Animal Homosexuality” (Exuberância biológica: Homossexualidade Animal) e “Natural Diversity” (Diversidade Natural) — e Dr. Joan Roughgarden — ecologista americano e biólogo evolucionista —, continha fotos e modelos de animais conhecidos por apresentar comportamento homossexual, desde baleias às girafas — estas últimas tidas como os animais com a maior prevalência do comportamento homossexual. Segundo os organizadores da exposição, o objetivo foi “ajudar a desmitificar a homossexualidade entre as pessoas. [...] Nós esperamos rejeitar o bem conhecido argumento de que o comportamento homosexual é um crime contra a natureza”.
O trabalho do Dr. Bagemihl propôs que o comportamento homossexual, não necessariamente contendo o ato sexual (cópula), foi observado em quase 1500 espécies, desde primatas a vermes, e muito bem documentado em 500 espécies. O termo “homossexualidade” foi empregado a todo tipo de comportamento sexual como cópula, estimulação genital, jogos de acasalamento e exibição sexual. Ainda que, para algumas pessoas, a avaliação de jogos de acasalamento e exibição sexual seja controversa, a documentação da cópula entre animais do mesmo sexo não dá margem à dúvida de que há comportamento homossexual entre os animais.
Logo, este fato é geralmente utilizado como argumento contra o Cristianismo por dois grupos na sociedade: os ateístas e deístas/liberais. Os argumentos de ambos ganham as salas de aula das escolas e seminários, confundindo jovens cristãos. Esses argumentos se resumem abaixo:
Ateístas: a observação do comportamento homossexual entre os animais demonstra que tal atitude é “normal” e harmonizável com a Teoria da Evolução, e o Homem, como um mamífero, pode apresentá-lo sem incorrer em um “crime contra a leis da Natureza”.
Deístas/Liberais: a existência do comportamento homossexual entre os animais é evidência de que Deus aprova o comportamento homossexual, pois sua criação é perfeita e Deus havia declarado que “tudo era bom”.
Quanto ao primeiro argumento, ele é frágil por ser ilógico do ponto de vista sociológico e antropológico. Se tudo o que é observado na natureza (em animais, por exemplo) é uma prova de “normalidade”, então outras atitudes observadas em animais (e igualmente muito bem documentadas), como estupro, canibalismo, assassinato gratuito, incesto, furtos e toda sorte de abusos físicos, também deveriam ser consideradas “normais”. Contudo, isso não acontece, pois dificilmente a lista de atitudes acima seria considerada “normal” por qualquer ser humano em dia com suas obrigações civis, incluindo homossexuais. Nem tudo o que é observável na natureza é necessariamente benéfico.
Os animais e seres humanos são criações completamente diferentes. Os animais foram criados com variados graus de complexidade, enquanto os seres humanos foram criados com singular complexidade de mente, vontade, emoções e, incomparavelmente mais importante, com capacidade moral e espiritual. Sob a perspectiva bíblica, o livro de Gênesis confere ao Homem o dever de cuidar de toda a criação (Gn 1.26). Nós não vemos animais colocando seres humanos em zoológicos, treinando homens para trabalhar, construindo civilizações, obedecendo leis morais e, finalmente, se reunindo como igreja para louvar a Deus.
Além disso, o próprio fenômeno da homossexualidade entre animais gera consequências que devem obrigatoriamente ser analisadas e levadas em conta. Para exemplificar como a homossexualidade entre animais possui graves consequências aos próprios animais, ao ecossistema, à economia e à subsistência humana, observemos a criação de bovinos no Brasil. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne bovina e possui o segundo maior rebanho do mundo, sendo o maior rebanho comercial, com cerca de 165 milhões de cabeças. Quanto ao abate mundial de bovinos, o Brasil encontra-se em terceiro lugar, com 30,4 milhões de cabeças (13,2% dos abates mundiais) (1). Nesse contexto, a homossexualidade é tida como “alterações do comportamento” que geram problemas aos pecuaristas (2). As explicações para ocorrência de tal comportamento vão das mais esdrúxulas — como um vício homossexual em que alguns animais atraem sexualmente outros animais —, até as mais sensatas — que classificam esses animais em duas categorias: o “verdadeiro” (50%), o qual assume a posição e se posiciona como uma fêmea em cio, e o “vítima” (50%) o qual lhe é imposto esta condição por estar abaixo na hierarquia social, estar debilitado, ser novo no lote ou por carregar um odor diferente dos demais. Sugeriu-se ainda que a origem do problema estaria nos animais que montam por serem excessivamente masculinizados devido a castrações tardias (2).
