O Recasamento e a Bíblia
Vivemos dias em que os valores cristãos ditam cada vez menos as normas da sociedade e o padrão de conduta do ser humano, ao passo que os valores da sociedade influenciam o estilo de vida até mesmo dentro da Igreja do Senhor. Isso tem trazido efeitos tristes e consequências amargas.
Vários aspectos da conduta cristã são atacados pelo sistema mundano, mas nossa intenção é isolar apenas um deles: o recasamento. Por recasamento entende‐se a união matrimonial subsequente a um processo de divórcio. Significa que uma pessoa que era casada e se separou de seu cônjuge pelas vias legais, oficializa pelas mesmas vias um segundo casamento, ou terceiro e assim por diante.
Sabemos ser este um procedimento muito comum na atualidade e bem recebido pela sociedade moderna. Mas o que dizer da igreja? Como a igreja deve olhar para esse fenômeno? O que a Bíblia diz a respeito?
Para responder essas questões vamos propor três perguntas:
1. A Bíblia aprova ou permite o recasamento?
2. O que acontece com pessoas que se casam novamente?
3. Como a igreja deve tratar crentes recasados?
1. A BÍBLIA APROVA OU PERMITE O RECASAMENTO?
As Escrituras demonstram que o casamento entre um homem e uma mulher é uma instituição cujo autor é Deus (Gn 2.24). Dessa união o Senhor pretendeu que a multiplicação da raça humana e o povoamento da terra fossem levados a efeito (Gn 1.28; 9.1).
Essa união é boa para o homem (Gn 2.18) e forma um laço indissolúvel que perdura até a morte de um dos cônjuges (Mt 19.6; Rm 7.2; 1Co 7.39). Levando em conta a natureza humana e suas inclinações, o casamento impede que homem e mulher tenham vidas imorais (1Co 7.2,28). A Bíblia diz que a união de um homem e uma mulher no casamento os torna “uma só carne” (Gn 2.24; Mt 19.5,6; Mc 10.8; Ef 5.31). As Escrituras também ensinam que essa união deve ser mantida pura por meio da fidelidade conjugal, ficando terminantemente proibido o adultério (Ml 2.15,16; Hb 13.4).
Diante dessas observações uma pergunta muito freqüente é: “Será que a Bíblia permite um novo casamento?” Há duas respostas condicionadas a situações diferentes:
1) Caso o cônjuge já tenha falecido, a resposta é “sim” (Mt 22.24; Rm 7.2,3). Em alguns casos esse novo casamento após a morte do cônjuge é aconselhado (1Tm 5.14,15). Entretanto, tal união deve ser realizada com alguém também salvo por Cristo (1Co 7.39).
2) Caso o cônjuge esteja vivo, apesar de separado, a resposta é um sonoro “não” (Mt 5.32; Mc 10.11,12; Lc 16.18; Rm 7.3; 1Co 7.10‐11). Excepcionalmente algumas exceções são abertas para casos de divórcio (Mt 5.32; 1Co 7.15), mas nenhuma exceção há para o recasamento quando o cônjuge ainda vive. Há quem defenda que casamentos entre não crentes não são de fato válidos por não serem realizados “no Senhor”. Entretanto, a ordem de Deus para que o crente casado com o incrédulo não se aparte dele (1Co 7.12‐15), demonstra que a união matrimonial se dá não pelo fato dos cônjuges serem crentes ou pelo fato de terem realizado uma cerimônia em uma Igreja do Senhor, mas pelo fato de se unirem na instituição que Deus criou para a humanidade: o casamento. Assim, crentes ou não crentes que se casam estão, de fato, unidos pelo matrimônio reconhecido por Deus e “não podem se casar novamente, a menos que o cônjuge venha a falecer.”
2. O QUE ACONTECE COM PESSOAS QUE SE CASAM NOVAMENTE?
Esta é uma pergunta bastante pertinente porque a mera e clara proibição bíblica ao recasamento não tem impedido que pessoas divorciadas, mesmo dentro das igrejas, venham a se casar novamente. A pergunta a ser respondida nesse caso é: “Será que esse segundo casamento realmente existe?” Em outras palavras: “Será que a Bíblia dá mostras de que o segundo casamento também une um homem e uma mulher em um laço indissolúvel?”
