Só Mais uma Mão de Cartas
Olhando para as tristes histórias de homens que se acabaram na esperança de encontrarem a “sorte” e ficarem ricos, a igreja, tradicionalmente, se posiciona contra a prática de jogos que envolvem apostas financeiras, os famosos “jogos de azar”. Entretanto, muita gente protesta contra tal posição, dizendo se tratar apenas de tradicionalismo eclesiástico baseado no fato de que não há nenhum versículo na Bíblia que trate a questão do jogo e das apostas. Para aclarar a questão, seguem sete fatores ligados ao jogo e os princípios que as Escrituras ensinam:
1) A busca de lucros com o jogo é motivada pela cobiça e pela insatisfação com o que o Senhor tem dado. A Bíblia ensina que o amor ao dinheiro é uma porta de entrada para problemas de todos os tipos (1Tm 6.10) e que o contentamento com o que Deus tem dado como suprimento deve ser uma característica da vida do seus servos (1Tm 6.6-10). Ter riquezas não é errado, mas a luta desmedida e atropelada pelo enriquecimento traz sérias consequências (Pv 28.20).
2) O jogo é impulsionado pelo desejo de controlar as circunstâncias pelas riquezas. Apesar de ser sábio economizar para manter reservas financeiras que sirvam em tempos de crise, as Escrituras ensinam o crente a confiar em Deus e não nas riquezas (Sl 37.3-7). Essa confiança faz parte do crescimento cristão e do louvor ao Deus soberano.
3) Revela-se, pela prática do jogo, o apego excessivo aos bens desse mundo. Esse problema foi parcialmente tratado no primeiro ponto. Porém, ele acarreta outros danos como o apego aos bens terrenos em detrimento dos bens que permanecem para sempre (Mt 6.19-21). Colocar o coração no tesouro errado faz com que tudo na vida sofra inversão de valores e desvio de conduta.
4) Há também o desejo de se viver sem trabalhar. É certo que o cansaço excessivo no trabalho é uma maldição advinda da queda do homem (Gn 3.17-19). Contudo, o trabalho em si é algo bom e encarecido pela Bíblia (Pv 14.23), por meio do que Deus faz com que o homem levante seu sustento e socorra os necessitados. (Ef 4.28; 2Ts 3.10, Sl 128.2; Pv 6.9-11; 10.4; 12.11). Além do mais, a ociosidade é o campo propício para que pecados tenham oportunidade de dominar os servos de Deus (Ex.: 2Sm 11.1-5).
5) Trata-se de uma demonstração de falta de sabedoria e irresponsabilidade. Esses atributos faltos de qualidade surgem quando o jogador arrisca os bens pessoais e familiares contra chances ínfimas de ganhar. Assim, em lugar de “firmar sua casa”, o homem tolo perde o que tem na esperança de ganhar o que as probabilidades matemáticas indicam ser bastante improvável (Pv 24.3).
6) Nessa prática há um risco muito real de o jogador ser dominado pelo vício. Não são poucas as pessoas que começam a jogar por “diversão” e acabam se tornando tão ligadas ao jogo que não conseguem se afastar mais dele. Para o cristão, não é conveniente nem apropriado ser dominado por nenhum vício, principalmente por um que cause danos (1Co 6.12).
7) Finalmente, há um desejo egoísta de se obter lucro com o empobrecimento insensato dos outros. Se, por um lado, é tolice perder seus recursos em apostas cujo lucro é improvável, o desejo de ganhar o dinheiro de tolos também não é nada louvável. Em lugar disso, o amor cristão deve levar-nos à busca do bem alheio e não ao espólio dos insensatos (Rm 13.8-10).
Por isso, ainda que a Bíblia não tenha um texto que fale especificamente sobre jogos de azar, ela trata claramente os princípios que rodeiam sua prática de modo a apontar a vida do cristão para outro rumo. Portanto, abandone essa prática, não por razão de tradição eclesiástica, mas pelo desejo de se parecer cada dia mais com Cristo e menos com o mundo. Em lugar de confiar na “sorte”, confie em Deus. E faça isso logo! A próxima mão pode ser tarde demais!
Pr. Thomas Tronco