Segundo os pecuaristas, os bovinos jovens, na fase que antecede a puberdade, normalmente montam uns sobre os outros e a reação normal do animal que foi montado é de se movimentar imediatamente para evitar tal situação. Entretanto, alguns bovinos que apresentam comportamento anormal (homossexual) ficam parados enquanto são montados por outros animais, podendo ser machucados e, se persistir, até levá-los à morte. Onde o problema já foi estudado sistematicamente, como nos Estados Unidos, estimou-se uma incidência anual de 2 a 3%, com uma mortalidade de aproximadamente 1% em animais confinados (2).
Seguindo as orientações bíblicas sobre o dever de se cuidar da criação, uma das principais recomendações para ajudar a reduzir a sodomia em bovinos é a formação de lotes pequenos, reduzindo a quantidade de animais por grupo confinado. Alguns confinamentos americanos limitam o número de animais no lote para não mais do que 200 cabeças como forma de minimizar a incidência da síndrome. A utilização de áreas para sombreamento dos animais, murunduns para ruminarem fora da lama e até mesmo nebulizadores, enriquecem o ambiente e contribuem para minimizar o estresse social (2).
Desta forma, contrario à ideia que a exposição de Oslo buscou mostrar, a homossexualidade entre bovinos não é tida como harmônica na natureza, mas compromete a saúde do rebanho e leva a grandes prejuízos como a morte de animais. É provável que a exposição não tenha revelado animais mortos vítimas da sodomização.
Igualmente, a homossexualidade em seres humanos também têm gerado riscos de morte. A homossexualidade humana ainda preocupa os proponentes do evolucionismo sendo discutida como um “paradoxo do evolucionismo” que muitos buscam diligentemente conciliar.
Do ponto de vista evolutivo, o fato de a homossexualidade ser algo bastante comum na sociedade humana, nas mais diversas culturas e épocas (3), ocorrendo em pelo menos 5% da população mundial, é no mínimo intrigante. Como homossexuais produzem menos prole do que heterossexuais, uma possível variação genética relacionada à homossexualidade dificilmente seria mantida ao longo das gerações. Como disse o Dr. Urban Friberg, do departamento de Biologia Evolutiva da Universidade de Uppsala, na Suécia, “isso é muito enigmático a partir de uma perspectiva evolucionária: como a homossexualidade pode existir em uma frequência tão alta a despeito do processo de seleção natural?” (http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/homossexualidade-pode-ser-influenciada-pela-epigenetica). De acordo com essa entrevista à revista Veja, pode-se perceber que o “paradoxo” do comportamento homossexual impulsiona os pesquisadores a novas teorias para a evolução do homossexualismo — neste caso específico, a epigenética, que pode ser definida como mudanças herdáveis da função dos genes que não alteram a sequência de nucleotídeos. Todavia, ainda que o conceito não seja tão claro para o leigo, é importante salientar que se a homossexualidade é genética/epigenética, ela é herdável e, portanto, deveria conferir alguma vantagem competitiva por não ser “descartada” pela “seleção natural”, sob a ótica do evolucionismo.
Ainda que muitos dos argumentos evolucionistas reforcem que o homossexualismo produz chances de “alianças entre o mesmo sexo” levando a uma vantagem competitiva (3), tal vantagem sociológica é extremamente dependente da capacidade intelectual dos seres humanos. Ademais, ainda que exista uma “forte aliança” — que pode ser percebida além do “casal”, inclusive, pelas conquistas que o movimento homossexual tem alcançado em todo mundo —, isso não invalida a eficaz e duradoura “aliança heterossexual”, também conhecida como “família”, no robustecimento sustentável das mais diversas civilizações através dos tempos.