A resposta é: a Bíblia censura o recasamento, mas reconhece sua existência e a união entre homem e mulher. O recasamento, à luz das Escrituras, é “irregular”, porém “válido”. Para entendermos os termos, irregular significa: “contrário ao ensino bíblico”; válido significa: “longe de ser algo aprovado pela Bíblia, é reconhecido por ela como “existente”. Em outras palavras, o recasamento é moralmente errado, mas mesmo assim é um casamento.
As objeções mais comuns a esse ponto de vista são que o casamento só une o homem a uma única mulher e que o fenômeno de fazer homem e mulher “uma só carne” só ocorre uma única vez. Entretanto, as Escrituras demonstram o contrário:
a) A Bíblia reconhece a existência de mais de um casamento simultâneo.
b) A Bíblia faz distinção entre o casamento e a convivência carnal.
c) A Bíblia reconhece que a formação de “uma só carne” pode ocorrer mais de uma vez.
a) A Bíblia reconhece a existência de mais de um casamento simultâneo.
O primeiro caso relatado na Bíblia de uma poligamia foi o de Lameque (Gn 4.19). Apesar de não ser este o propósito central do texto, ele apresenta as duas mulheres de Lameque, Ada e Zilá, desfrutando da mesma condição em relação ao marido.
Davi recebeu Mical por mulher (1Sm 18.27; 2Sm 3.14). Apesar disso, Davi recebeu por mulheres Abgail (1Sm 25.42) e Ainoã (1Sm 25.43) no tempo em que fugia de Saul. O texto claramente diz que “ambas foram suas mulheres”. Quando Davi se assentou no trono de Judá, em Hebrom, ele se casou e teve filhos com Maaca, com Hagite, com Abital e com Eglá (2Sm 3.2‐5). Nem todas dentre essas quatro mulheres são descritas claramente como esposas, a não ser Eglá. Mesmo assim, o fato de Maaca, a primeira da lista, ser descrita como filha de um rei torna extremamente improvável que ela fosse uma concubina e que Davi não tivesse oficializado com ela um casamento, provavelmente por questões políticas.
Deste modo, a lista das quatro mulheres começa e termina com duas esposas (Maaca e Eglá), tornando provável que as outras duas também fossem oficialmente esposas de Davi (Hagite e Abital). Assim que Davi unificou o trono e reinou em Jerusalém sobre todo o Israel, se casou ainda com outras mulheres (2Sm 5.13; 1Cr 14.3). Posteriormente Davi se casou com Bate‐Seba (2Sm 11.27).
Salomão teve muitas esposas. Talvez a mais distinta fosse a filha do Faraó (1Rs 3.1). Apesar desse casamento, Salomão amou e teve 700 esposas “além da filha do Faraó”, desobedecendo a ordem de “não se casar” com mulheres estrangeiras (1Rs 11.1‐3), nem acrescentar mulheres para si (Dt 17.17). O resultado foi que “suas mulheres lhe perverteram o coração” (1Rs 11.4).
Roboão, filho de Salomão, não seguiu o exemplo de seu pai acumulando um número tão exagerado de mulheres. Mesmo assim, ele teve 18 esposas das quais Maaca era a mais amada (2Cr 11.21).
