Terça, 12 de Novembro de 2024
   
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Colossenses 2.1-5 - Os Objetivos Específicos de Paulo no Tocante às Igrejas

  

O capítulo 1 de Colossenses termina com Paulo mencionando a intensidade do empenho com que se dedica ao trabalho de proclamação da fé. Ali ele aponta o alvo geral do seu ministério, ou seja, todo homem. No capítulo 2, o apóstolo continua a falar dos seus esforços. Desta vez, porém, menciona alguns alvos específicos do seu labor: os próprios colossenses, os crentes de Laodiceia e as igrejas que não tinham sido fundadas diretamente por ele, mas sim por algum delegado apostólico, talvez por ele comissionado.

A Epístola aos Colossenses, conforme é sabido (veja-se “Aspectos Introdutórios”), foi escrita enquanto Paulo estava detido em sua prisão domiciliar em Roma (At 28.30; Cl 4.3,10,18). Isso poderia levar alguém a pensar erradamente que aquelas circunstâncias faziam do apóstolo um soldado fora de combate. Ele, no entanto, repudia essa idéia. De fato, de forma veemente afirma que está lutando muito por eles e por outros crentes (2.1).

A palavra que o apóstolo usa para se referir ao seu labor, traduzida na NVI como “luta”, é um termo emprestado do contexto dos jogos gregos. Lembra o empenho dos atletas, numa competição esportiva.[1] Paulo usa essa palavra num sentido figurado para se referir à intensa solicitude com que, entre os mais terríveis obstáculos, se dedica ao trabalho de ensinar a verdade aos homens (1Ts 2.2; Fp 1.29-30; 2Tm 4.7). Assim, mesmo preso ele não devia ser considerado um atleta fora da corrida. A ida à prisão curiosamente não resultara no abandono do estádio. O apóstolo, portanto, quer que saibam que ele ainda está na competição, “suando a camisa” e nos limites do seu fôlego.

Como, porém, estando preso, Paulo participava com tanta dedicação da corrida? Ora, sabe-se que a prisão em que Paulo se encontrava permitia que ele trabalhasse no anúncio da fé (At 28.30-31), ainda que nem todas as portas estivessem abertas para o pleno desempenho do seu serviço como pregador (4.3-4). O v.1, porém, diz que o apóstolo se esforçava inclusive em prol de crentes que estavam longe dele. No tocante a essas pessoas, considerando que o trabalho de Paulo abrangia especialmente tanto a advertência quanto o ensino (1.28), Paulo tinha a possibilidade de lhes ministrar mediante a palavra escrita, o que ele fazia com grande zelo quando estava preso (4.16).[2]

Além disso, o esforço de Paulo em prol dos colossenses, dos laodicenses e de todos os ainda não tinham visto o seu rosto se manifestava também numa obra ininterrupta de oração. Em 2.2 ele fala que se esforçava para que aqueles irmãos fossem fortalecidos no coração, estivessem unidos em amor e alcançassem pleno conhecimento de Cristo. Nos versículos 1.9-11, Paulo diz que orava incessantemente pelos crentes e, ao expor o conteúdo de suas orações, menciona substancialmente aquelas mesmas coisas. Isso significa que a oração era uma das formas como Paulo lutava para produzi-las nos seus leitores. Ademais, o apóstolo deixa claro na própria epístola que orar é também uma luta, ao afirmar que Epafras estava sempre “batalhando” (o mesmo verbo grego usado em 1.29) pelos colossenses em oração (4.12).

Já foi destacado que os alvos específicos dos esforços de Paulo mencionados no v.1 são os colossenses, os laodicenses e todos os que não o conheciam pessoalmente (lit. “todos os que não viram o meu rosto em carne”). Os próprios colossenses estavam incluídos entre os que ainda não tinham tido contato direto com Paulo, sendo certo que quem lhes anunciou o evangelho inicialmente foi Epafras (1.7-8), provavelmente enviado pelo apóstolo que, à época (entre 53 e 56 AD), estava fixado em Éfeso, cerca de 160 quilômetros de distância (At 19.8-10; 20.31).