Uma grande objeção à tentativa de harmonizar o homossexualismo com a teoria da evolução é que essa hipotética herança genética deveria conferir mais vantagens ao homossexual, mas não é isso o que encontramos na literatura biomédica.
Há décadas temos observado uma série de doenças que comumente acometem um homem homossexual, como doenças sexualmente transmissíveis, doenças entéricas e AIDS (inicialmente identificada neste grupo de risco). Embora essas mesmas doenças sejam também prevalentes entre os heterossexuais com múltiplos parceiros, o trauma decorrente do coito anal entre homens homossexuais pode promover incontinência fecal, hemorróidas, fissura anal, lesões de retossignmóide, proctite alérgica e edema peniano (4). Ademais, o cancer anal que é relativamente incomum, têm aumentado sua incidência em 1 a 3% ao ano em países desenvolvidos. Em 80 a 90% dos casos, têm se encontrado subtipos do vírus HPV (Papilomavirus) que levam ao surgimento do câncer. A homossexualidade em homens e o comportamento promíscuo (múltiplos parceiros sexuais) em mulheres heterossexuais têm sido sistematicamente identificados como fatores de risco para o câncer anal. Devido a estas alarmantes estatísticas, muitos têm cogitado pesados investimentos na vacinação contra HPV em homens ainda não infectados (5). Todavia, tais informações são omitidas em estudos e campanhas cujo apelo é de natureza e interesse homossexual.
Em lésbicas, a homossexualidade também não tem conferido “vantagens evolutivas”. Um dos exemplos mais conhecidos na literatura médica é a importância que o câncer de mama — a principal causa de câncer em mulheres (excentuando-se o câncer de pele) — tem neste grupo. Devido à alta prevalência de nuliparidade (ausência de gravidez) neste grupo, as lésbicas têm maior índice de câncer de mama e ovário (6).
Para piorar a situação, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), que possui importantes informações para o público leigo (www.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?id=5), a história familiar de câncer de mama está associada a um aumento de cerca de duas a três vezes no risco de desenvolver essa neoplasia. Alterações em alguns genes responsáveis pela regulação e pelo metabolismo hormonal e reparo de DNA, como, por exemplo, BRCA1, BRACA2 e p53 aumentam o risco de desenvolver câncer de mama. “Curiosamente”, a multiparidade e a amamentação — ocorrências significativamente associadas ao comportamento da mulher heterossexual — reduzem o risco do desenvolvimento do câncer de mama. Ademais, ainda que uma mulher seja portadora destas alterações genéticas (BRCA1, BRCA2 e p53), há evidências de que a multiparidade (ter filhos) reduz o risco do desenvolvimento do câncer de mama (7). Consequentemente, nota-se como a orientação sexual (heterossexual), sob a perspectiva epidemiológica, diminui o risco de câncer por uma predisposição genética.
Também, contrariando a ideia de que a ausência de coito vaginal com o sexo oposto diminuiria o risco de câncer de colo de utero (causando maior negligência com exames ginecológicos anuais), a transmissão do vírus HPV ocorre, sim, entre lésbicas. Portanto, deve-se fornecer mais informação às lésbicas quanto ao risco de câncer que não foi abolido por sua orientação sexual (8).
Quanto à possibilidade de desenvolvimento de uma estrutura “familiar” normal entre filhos com pais homossexuais, evidências recentes têm contrariado as expectativas. Apesar de muitos alegarem que filhos de pais homossexuais têm um desenvolvimento normal, uma revisão recente de nove estudos demonstrou que as crianças de pais homossexuais são mais propensas a adotar o interesse homossexual e suas atividades, mais propensas a reportar confusão sexual, mais propensas a ter distúrbios sociais, mais propensas ao abuso de substâncias ilícitas, menos propensas a se casar, mais propensas a se envolver em relacionamentos amorosos, menos propensas à religião, mais propensas a ter dificuldades emocionais, mais frequentemente expostas à molestação de seus pais e mais propensas à sexualização precoce com prejuízos sociais (9).