O Novo Testamento também contém exemplos de poligamia. Um caso claro é o da mulher samaritana. O próprio Senhor Jesus nos informa que ela tivera cinco maridos (Jo 4.18). Há quem defenda a possibilidade de que a mulher tivesse ficado viúva cinco vezes não cometendo qualquer erro. A possibilidade é real, mas o tom de denúncia de Jesus não condiz com isso. Antes, Jesus expõe a vida desregrada da mulher samaritana apresentando junto um convite à fé. Há também quem proponha que Jesus não se referiu a cinco “maridos”, mas a cinco “homens”, que nada mais seriam que amantes ou conviventes, baseado na palavra grega usada para descrevê‐los (andros). Porém, esta é a mesma palavra usada no Novo Testamento para dizer que José era “marido” de Maria (Mt 1.16), para proibir que a mulher se case novamente enquanto o “marido” ainda vive (Rm 7.3), para aconselhar o “casamento” a fim de impedir a impureza (1Co 7.2), para ordenar aos “cônjuges” que cumpram suas responsabilidades conjugais (1Co 7.3,4) e para ordenar às esposas que sejam submissas aos seus “maridos” (Ef 5.22). Portanto, Jesus afirmou, de fato, que a mulher teve cinco maridos e que aquele com quem vivia atualmente não era “marido”, ou seja, não tinha se casado formalmente com ela. Caso fosse aceito que a samaritana teve cinco “homens” que não eram seus maridos, a interpretação das palavras de Jesus seria ilógica. Significaria algo como: “Cinco homens já tiveste, e esse que agora tens não é homem”, ou “cinco homens já tiveste, e esse homem que agora tens, não o tens”. Essas interpretações distantes da razão mostram que Jesus afirmou e reconheceu que a mulher samaritana teve, de fato, cinco maridos, possivelmente enquanto alguns deles ou todos ainda viviam, motivo pelo qual Jesus usa com ela um tom de reprovação.
Mesmo na igreja havia homens casados com mais de uma esposa. A poligamia era comum no mundo antigo e muitos dos que se convertiam eram casados com mais de uma mulher ou tinham se divorciado e se casado novamente. Por isso Paulo demonstra cautela em relação aos cargos de liderança e ordena a Timóteo que tanto pastores quanto diáconos fossem “maridos de uma só esposa” (1Tm 3.2,12). A Tito o apóstolo escreve o mesmo (Tt 1.5,6). Quando notamos as qualificações dadas por Paulo para a escolha de pastores e diáconos, percebemos que não há nenhum critério óbvio para um crente como o de “ter fé em Cristo”. Todos os itens apontam para qualidades que realmente poderiam excluir candidatos crentes aos cargos de liderança. Havia crentes que, em uma ou outra área, não se apresentavam aptos para o cargo. Havia crentes irascíveis (Cl 3.8), dados a muito vinho (1Co 11.21), não modestos (Tg 4.16) e não inimigos de contendas (Gl 5.15). Do mesmo modo, havia os que não eram “maridos de uma só esposa”. Esses homens não podiam assumir cargos de liderança por causa do seu recasamento.
À luz dessa evidência não é possível rejeitar o fato de que a Bíblia, conquanto condene o recasamento, reconhece sua existência e vê nos casamentos subseqüentes ao primeiro as mesmas prerrogativas de união entre um homem e uma mulher que perfazem um matrimônio.
b) A Bíblia faz distinção entre o casamento e a convivência carnal.
É comum que, diante do reconhecimento bíblico da existência de casamentos simultâneos, se proponha que tais casos não apontam para casamentos no seu real sentido, mas para concubinatos corriqueiramente descritos como casamentos. Segundo essa proposta, quando a Bíblia diz que certo homem tomou “outras mulheres”, deveria ser interpretado que tal homem tomou “outras concubinas”. Somente a primeira mulher desfrutaria da posição de esposa.
A Bíblia não parece tratar dessa forma. Davi possuía “esposas” e “concubinas” (2Sm 5.13; 19.5). Salomão tinha setecentas “esposas” e trezentas “concubinas” (1Rs 11.3). Roboão possuía dezoito “mulheres” e sessenta “concubinas” (2Cr 11.21). Em todos esses relatos, as concubinas são contrapostas não a uma esposa, mas a várias delas, demonstrando que a diferença entre o casamento e o concubinato não estava na divisão entre a primeira mulher e as demais, mas entre aquelas que foram unidas ao marido pelo casamento e aquelas que experimentaram apenas a união carnal.
Portanto, voltando à pergunta: “O que acontece com pessoas que se casam novamente?”, a resposta é que elas se unem em um novo laço matrimonial também indissolúvel como o primeiro. Esse novo vínculo não é permitido pelas Escrituras, mas é existente quando ocorre. É “irregular”, mas “válido.”
c) A Bíblia reconhece que a formação de “uma só carne” pode ocorrer mais de uma vez.