À forma como Paulo se expressa no v. 1 deixa transparecer que a maioria dos laodicenses também não o conhecia, exceto por ouvir falar. Porém, assim como aos colossenses, Paulo escreveu aos crentes daquela cidade a fim de fortalecê-los também (4.16).[3]

Laodiceia distava de Colossos cerca de dezoito quilômetros a oeste e a heresia proto-gnóstica, sem dúvida, havia chegado igualmente ali, pelo que Paulo se viu forçado a alertar aqueles irmãos. Apesar do cuidado do apóstolo, sabe-se que, cerca de trinta e cinco anos depois de composta a Carta aos Colossenses, João, em Patmos, recebeu do Senhor a ordem de também escrever à igreja de Laodiceia, censurando sua indiferença, seu orgulho e sua falta de comunhão com ele (Ap 3.14-22). Certamente, o contato anterior com falsas doutrinas embrutecera aquela igreja, tornando-a árida, espiritualmente estéril e inútil para os propósitos de Deus.

No fim do v. 1 Paulo não especifica os outros que ainda não tinham visto seu rosto. É possível, contudo, que tivesse em mente os cristãos de Hierápolis, outra cidade vizinha de Colossos (4.13), situada a vinte três quilômetros ao norte. Os crentes de Hierápolis, certamente precisavam de muito amparo e estímulo, uma vez que aquela cidade era famosa como grande centro de cultos pagãos.

Três são os objetivos dos esforços de Paulo em prol daquelas igrejas, conforme se depreende do v. 2. Ele trabalhava para que os crentes tivessem conforto (ou consolo) no coração, fossem unidos através do amor e obtivessem rica e sólida compreensão do mistério de Deus que é Cristo.

A NVI inicia a tradução do v. 2 com as palavras ”Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seu coração”. Trata-se de uma tentativa de transmitir com maior exatidão o verbo usado por Paulo, cujo sentido, se exposto mais amplamente, abrange encorajar, confortar e consolar. Os crentes de Colossos, Laodiceia e Hierápolis precisavam de vigor em seu íntimo para permanecer de pé em meio à oposição da sociedade e os ataques dos falsos mestres. O desânimo, o cansaço e a angústia poderiam torná-los improdutivos e fazer com que deixassem de perseverar. Paulo tomava medidas para que isso não acontecesse (4.7-8. Veja-se tb. Ef 6.21-22 )

Paulo também trabalhava em prol da unidade deles. O verbo usado pelo apóstolo, traduzido como “estejam unidos”, poderia também ser interpretado como “sejam instruídos”.[4] Porém, o mesmo verbo aparece novamente em 2.19, onde o sentido é claramente o de unidade. Assim, o que Paulo suplica a Deus é que, através do amor, seja construído um vínculo perfeito entre os crentes (3.14). Essa unidade era fundamental na luta contra a heresia e no suprimento do encorajamento essencial à carreira cristã.  Daqui se depreende que o crente que se distancia da unidade amorosa fica exposto a abandonar tanto a vida quanto a verdade cristã. É a unidade no amor um dos fatores que o protegem desses desvios.

Finalmente, os esforços de Paulo eram no sentido de que os crentes adquirissem uma compreensão mais firme da verdade teológica relativa a Cristo. Ele diz que se empenhava para que aqueles irmãos tivessem riqueza de convicção, isto é, para que tivessem certeza absoluta, estando plenamente seguros em seu entendimento da verdade. De posse de uma convicção assim inabalável eles teriam condições de adquirir compreensão mais plena do mistério revelado de Deus: Cristo.[5]

O apóstolo sabia que os falsos mestres, ao lançar dúvidas sobre a supremacia do Salvador, ao abalar a certeza dos crentes acerca das verdades do evangelho, poderiam deixá-los numa condição de paralisia mental, impedindo que crescessem na visão da magnitude do Filho de Deus e, conseqüentemente, desencorajando a devoção devida a ele. A dúvida geraria a estagnação do conhecimento e, finalmente, a apatia no serviço.