Quanto ao segundo argumento, além dos argumentos supracitados também serem válidos, ele é blasfemo, pois as Escrituras claramente dizem que Deus reprova a homossexualidade (Rm 1.18-32) e reforça que o casamento heterossexual é o meio eleito por Deus para que a sexualidade fosse expressa em santidade (Mt 19.3-6 citando Gn 1.27; 2.24). As Escrituras não nos deixam desprovidos de argumentos contra este falso argumento. Pelo contrário, a existência do comportamento homossexual entre os animais ratifica a revelação bíblica sobre os efeitos que a “Queda” (desobediência de Adão e Eva no Éden) têm sobre toda a criação. As Escrituras claramente revelam que a exposição feita na Noruega e em outros países foi uma retumbante declaração de que a criação está sujeita, pelo pecado, à “futilidade” e à “escravidão da decadência” (Rm 8.20,21). A “futilidade” e “escravidão da decadência” só não ficam mais evidentes porque as informações apresentadas neste texto dificilmente chegam ao público pela mídia. Deixando um pouco de lado a discussão sobre se a prática homossexual entre seres humanos e animais é um “crime contra a natureza”, ele certamente é um “crime contra Deus”, no qual animais e seres humanos sofrem (até fisicamente) as consequências da desobediência a Deus (Rm 8.18-23), até que a vinda de Cristo e a manifestação de seu reino ocorram.
“Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou. [...] Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Rm 8.20,22).
Todavia, a “futilidade” e “escravidão da decadência”, claramente relacionadas à decadência moral e aos prejuízos físicos aqui apresentados, podem ser apenas um período de rebeldia contra Deus. As Escrituras afirmam que todos — heterossexuais e homossexuais — somos réprobos e destituídos da glória de Deus (Rm 3.23) e que tal condição de pecado nos garante um juízo que nos separará para sempre da presença do Senhor e do seu Reino. Mas graças a Deus, há esperança! Jesus Cristo, ao morrer por nossos pecados e ressuscitar, conquistou a morte (1Co 15.14) e, nesta conquista, todo a futilidade e escravidão da decadência de nossos atos foram sepultados (Rm 8.1). Jesus Cristo ressuscitou e sepultou a condenação dos nossos terríveis pecados.
A propósito, se o seu bichinho de estimação apresentar um comportamento homossexual, saiba que isso não é normal e pode, inclusive, levar a lesões físicas. E lembre-se que é uma ordem divina cuidar da criação, protegendo-a da futilidade, da escravidão e da decadência de seus atos.
Ev. Leandro Boer
Referências
1. Jorge AM. Produção de Carne Bubalina. Revista Brasileira Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 29, n.2. 2005.
2. Franco GL. Comportamento Homossexual em Novilhos Confinados. IEPEC. 2008.
3. Kirkpatrick RC, Plato, Lévi-Strauss C. The Evolution of Human Homosexual Behavior. Curr Anthropol. 2000 Jun;999(2):000385-000413.
4. Owen WF Jr. Medical problems of the homosexual adolescent. J Adolesc Health Care. 1985 Jul;6(4):278-85.
5. Grulich AE, Poynten IM, Machalek DA, Jin F, Templeton DJ, Hillman RJ. The epidemiology of anal cancer. Sex Health. 2012 Dec;9(6):504-8. doi:10.1071/SH12070.
6. Mravcak SA. Primary care for lesbians and bisexual women. Am Fam Physician. 2006 Jul 15;74(2):279-86.
7. Lee E, Ma H, McKean-Cowdin R, Van Den Berg D, Bernstein L, Henderson BE, Ursin G. Effect of reproductive factors and oral contraceptives on breast cancer risk in BRCA1/2 mutation carriers and noncarriers: results from a population-based study. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2008 Nov;17(11):3170-8. doi: 10.1158/1055-9965.EPI-08-0396.
8. Bailey JV, Kavanagh J, Owen C, McLean KA, Skinner CJ. Lesbians and cervical screening. Br J Gen Pract. 2000 Jun;50(455):481-2.
9. Cameron P. Gay fathers' effects on children: a review. Psychol Rep. 2009 Apr;104(2):649-59.