O Refúgio na Tormenta
Olhando para essa realidade, lembramo-nos que, mesmo vivendo em um país em que raramente se veem furacões como esse, há, para nós que cremos em Cristo, um refúgio. Porém, esse refúgio não é um local, mas uma pessoa: o próprio Deus! Assim Davi o considerava: “O Senhor é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em quem me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Sl 18.2). A figura de um abrigo diante de perigos não era sem razão. Davi e outros salmistas atravessaram crises em que se sentiram acuados e sozinhos. Entretanto, sentiram a presença de Deus e perceberam que ela lhes conferia um verdadeiro refúgio: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Sl 46.1). Usando a figura de uma fortaleza, Davi comparou a proteção do Senhor como um “alto refúgio”, que tanto pode ser a cidadela da cidade murada — uma fortificação dentro da fortificação —, ou um local cuja proteção é natural, como um rochedo no alto de uma montanha: “O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação” (Sl 9.9). Quando os homens maus rejeitavam os valores de Deus e agiam como perseguidores e zombadores do bem, é para Deus, como refúgio seguro, que o rei de Israel corria: “Meteis a ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o seu refúgio” (Sl 14.6).
Sendo assim, essa metáfora da proteção cuidadosa de Deus preenche o livro de Salmos mostrando aos leitores as aplicações da imagem de Deus como refúgio do seu povo. A primeira delas é a oração confiante: “Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio” (Sl 62.8). Quando Davi diz “derramai perante ele o vosso coração”, ele associa essa ação a uma situação difícil na qual O Senhor precisa ser um refúgio para os seus, traduzindo, com isso, a busca por ele em oração. Contudo, essa ação não deve agir como mero paliativo, nem como efeito placebo, mas como fonte de confiança e esperança: “Em ti, força minha, esperarei; pois Deus é meu alto refúgio” (Sl 59.9).
A segunda aplicação da figura de Deus como refúgio é a dependência centralizada no Senhor: “Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem. Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar em príncipes (Sl 118.8,9). Frequentemente somos tentados a garantir o bem-estar pessoal por nossos meios. Nesse sentido, as alianças humanas nos parecem ferramentas bem vantajosas, até que venha a decepção por causa da falha e falta dos homens. Por isso, o servo de Deus aprende a centralizar sua dependência e confiança no único que não falha e que age para o nosso bem, mesmo quando não entendemos os detalhes do seu plano.
A terceira aplicação é a busca pela Palavra de Deus: “Tu és o meu refúgio e o meu escudo; na tua palavra, eu espero” (Sl 119.114). As promessas de Deus e os traços do seu caráter registrados nas Escrituras são as bases da nossa confiança e a razão de buscarmos refúgio no Senhor. O fato é que nossa busca por proteção divina não é uma confiança cega e iludida, mas fé nas palavras de Deus.
A quarta aplicação é a proclamação dos feitos divinos: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos” (Sl 73.28). Não é possível ser alvo da bondade protetora e fortalecedora de Deus e não anunciar aos homens quem Deus é e o que ele fez por nós. Pelo menos não deveria ser assim. O conhecimento da Palavra e o testemunho das ações divinas devem ser expostos a todos.
A última aplicação é a adoração grata: “Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia; pois tu me tens sido alto refúgio e proteção no dia da minha angústia. A ti, força minha, cantarei louvores, porque Deus é meu alto refúgio, é o Deus da minha misericórdia” (Sl 59.16,17). Deus deve ser louvado simplesmente por ser Deus. Contudo, deve ser louvado mais ainda por ser Deus e nosso protetor e provedor pessoal.
Você está passando por uma tormenta? Um furacão se aproxima? O vendaval da tribulação está fazendo tudo tremer? Corra depressa, pela fé em Cristo, ao verdadeiro e único refúgio!
Pr. Thomas Tronco