Por isso, Paulo se esforçava para que houvesse riqueza de convicção no entendimento daqueles irmãos. Ele sabia que a incerteza faria os crentes estacionar na percepção da verdade e, logo em seguida, desanimar na prática da piedade. A observação da igreja moderna, tão carente de convicções, tão rasa e indiferente na tocante à compreensão maior do evangelho e tão longe da real devoção a Cristo, mostra quão real era o perigo vislumbrado pelo apóstolo.

O v.3 diz que em Cristo, o mistério que Deus revelou, “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”. Essas palavras representam um ataque frontal ao pensamento dos mestres da doutrina gnóstica que, ao tempo da composição da epístola, estava em pleno desenvolvimento.

No século 2, quando o gnosticismo tomou forma mais sistemática e complexa, seus proponentes diziam que existiam três classes de homens: os pneumáticos, os psíquicos e os terrenos.[6] Os pneumáticos eram os próprios gnósticos, supostamente portadores do conhecimento perfeito de Deus e dos mistérios espirituais. Estes estavam destinados a uma forma de salvação que incluía sua inserção no “Pleroma”, a essência da divindade, onde viveriam como esposas dos anjos. Os pneumáticos se autodenominavam “perfeitos” e diziam desfrutar da impossibilidade absoluta de se corromper, quaisquer que fossem as obras que praticassem.[7]

Os psíquicos, por sua vez, eram identificados pelos gnósticos como os cristãos comuns que, sendo ignorantes dos mistérios supremos, tinham, contudo, a possibilidade de escolher o bem. Se assim fizessem, repousariam num estado intermediário, porque nenhum psíquico jamais poderia entrar no “Pleroma”. A terceira classe de homens, os terrenos, era composta pelos que mantinham uma ligação completa e irremediável com a matéria, sendo impossível que recebessem qualquer grau de incorruptibilidade. O destino deles seria a completa destruição.

As sementes dessas idéias combatidas pela igreja cristã no século II, certamente já existiam nos dias do apóstolo Paulo. De fato, não há dúvida de que os falsos mestres que atuavam em Colossos no século I afirmavam ser detentores de um conhecimento especial, profundo e privilegiado de Deus[8], colocando-se acima dos cristãos e reduzindo a importância do conhecimento de Cristo e a conseqüente devoção e ele.

Em face disso, o apóstolo afirma que somente em Cristo o homem pode encontrar a sabedoria e o conhecimento de Deus. Estes atributos são de uma riqueza inalcançável (Rm 11.33), mas a pregação apostólica os revela aos crentes ao lhes apresentar Cristo, o recipiente único e completo deles. À parte de Cristo não há nada que se possa acrescentar para que o homem cresça no entendimento das coisas espirituais. Ademais, somente a sabedoria e o conhecimento verdadeiros, cujos tesouros estão “escondidos”, isto é, depositados, em Cristo, podem habilitar o crente a viver do modo digno do Senhor (1.9-10). Qualquer outro tipo de sabedoria e conhecimento ditos espirituais são incapazes de promover a genuína piedade na vida das pessoas (2.23).. 

Vale ressaltar ainda que, ao afirmar que no ser de Cristo estão armazenados todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, Paulo também destaca a divindade do Salvador, pois lhe confere a plenitude de atributos que, nesse grau de infinitude, pertencem somente a Deus (Rm 11.33-36). Nesse aspecto também é possível ver aqui um ataque ao ensino dos falsos mestres que viam em Cristo apenas mais uma das diversas emanações de Deus, no que não se diferenciava dos anjos (2.18).

A razão pela qual Paulo destaca aos colossenses o fato de Cristo ser o verdadeiro receptáculo de toda sabedoria e conhecimento é revelada no v.4: “Eu lhes digo isso para que ninguém os engane com argumentos que só parecem convincentes”. É nítido o foco nos falsos mestres aqui. Para o apóstolo o perigo que eles representavam era real, pois tinham grande habilidade em iludir as pessoas. O verbo traduzido como “enganar”, foi usado pelos escritores do período clássico para se referir ao procedimento de quem apresenta contas erradas com o propósito de trapacear.[9]

A idéia principal, portanto, é de tentar mostrar que algo é válido através de provas que parecem incontestáveis, mas que, na verdade, não passam de um embuste, de uma manipulação desonesta de dados.[10] Na atualidade, vê-se muitos falsos mestres agindo assim, quando apresentam “provas bíblicas” para seus argumentos, compondo um mosaico no qual, usando versículos desconexos, montam qualquer doutrina que lhes seja de interesse.  É precisamente esse tipo de engano, que faz uso deliberado de “cálculos” errados, que maneja hábil e maliciosamente o que é certo de maneira a construir uma idéia falsa; é essa forma de procedimento que confunde as pessoas simples com “provas” que parecem imbatíveis que Paulo tem em mente aqui.

