Estudo 4 - Os Nomes de Deus
A análise de alguns nomes com que Deus é chamado na Bíblia serve como revelação adicional do caráter de Deus.
Além disso, o uso do “nome do Senhor” sempre foi visto com muita reverência. Invocar o nome do Senhor era o mesmo que adorá-lo (Gn 21.33). Usar seu nome em vão era desonrá-lo (Ex 20.7).
Assim, percebemos que podemos aprender sobre o caráter e sobre o relacionamento com Deus por meio do estudo de nomes aplicados a ele nas Escrituras.
A) ELOHIM
o termo hebraico Elohim é utilizado para se referir à divindade geral e significa que Deus é o forte, o líder poderoso, a divindade suprema. Geralmente é traduzido na nossa Bíblia como Deus.
É interessante notar que Elohim é empregado na forma plural. A terminação “im” é usada para indicar o plural em hebraico assim como a letra “s” na língua portuguesa. Existem várias possíveis razões para isso, mas a mais provável é que o plural, nesse caso, tenha a intenção de enaltecer o poder de Deus. Isso é conhecido como “plural de majestade”. Esse uso fica claro ao notar-se que os verbos, adjetivos e pronomes ligados a Elohim no AT aparecem na forma singular evidenciando não se tratar de vários deuses e sim de um Deus Todo-poderoso.
Algumas implicações surgem do uso do nome Elohim aplicado a Deus:
a) A soberania de Deus (Dt 10.17; Jr 32.27);
b) A ação de Deus como o criador (Gn 1.1; Is 45.18; Jn 1.9);
c) O juízo de Deus (Sl 50.6; 58.11).
d) As obras poderosas de Deus em favor de Israel (Sl 68.7-8).
Algumas derivações desse nome também servem para nos revelar mais um pouco de Deus:
a) El Shaddai – Traz a ideia do Deus Todo-poderoso assentado sobre uma montanha. Assim Deus se apresentou aos patriarcas (Gn 17.1; Ex 6.3; Sl 91.1-2);
b) El Elyon – Significa Deus altíssimo e enfatiza a força, a soberania e a supremacia de Deus (Gn 14.19);
c) El Olam – Significa Deus eterno e aponta para a imutabilidade de Deus (Gn 21.33);
d) El Roi – Significa Deus que se vê (Gn 16.13-14). Agar o chamou assim quando Deus falou com ela antes do nascimento de Ismael.
B) YAHWEH
Esse nome também é conhecido por Jeová. Na nossa Bíblia geralmente aparece no AT como Senhor em letras de caixa alta para diferenciarmos esse nome de outros que têm a mesma tradução (SENHOR). É também traduzido como EU SOU e significa que Deus é autoexistente.
Apesar de várias pessoas no início do AT tratarem Deus por esse nome, somente a Moisés foi dado conhecer seu sentido mais profundo quando Deus se apresentou como “EU SOU O QUE EU SOU” (Ex 3.14).
Yahweh era o nome pessoal de Deus pelo qual era conhecido por Israel. Depois do exílio, foi considerado um nome sagrado e não era mais pronunciado. Em lugar dele era usado Adonai.
Algumas implicações surgem do uso do nome Yahweh:
a) A autoexistência imutável de Deus (ver Jo 8.58 conforme Ex 3.14);
b) A presença constante de Deus entre seu povo (Ex 3.12 cf. v.14);
c) O poder de Deus para agir em benefício do seu povo e para manter sua aliança com ele (Ex 6.6).
Algumas derivações desse nome também servem para nos apontar vários tipos de atuação de Deus para com a criação e para com seu povo:
a) Yahweh Jireh – Significa “o SENHOR proverá” (Gn 22.14).
b) Yahweh Nissi – Significa “o SENHOR é minha bandeira” (Ex 17.15);
c) Yahweh Shalom – Significa “o SENHOR é paz” (Jz 6.24);
d) Yahweh Sabbaoth – Significa “o SENHOR dos exércitos” (1 Sm 1.3);
e) Yahweh Maccadeshkem – Significa “o SENHOR que vos santifica” (Ex 31.13);
f) Yahweh Raah – Significa “o SENHOR é meu pastor” (Sl 23.1);
g) Yahweh Tsidkenu – Significa “SENHOR, justiça nossa” (Jr 23.6);
h) Yahweh Shammah – Significa “o SENHOR está ali” (Ez 48.35);
i) Yahweh Elohim Israel – Significa “o SENHOR, Deus de Israel” (Jz 5.3; Is 17.6).
C) ADONAI
Adonai, assim como Elohim, é um plural de majestade. Aparece na nossa Bíblia como “Senhor” (em letras normais) e significa senhor, mestre, proprietário (vejam esses sentidos sendo aplicados genericamente, não em relação a Deus, em Gn 19.2; 40.1; 1Sm 1.15).
Traz a ideia de que Deus tem autoridade absoluta sobre o homem. Josué reconheceu a autoridade do príncipe do exército do Senhor (Js 5.14) e Isaías submeteu-se à autoridade do Senhor, seu mestre (Is 6.8-11).
O termo equivalente no NT é kyrios (Senhor).
D) deus (theos)
Theos é a mais frequente designação para Deus no NT. É usado para se referir a Deus, mas há também textos em que theos aponta para deuses pagãos (At 12.22, 1Co 8.5), para o diabo (2Co 4.4) e para a sensualidade (Fp 3.19). O mais importante é que Jesus é chamado de theos (Rm 9.5; Jo 1.1,18, 20.28, Tt 2.13).
Algumas implicações são:
a) Ele é o único Deus verdadeiro (Mt 23.9; Rm 3.30; 1Tm 2.5);
b) Ele é inigualável (1Tm 1.17; Mt 6.24);
c) Ele é transcendente (At 17.24; Hb 3.4; Ap 10.6);
d) Ele é o Salvador (1Tm 1.1; 2.3; 4.10).
E) senhor (kyrios)
Das 717 vezes em que kyrios aparece no NT, 210 vezes aparece nos escritos de Lucas e 275 nos de Paulo (67,7%). Kyrios enfatiza autoridade e supremacia. Pode significar:
a) Senhor (Jo 4.11);
b) Dono (Lc 19.33);
c) Mestre (Cl 3.22);
d) Ídolos (1Co 8.5);
e) Maridos (1Pe 3.6).
Quando aplicado a Deus, expressa especialmente sua condição de criador, seu poder e domínio justo sobre o universo.
Jesus foi chamado de kyrios no sentido de “rabi” ou “Senhor” (Mt 8.6). Quando Tomé o chamou de “Senhor meu e Deus meu”, atribuiu a ele divindade absoluta (Jo 20.28). A ordem de Rm 10.9 significa reconhecer Jesus com a natureza e os atributos que pertencem somente a Deus. Assim, a essência do cristianismo é reconhecer que Jesus é o yahweh do AT.
F) mestre (despotes)
Despotes dá a ideia de propriedade, enquanto kyrios dá ideia de autoridade. Deus é chamado várias vezes de despotes (Lc 2.29; At 4.24, Ap 6.10). Jesus é chamado de despotes duas vezes (2Pe 2.1; Jd 4).
G) Pai
Deus é apresentado no NT como Pai. No AT o nome Pai designa Deus 15 vezes. No NT isso acontece 245 vezes. As atuações de Deus ressaltadas pelo nome Pai demonstram que ele dá:
a) Graça e paz (Ef 1.2; 1Ts 1.1);
b) Boas dádivas (Tg 1.7);
c) Mandamentos (2Jo 4);
d) Respostas de oração (Ef 2.18; 1Ts 3.11).