Segunda, 09 de Dezembro de 2024
   
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“Home Office” e a Postura dos Servos de Deus

Pastoral

Ao longo dos anos, as relações de trabalho e de meios de produção sofreram uma série de mudanças. Algumas delas ocorreram naturalmente. Outras, no entanto, são resultados de grandes embates e severas crises. A Revolução Industrial, por exemplo, marcou para sempre a forma de se produzir um bem. Com o desenvolvimento do processo fabril, a produção artesanal perdeu espaço para a feita por meio de máquinas. Além disso, pessoas que trabalhavam ocasionalmente nas fazendas, em épocas de colheita, passaram a integrar outro grupo de trabalhadores, o qual viria a ser conhecido como classe operária. A contar do século 18 até hoje, muitas mudanças ocorreram. Para se ter ideia, há alguns anos era impensável admitir que alguns profissionais tivessem condições de executar suas atividades a distância, sem necessariamente terem de se deslocar até a empresa em que prestavam serviço. Porém, com o desenvolvimento da tecnologia da informação e sua acessibilidade, surgiu o teletrabalho, ou home office, como é mais conhecido. Nessa modalidade, o empregado cumpre seu expediente fora do ambiente da empresa. Trata-se, portanto, de uma forma de trabalho que pode ser realizada em domicílio ou qualquer outro lugar.

Com a pandemia da Covid-19, muitas empresas tiveram de adotar o sistema de home office sob o risco de fechar as portas de vez. Embora não seja novidade para algumas organizações, para outras, no entanto, envolve quebra de paradigmas. Mas não são somente as instituições que devem se adaptar a esse modelo de trabalho. Seus colaboradores também precisam acomodar-se à nova metodologia que envolve menos controle e mais reivindicações de resultado por parte de seus gestores. Talvez, uma das grandes tentações para aqueles que estão prestando serviço nessa modalidade seja a de “matar o tempo”, já que não estão sob o olhar dos empregadores. Diante disso, a Palavra de Deus se mostra, como sempre, atual e relevante. Em Efésios 6.5-7 está escrito: “Vós, escravos, obedecei a vossos senhores deste mundo, com temor e tremor, com sinceridade de coração, assim como a Cristo, não servindo só quando observados, como para agradar os homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus, servindo de boa vontade como se servissem ao Senhor e não aos homens”.

É possível destacar desse texto pelo menos três recomendações que servem de guia para qualquer profissional, seja os que trabalham em regime de home office, ou os que mantêm vínculos convencionais com suas corporações.

A primeira recomendação é referente ao dever do empregado. Os profissionais cristãos precisam reconhecer seus deveres como contratados. Pessoas insubordinadas e de difícil trato são um pesadelo para qualquer gestor. Sendo assim, diante de uma liderança constituída, espera-se daqueles que nasceram de novo uma postura respeitosa e solícita (1Pe 1.18), reflexo de quem tem plena convicção de que, agindo assim, obedecerá ao próprio Senhor Jesus.

A segunda recomendação diz respeito ao modo como o crente desenvolve suas atividades. O cristão verdadeiro deve buscar executar as tarefas de que está incumbido com a maior perfeição possível, independente se é observado ou não. É comum os especialistas do mundo corporativo falarem de marketing pessoal como estratégia de autopromoção, com vistas a alcançar determinados objetivos. Porém, o indivíduo que não fizer uso cauteloso dessa ferramenta poderá revelar que não passa de alguém extremamente egoísta e vaidoso. Os servos de Deus devem, isso sim, executar seu trabalho com excelência, sobretudo porque entendem que o que realizam tem como objetivo principal glorificar a Deus (Rm 11.36; 1Co 10.31). Dessa forma, o fato de trabalharem a distância ou nas dependências da empresa não altera sua dedicação e empenho, pois o que fazem tem um alvo muito mais nobre e relevante do que a autopromoção.

Por fim, a última recomendação fala da disposição com que se deve realizar os afazeres. Em Colossenses 3.23 — texto paralelo ao de Efésios 6.7 —, Paulo exorta seus leitores a realizar todas as coisas com inteireza de coração, como que para o próprio Senhor. O testemunho da transformação causada por Cristo na vida dos eleitos deve ser evidenciado por meio de uma postura reta. Desenvolver o trabalho de maneira disposta e dedicada, movidos pela santa motivação de, por meio disso, servir ao Senhor, revela que o evangelho chegou a nós de maneira operosa e não somente em palavras (1Ts 1.3-5).

Outras mudanças ainda ocorrerão no campo das relações de trabalho, porém, o que sempre deve permanecer são as colunas que sustentam nosso profissionalismo, a saber: consciência do nosso dever como contratado, excelência na execução do trabalho e disposição sincera de executar nossas tarefas com afinco, como que para o Senhor.

Que Deus nos ajude!

Robson Alves

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