Isso é reforçado pelo que vem a seguir. De fato, Paulo fala de um engano que utiliza “argumentos que só parecem convincentes”. Essa expressão é a tradução de uma só palavra grega, o termo, cujo sentido é “fala persuasiva”. Paulo diz aqui que os falsos mestres pronunciavam discursos nos quais não faltavam argumentos aparentemente fortes, mas que na verdade, conduziam as pessoas ao erro.

O grande opositor do gnosticismo, Irineu de Lião († c. 202), mostra em seus escritos que esse mesmo expediente era usado pelos falsos mestres ainda nos século 2. Sua descrição dessa prática é vívida e criativa:

Lêem coisas que não foram escritas e, como se costuma dizer, trançando cordas com areia, procuram acrescentar às suas palavras, outras dignas de fé, como as parábolas do Senhor, os oráculos dos profetas, ou as palavras dos apóstolos, para que as suas fantasias não se apresentem sem fundamento. Descuidam a ordem e o texto das Escrituras e, enquanto lhes é possível, dissolvem os membros da verdade. Transferem, transformam e, fazendo de uma coisa outra, seduzem a muitos com as palavras do Senhor atribuídas indevidamente a fantasias inventadas. É como se a um autêntico retrato do rei, realizado cuidadosamente em rico mosaico por hábil artista, alguém desmanchasse a figura de homem e fizesse com as pedras deslocadas e mal dispostas a figura de cão ou de raposa e depois dissesse e confirmasse que aquela era a autêntica imagem do rei feita pelo hábil artista. Mostrando aquelas mesmas pedras que, bem dispostas pelo primeiro artista, apresentavam a imagem do rei e, mal dispostas pelo segundo artista, transformavam-na em figura de cão, pelo brilho das pedras enganam os simples que não conhecem o aspecto do rei e os convencem que a ridícula imagem da raposa é o autêntico retrato do rei. Assim, costurando fábulas de velhinhas e tomando daqui e dali palavras, sentenças e parábolas, procuram adaptar as palavras de Deus às suas fábulas.[11]

Conforme se vê, os mesmos ardis de que faziam uso os mestres do proto-gnosticismo dos dias de Paulo, ainda eram usados cerca de cem anos mais tarde pelos proponentes desse mesmo sistema de mentiras. O fato é que tais homens perceberam facilmente que a estratégia de mesclar a verdade com o erro se constitui num dos mais eficazes meios de desviar os homens da Sã Doutrina dada por Deus aos santos apóstolos (1Tm 6.20-21).[12]

Paulo alerta os colossenses sobre as estratégias de engano dos hereges porque se sentia unido àqueles crentes, tendo a mente ocupada com tudo o que dizia respeito ao bem estar deles. É isso o que se depreende do v. 5. O apóstolo diz aqui que estava “fisicamente longe”. De fato, encontrava-se preso em Roma, enquanto seus destinatários estavam na antiga Frigia, numa cidade situada na região meridional da atual Turquia, ou seja, há uma distância de quase mil e quinhentos quilômetros em linha reta da capital do Império.

Mesmo tão longe, porém, Paulo afirma estar presente “em espírito”. Isso significa que em sua alma ele se via tão ligado aos colossenses que era capaz de se incomodar com os perigos que os ameaçavam, bem como se alegrar com o bom exemplo que estavam dando.[13] A expressão “em espírito” é usada por Paulo também em 1Coríntios 5.3, onde ele trata de um caso de excomunhão na igreja de Corinto. Ali, o apóstolo mostra que, mesmo estando fisicamente longe, sua participação no ato de disciplina era ativa e decisiva (1Co 5.4), o que sugere que, ao falar de sua presença “em espírito”, Paulo pode ter em mente também seus deveres e sua autoridade que alcançam as igrejas mesmo quando ele não se encontra junto delas em corpo.