Uma objeção comum à existência de laços matrimoniais no recasamento é a ordem de Deus ao homem para que se una à mulher “tornando‐se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Esse ensino é repetido várias vezes nas Escrituras (Mt 19.5,6; Mc 10.7,8; Ef 5.31). Porém, Paulo alerta os coríntios quanto à imoralidade sexual e diz que “o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela...” (1Co 6.16). Quando Paulo dá esse alerta, ele não o faz somente aos solteiros, mas a toda a igreja. Mesmo os homens casados, ao se unirem a uma prostituta, formavam um só corpo com ela.
Algo passível de confusão é o fato de Paulo usar a palavra “corpo” (soma) em lugar da palavra “carne” (σάρξ, sarx) para descrever tal união. Contudo, imediatamente explica o motivo do erro de se unir a uma prostituta, dizendo: “... Porque, como se diz, serão os dois uma só carne”. Ao escrever a expressão “um só corpo” Paulo tinha em mente a união descrita por Deus que também ocorre no casamento. O motivo de ter usado a palavra corpo em vez de carne se deve ao fato de Paulo discorrer no parágrafo em questão sobre o uso do corpo pelos crentes (1Co 6.13,15,18‐20). É por isso que, em contraposição à união “corporal” entre o homem e a prostituta, o apóstolo apresenta a união “espiritual” entre o crente e o Senhor (1Co 6.17).
Assim, a Bíblia reconhece a possibilidade de uma pessoa se unir em uma condição descrita como “uma só carne” com mais de uma pessoa. Isso também revela que o termo “uma só carne” não é sinônimo exato de casamento e que para haver união matrimonial deve existir mais que união carnal, necessitando da devida formalização do vínculo.
3. COMO A IGREJA DEVE TRATAR CRENTES RECASADOS?
Como a igreja não está imune a exemplos de recasamento, é necessário que se posicione diante da questão. Para isso, deve ficar claro que o fato de definir pelas Escrituras o modo de lidar com pessoas recasadas na igreja de modo algum deve nublar o ensino da proibição do recasamento por Deus. É, antes, a manutenção em graça da vida daqueles que desobedeceram tal ordem e se colocaram em uma situação irregular, porém irreversível.
Há dois casos que, apesar de fundamentalmente iguais, guardam algumas distinções. Um é o caso de pessoas já recasadas quando se converteram a Cristo. Outro é caso de crentes que, desobedecendo a Bíblia e a orientação dos seus líderes, se casaram novamente, sendo, por esta obstinação, disciplinados pela igreja. Apesar das diferenças, ambos os casos têm o mesmo efeito sobre a vida do indivíduo e necessitam da mesma solução: O arrependimento do pecador e o perdão de Deus.
Uma condição muitas vezes imposta ao crente recasado é que ele demonstre seu arrependimento desfazendo o que foi gerado pelo pecado. Para tanto, o perdão e o ingresso na igreja se daria apenas mediante o divórcio do segundo casamento, podendo ou não haver reconciliação com o primeiro cônjuge. O argumento geralmente usado para apoiar essa visão é que um crente arrependido por furtar algo, demonstra a veracidade do seu arrependimento ao restituir o produto do furto. Isso é verdade. Entretanto, é uma regra que não pode ser aplicada a todos os casos. É possível que alguém furte algo que não possa restituir, ou causar danos que não podem ser desfeitos. Alguém que deva um valor superior às possibilidades de uma quitação mesmo ao longo de muito tempo, nunca poderá demonstrar o verdadeiro arrependimento por meio do ato de desfazer o que foi gerado pelo pecado. É o caso do credor que devia ao rei uma soma espetacular até para reinos vassalos (Mt 18.24). A anulação da dívida não se deu mediante o pagamento, visto ser inalcançável, mas mediante a graça do rei (Mt 18.27), assim como faz Deus em relação aos nossos pecados. Do mesmo modo, uma jovem solteira que fique grávida não pode desfazer o que foi gerado pelo pecado interrompendo a gravidez, nem o culpado pela morte de um inocente trazê‐lo de volta à vida a fim de provar que está de fato arrependido. Nesses tristes casos o arrependimento em si tem que bastar.
