Segunda, 09 de Dezembro de 2024
   
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Inversão de Valores

Pastoral

A Bíblia ensina que o mundo jaz no maligno (1Jo 5.19) e que, nos últimos dias, a maldade se intensificaria (2Tm 3.1-5). Essas verdades devem ser conhecidas por todo crente. Mas cada vez que abrimos as páginas dos noticiários, parece que somos surpreendidos por algo jamais visto. Uma mãe que faz um vídeo convidando a filha a se matar juntamente com ela, momentos antes de jogar seu carro contra um caminhão. Um jovem pai de família morto por pedir aos vizinhos traficantes que diminuíssem o barulho para a filha recém-nascida poder dormir. Um maluco que invade uma creche com um facão e mata mulheres e bebês. 

Quando pensamos que a maldade encontrou seu limite, somos surpreendidos por algo ainda pior. O mundo se tornou absurdamente odioso e não há limites para a criatividade maligna do coração humano. E para agravar a situação, há, nos meios de comunicação, um ímpeto por desprezar o que é bom e louvar o mal. Basta ver como canonizam celebridades imorais e perversas, ao passo que demonizam policiais no estrito cumprimento do dever legal para proteção dos inocentes. 

Inserido nesse contexto, o crente, antagônico a essa inversão de valores, pode se entristecer ao ver o mal prevalecendo e sendo enaltecido. Contudo, não se podem esquecer os versículos acima e achar que essa situação pode ser revertida por algum político que, eventualmente, ocupe a cadeira da presidência da República. Ou, talvez, acreditar que se os deputados e senadores fizessem leis mais rigorosas contra bandidos e premiassem os bons, conforme prescrito em Romanos 13.3-4, a maldade seria refreada. Ou, até mesmo, que se a mídia voltasse seus olhos para os cidadãos de bem e os louvasse, ao invés de proteger e honrar delinquentes, veríamos dias melhores e nossa sociedade seria aperfeiçoada. 

Não podemos esquecer que o príncipe deste mundo age nos filhos da desobediência (Ef 2.2) a fim de cegar-lhes o entendimento (2Co 4.3-4) de modo que não conheçam a Deus e se afundem mais em suas práticas perversas. Depositar qualquer esperança de melhora nessas circunstâncias é ser ingênuo ou ignorante. 

Além disso, não podemos nos enganar e depositar a esperança neste ou naquele governante que prometeu mudar os rumos do País e estabelecer uma nova era de prosperidade e justiça. Aliás, nós, os crentes, somos os únicos que temos a certeza de que um dia um governo justo, reto e bom será inaugurado e perdurará para sempre (Ap 2.27; 12.5; 19.15). 

O crente deve orar e trabalhar para que a justiça seja plena e constantemente aplicada em sua esfera de influência. Ele pode se indignar com o crescimento da maldade (Sl 94.3), sem, contudo, se desesperar, aguardando em Deus a justa e tempestiva punição dos ímpios (Sl 37.7). 

E antes que me acusem de ser demasiadamente pessimista, creio que esse cenário é oportunidade para os crentes derramarem ainda mais o coração diante de Deus, como fez o salmista, e aguardar o cumprimento das promessas que o Senhor fez à medida que ele controla o coração e desígnios dos governantes, bons e maus (Sl 21.1). 

Nossa certeza e esperança estão em Jesus, o Justo, que pisará seus inimigos, aplicará a escorreita punição que os maus merecem e honrará os bons e retos. Deus já o elegeu para esse fim, embora seu mandato sempiterno neste mundo caído ainda não se iniciou plenamente. Enquanto isso, lutemos pelo que é justo e verdadeiro em nossos foros pessoais e familiares de modo a reluzir a esperança deste governante perfeito e anelado. 

Pr. Isaac Pereira

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