Estando assim ligado aos crentes de Colossos, o apóstolo era capaz de se alegrar ao verificar que eles estavam “vivendo em ordem”, ou seja, estavam observando uma conduta regrada e disciplinada na igreja, longe de anarquia, confusão e bagunça (1Co 14.23,40). Além disso, Paulo também estava contente com a firmeza na fé que aqueles crentes estavam demonstrando, mesmo sob o ataque dos falsos mestres.[14] Ao que se vê, havia naqueles cristãos notável solidez doutrinária, de modo que a heresia, mesmo estando a rodear os crentes ou mesmo influenciando talvez um ou outro círculo (2.20-22), não tinha conseguido conquistar a igreja, dado o apego dos irmãos ao ensino que aprenderam do apóstolo.

É bom destacar que a parte final do v. 5 consubstancia o que há de mais desejável numa igreja cristã: ordem no funcionamento e firmeza na Sã Doutrina. A ausência de qualquer desses elementos favorece a propagação do erro e facilita a infiltração do inimigo no arraial do povo de Deus.  

Pr. Marcos Granconato    



[1] Veja-se o uso dessa figura em Hebreus 12.1, onde o autor exorta os crentes a participar da “corrida” cristã com “perseverança”.

[2] Obviamente, a própria Carta aos Colossenses é evidência disso. Como visto anteriormente (Veja-se “Aspectos Introdutórios”) Efésios, Filipenses e Filemom também foram escritas quando o apóstolo estava detido em sua primeira prisão em Roma. É por isso que essas cartas recebem a designação de “Epístolas da Prisão”. 

[3] Alguns críticos acreditam que essa carta de Paulo aos crentes de Laodiceia é a mesma que hoje conhecemos como Epístola aos Efésios.

[4] Essa é a opção de São Jerônimo, constante da Vulgata. Veja-se esse uso do verbo em Atos 9.22 e 1Coríntios 2.16.

[5] Veja-se a explicação do termo “mistério” no comentário a 1.26-28.

[6] Para uma análise mais detalhada, veja-se IRINEU DE LIÃO. Contra as heresias. Livro 1 (Caps. 6-8). São Paulo: Paulus, 1995. p. 47-52.

[7] Na obra citada na nota anterior, Irineu, famoso bispo de Lião no século II, assim se referiu ao grupo denominado pneumáticos: “Como o ouro lançado na lama não perde o brilho e conserva a sua natureza sem que a lama o prejudique em nada, assim, dizem eles, podem estar misturados com qualquer obra hílica [i.e., corruptível] que não sofrerão dano nenhum, nem perderão sua substância pneumática”. (IRINEU DE LIÃO. Contra as heresias. Livro 1 [6:2]. São Paulo: Paulus, 1995. p. 48.).

[8] Basicamente, a “sabedoria e o conhecimento” dos gnósticos abrangiam doutrinas ligadas à origem do mundo, à natureza do homem e das coisas (especialmente da matéria em contraposição ao que é espiritual), à forma de se dissociar do mal e se aproximar de Deus e ao destino final do ser humano e do universo. O ensino apostólico mostra a verdade sobre cada um desses temas, interpretando-os à luz da Pessoa e obra de Cristo (1.15-22). É por isso que Paulo diz que “nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”.

[9] O grego clássico ou arcaico foi o usado entre os séculos VIII e IV a.C.

[10] Tiago mostra que é possível alguém agir assim consigo mesmo (Tg 1.22).

[11] IRINEU DE LIÃO. Contra as heresias. Livro 1, 8:1. São Paulo, Paulus: 1995. p. 52-53.

[12] Outro método de enganar associado a esse era o uso da bajulação (Rm 16.18).

[13] É possível haver aqui também a sugestão remota de um sentimento de afeto cheio de saudade (1Ts 2.17).

[14] As informações sobre a situação da igreja colossense foram certamente transmitidas a Paulo por Epafras (Veja-se 1.7-8).

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