A Valorosa Missão dos Pais
Outros pais, no entanto, não têm essa preocupação demasiada com a profissão e a formação de seus filhos. O importante mesmo — pensam eles — é que se sintam bem, seja em que atividade for. Aliás, se o caminho para satisfação pessoal deles passar longe das escolas e dos livros, que assim seja. Pois o imprescindível é que se tornem pessoas realizadas e se sintam satisfeitas no que se propuserem a fazer.
Os perfis dos pais que acabei de citar apontam para dois extremos do que vemos em muitos lares hoje em dia. De um lado, progenitores convictos de que o caminho do êxito está em uma carreira de sucesso e na vida financeiramente abastada. De outro, aqueles que veem na liberdade total e no prazer uma trilha certa para a satisfação de seus herdeiros. Um fato notável, porém, é que ambos têm um objetivo em comum, a saber, promover a felicidade de seus filhos. Mas será que estão fazendo isso da maneira correta?
No livro Pastoreando o Coração da Criança, Tedd Tripp fala sobre algo que jamais deveria ser esquecido pelos pais cristãos. A certa altura, ele comenta: “Criar filhos não deve ser uma preocupação apenas com influências formativas, mas deve envolver pastorear o coração (...). Eles [os filhos] só podem encontrar plena realização e felicidade ao conhecerem e servirem o Deus vivo”. Tripp está correto!
Notem que não é errado os pais desejarem que sua prole desfrute de tranquilidade financeira, nem que tenham satisfação no que vierem a fazer em suas ocupações. Definitivamente, não há mal nisso. O problema reside no fato de que vários pais, às vezes mesmo sem perceber, têm impresso em seus filhos uma perspectiva materialista e hedonista da vida, quando, na verdade, deveriam inculcar neles uma visão bíblica das coisas à sua volta (Dt 6.4-7). Em Provérbios 16.20 está escrito: “O que atenta para o ensino acha o bem, e o que confia no Senhor, esse é feliz”.
Pais crentes devem se preocupar com a formação do caráter de Cristo em seus filhos antes de qualquer outra coisa. Sendo assim, pai e mãe devem estar empenhados na tarefa de anunciar o evangelho em sua casa. Paulo resume perfeitamente a tarefa dos pais em Efésios 6.4: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. Com base nesse texto é possível notar duas lições importantes.
Em primeiro lugar, em sua tarefa de instruir, os pais não devem provocar a ira pecaminosa de seus filhos. Creio que a melhor maneira de fazer isso é evitar sufocá-los com excessos de demandas e proteção, ao mesmo tempo que não agem de modo excessivamente liberal e permissivo. Segundo John MacArthur, “nossa sociedade tem promovido atitudes cada vez mais permissivas com as crianças há muitos anos. Agora estamos colhendo os frutos de uma geração de jovens irados”. Não há dúvidas de que, no trato com seus filhos, os pais devem buscar a via do equilíbrio e do bom senso.
Em segundo lugar, Paulo exorta seus leitores a criar os filhos na disciplina e na admoestação do Senhor. A palavra grega (paideia), traduzida em Efésios 6.4 como “disciplina”, aparece também em 2Timóteo 3.16 como “educação na justiça”. Disciplina, portanto, pode ser descrita como educação por meio de regras e normas bem definidas, o que não exclui, eventualmente, o uso da vara da disciplina (Pv 13.24; 22.15; 23.13; 29.15). A admoestação, por sua vez, comporta a ideia de educar eficazmente por meio do ensino e da advertência. Os pais, dessa forma, devem oferecer a seus filhos uma verdadeira educação cristã, já que a disciplina e a admoestação a que o texto se refere são do Senhor.
A preocupação com o futuro acadêmico e profissional, assim como a satisfação dos filhos, têm seu lugar, mas o importante é que os pais tementes a Deus se empenhem em sua valorosa e primordial missão: guiar os filhos no caminho da Verdade. Afinal de contas, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8.36).
Pr. Robson Alves