Esses exemplos se assemelham ao recasamento. Ele, ao ser reconhecido nas Escrituras como “existente”, se torna irreversível e cria uma união que só será desfeita na morte de um dos cônjuges (Rm 7.2). Com os cônjuges vivos não é possível desfazer a união entre eles sem que haja um divórcio, o qual Deus odeia (Ml 2.16). Não há justiça em reparar um pecado com outro.
Também não se deve aconselhar o recasado a reatar os laços com seu primeiro cônjuge. Essa prática é descrita em Deuteronômio como uma “abominação perante o Senhor” (Dt 24.1‐4). É possível que alguém diga que tal proibição é fruto da Lei abolida pelo sacerdócio de Cristo (Hb 7.12). Mas a forma em que ela é exposta não encoraja a interpretação de que ela esteja baseada em algo como um código civil ou cerimonial, em lugar do caráter santo de Deus que independe do sacerdócio em vigor. Exemplos semelhantes a esse são as proibições quanto à união de uma pessoa com seu pai, ou mãe, ou irmão, ou irmã, ou neto, ou neta, ou tio, ou tia, ou genro, ou nora, ou duas mulheres que sejam mãe e filha, ou mulher do próximo, ou mais de uma mulher, ou ter relacionamento homossexual ou bestial (Lv 18.1‐23). O Senhor declara que tais coisas contaminam não apenas a nação israelita, mas todos os povos (Lv 18.24,30). Do mesmo modo que tais proibições advêm do caráter santo de Deus e não foram deixadas de lado após o ministério de Cristo, também a reconciliação de uma pessoa recasada com seu primeiro cônjuge deve, pelo mesmo motivo, ser rejeitada pela igreja.
Assim, crentes recasados devem se arrepender do seu pecado, não devem se divorciar e devem preservar um relacionamento de fidelidade com seu cônjuge atual. Quanto à igreja, esta deve perdoar o pecado do irmão arrependido (Lc 17.3), sabendo que Cristo fez o mesmo (1Jo 1.9), e deve introduzi‐lo ou reintroduzi‐lo na comunhão dos irmãos (2Co 2.5‐8). Entretanto, tais indivíduos não poderão exercer atividades ministeriais (1Tm 3.2,12; Tt 1.5,6).
Esse posicionamento não deve ser encarado nem pelos crentes, nem pela liderança das igrejas como uma abertura para o pecado ou como uma brecha à qual os desobedientes podem recorrer. O modo como a Bíblia lida com possibilidade do abuso da liberdade cristã e do perdão gracioso de Deus não é uma forma legalista ou penal. A Bíblia, ao tratar da liberdade e do perdão, expõe a santidade de Deus, a nova natureza do cristão e o desencorajamento de uma vida contrária à condição do remido (Rm 6.1,2; Gl 5.13).
CONCLUSÃO
O melhor modo de concluir as considerações presentes a respeito do recasamento em face dos ensinos bíblicos é responder novamente, de forma sucinta, as três questões levantadas no início:
1. A Bíblia aprova ou permite o recasamento?
De modo algum, em lugar nenhum, sob nenhuma circunstância.
2. O que acontece com pessoas que se casam novamente?
Elas realmente se casam, apesar da irregularidade do ato. Devem se arrepender do pecado, mas não devem nem podem se divorciar, nem tampouco reatar o relacionamento anterior. Devem ser fiéis ao cônjuge atual até que a morte desfaça esse laço. Devem também buscar o perdão e a comunhão sincera com Deus e com a Igreja.
3. Como a igreja deve tratar crentes recasados?
A igreja deve perdoar o arrependido, conquanto ouça dele o pedido de perdão e constate nele a ausência de rebeldia na sua vida em geral. O irmão recasado arrependido deve ser integrado na vida e na comunhão da igreja, sendo‐lhe impostas as devidas restrições ministeriais. Os pastores e professores devem alertar a igreja, diante disso, das consequências do pecado a fim de que haja temor entre os irmãos e consciência da necessidade de uma vida santa por parte dos remidos.
Pr. Thomas Tronco